Reversão da laqueadura: para quem é indicada e como é feita

Um procedimento cirúrgico pelo qual as tubas uterinas são interrompidas ou retiradas, a laqueadura tubária, também chamada ligadura de tubas uterinas, tornou-se um método contraceptivo bastante comum em alguns países, entre eles o Brasil. No entanto, em boa parte dos casos, não há devida orientação sobre os benefícios ou danos provocados pelo método, que, de acordo com a técnica utilizada pelo cirurgião, pode ser irreversível.

Entre os fatores que contribuíram para o alto índice de laqueadura em território nacional está o número elevado de cesarianas realizado no país. Muitas mulheres optam pela cirurgia sem necessidade, motivadas apenas pela intenção de fazer a ligadura após o parto. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), dados de 2015 apontam que o Brasil é o país com o maior número de cesáreas no mundo, cerca de 8,5%. A orientação da OMS é de que a cada 10 partos realizados, apenas 1,5% não devem ser naturais.

Pesquisas indicam um percentual expressivo de mulheres que revelaram ter se arrependido pela escolha após a cirurgia de laqueadura e buscam a reversão do procedimento. Uma das principais razões apresentadas para isso é o desejo de ter outro filho – 62,7% –, motivo pelo qual o arrependimento é maior entre as mulheres mais jovens, principalmente com idade abaixo de 25 anos.

Quer saber mais sobre esse procedimento para recuperar a fertilidade? Leia o texto que preparei sobre o assunto!

Como é realizada a laqueadura e quais as técnicas para revertê-la?

Segundo a literatura médica, existem várias formas de executar a laqueadura, tais como: colocar anéis de plástico nas trompas, cauterizá-las, cortá-las, realizando o ligamento com fio de sutura, ou obstruindo-as utilizando clipes de titânio. O objetivo é impedir o encontro do óvulo com o espermatozoide para evitar a gravidez.

Por outro lado, a reversão cirúrgica depende de diversos fatores, que vão desde o procedimento cirúrgico utilizado na laqueadura, ao tempo decorrido dela, danos causados nas tubas e a idade da mulher.

Durante uma reversão da laqueadura, os segmentos bloqueados das trompas uterinas são reconectados. A reconstituição desses canais permite que os espermatozoides voltem a alcançar o óvulo para fecundá-lo e que a função de transporte e nutrição do embrião seja restabelecida.

A cirurgia é realizada por anastomose tubária microcirúrgica, via laparotomia ou laparoscopia, e é minimamente invasiva. No procedimento, a região da laqueadura é extraída e é feita uma microssutura para religar os canais.

Mesmo que a possibilidade de reversibilidade varie de acordo com diferentes fatores, quanto mais cedo a mulher esterilizada procurar pela reversão, maior é a probabilidade de ela vir a engravidar no futuro, ou seja, quanto menor o tempo de esterilidade, maiores são as chances de uma gestação.

Para quem a reversão de laqueadura é indicada?

Veja os princípios fundamentais para garantir um percentual de sucesso na reversão da laqueadura:

• Tipo de procedimento utilizado para realizar a laqueadura: procedimentos de ligadura tubária que causam menos danos são os mais prováveis ​​de permitir uma reversão bem-sucedida. Exemplos incluem esterilização com clipes tubários ou anéis. Já os que causam cicatrizes para selar as tubas uterinas, por outro lado, geralmente não são reversíveis.
• Idade da mulher no momento que ela procura ajuda especializada para fazer a reversão da laqueadura: de um modo geral, a possibilidade de obter sucesso é maior em mulheres com até 35 anos. Mulheres acima de 40 anos devem consultar um especialista para saber quais as chances de uma gravidez, antes de optarem pela reversão da laqueadura.

Qual é a taxa de sucesso para reversão da laqueadura?

As taxas de sucesso para a reversão da laqueadura podem variar de 20% a 70%. Normalmente, entre 50% e 80% das mulheres têm gravidez bem-sucedida, percentual também relacionado à idade da paciente:

• Menos de 36 anos: 70% a 80%;
• De 36 a 39 anos: 60% a 70%;
• De 40 a 43 anos: 30% a 40%.

No entanto, nem todas as mulheres são candidatas à reversão da laqueadura. Em alguns casos, técnicas de reprodução assistida (TRA), como a fertilização in vitro (FIV), são mais indicadas para aumentar as chances da gravidez.

Antes de sugerir o melhor tratamento, um especialista em reprodução assistida deverá considerar fatores como idade, quantidade de filhos que se pretende ter, problemas de fertilidade, tais como alterações no ciclo menstrual e contagem de espermatozoides, além do tempo decorrido da realização da laqueadura.

Por outro lado, como em qualquer cirurgia, a reversão da laqueadura também pode levar a complicações, entre elas está o maior risco de gravidez ectópica – quando um óvulo fertilizado se implanta fora do útero, geralmente nas tubas uterinas –, responsável por até 2% do processo gestacional. Porém, em mulheres que tiveram uma reversão da laqueadura, o percentual aumenta, variando entre 3% e 8%.

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