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Qual a relação entre trombofilia e infertilidade?

por Dr. Augusto Bussab



"A trombofilia é uma condição genética ou adquirida, que causa alteração na capacidade de coagulação sanguínea."
Qual a relação entre trombofilia e infertilidade?

A trombofilia é uma condição genética ou adquirida que causa alteração na capacidade de coagulação sanguínea. Atualmente, é um dos principais fatores de infertilidade feminina.

Na gravidez, a trombofilia provoca menor circulação de sangue nos vasos sanguíneos uterinos e da placenta, o que pode levar a abortos de repetição e óbitos fetais.

Além disso, o tromboembolismo venoso, termo empregado para designar a combinação de duas doenças – trombose venosa profunda (TVP) e embolia pulmonar (EP) –, é apontado como a principal causa de mortalidade e morbidade materna durante o período gestacional, principalmente em países desenvolvidos.

Por isso, mulheres com histórico da doença precisam de cuidados especiais durante a gravidez.

Neste texto, vou mostrar como a trombofilia pode interferir na fertilidade feminina.

O que é trombofilia e qual a gravidade da doença?

Geralmente, a formação de coágulos, chamados trombos, é um processo normal do organismo para evitar a perda de sangue por vasos sanguíneos rompidos ou lesionados (hemorragia).

No entanto, quando eles se formam no interior dos vasos ou das artérias, podem causar uma obstrução, impedindo a passagem do sangue.

Nas portadoras de trombofilia, há uma predisposição para que isso aconteça.

Provocada por diferentes fatores, hereditários ou adquiridos, a trombofilia também é conhecida como hipercoagulação.

É adquirida em decorrência de outras condições, incluindo câncer, obesidade, pressão e colesterol altos, imobilidade, pelo uso de medicamentos – terapêutica de reposição hormonal, anticoncepcionais orais e anticoagulantes –, hábitos como tabagismo ou mesmo o avanço da idade.

Já a hereditária normalmente se manifesta a partir de alterações ligadas aos inibidores fisiológicos da coagulação ou de mutações de fatores de coagulação.

Em ambos os casos, há um desequilíbrio do sistema de coagulação e, consequentemente, maior possibilidade de trombose.

Mesmo que a maioria das pacientes com trombofilia seja assintomática, a formação de coágulos pode provocar trombose.

Embora não seja uma doença grave, se for diagnosticada e tratada adequadamente, o maior risco da trombose é de que o coágulo sanguíneo se desprenda e desloque para os pulmões, levando à embolia pulmonar:

Os principais sintomas que alertam para a necessidade de procurar urgentemente auxílio médico são:

  • Trombose venosa profunda: ocorre mais comumente nas pernas, que tendem a inchar e ficar vermelhas e quentes;
  • Embolia pulmonar: falta de ar intensa e dificuldade para respirar, tosse geralmente seca e desmaios;
  • Acidente Vascular Cerebral (AVC): perda súbita de movimentos, da fala ou da visão;
  • Trombose da placenta ou cordão umbilical: abortos de repetição, parto prematuro e complicações na gravidez, como eclampsia.

Como a trombofilia pode prejudicar a fertilidade e dificultar a gravidez?

Durante a gravidez naturalmente aumentam as concentrações da maioria dos fatores coagulantes e diminuem as de alguns anticoagulantes.

Por isso, há maior risco para trombofilia, o que pode afetar a vasculatura placentária, resultando em várias complicações.

Com consequências potencialmente graves ou mesmo letais para a mãe e para o feto, tais como eclampsia, descolamento prematuro da placenta, retardo de crescimento intrauterino, aborto espontâneo e natimorto, a prevalência dos fatores trombofílicos em mulheres com infertilidade tem sido relatada por diferentes pesquisas, que apontam pelo menos um fator de risco presente em aproximadamente 70% dos casos.

A maioria das complicações é causada por trombofilia genética: aproximadamente 65%. Cerca de 22% dos casos registram perda fetal.

Nas pacientes inférteis submetidas a tratamentos de reprodução assistida, a formação de trombos na vasculatura placentária também pode provocar abortamento pré-clínico.

Os desfechos adversos da gravidez provocados pela trombofilia incluem:

Efeitos maternos

  • Tromboembolismo venoso, incluindo trombose venosa profunda, embolia pulmonar e trombose venosa cerebral;
  • Trombose arterial (periférica, cerebral);
  • Pré-eclampsia grave.

Anormalidades placentárias e fetais

  • Trombose e infartos;
  • Descolamento da placenta;
  • Abortos de repetição;
  • Restrição do crescimento fetal;
  • Morte;
  • Acidente vascular encefálico.

Como diagnosticar a trombofilia?

Para diagnosticar a trombofilia são feitos dois tipos de exames: laboratorial e análise genética.

No exame laboratorial são investigadas as vias anticoagulantes plasmáticas para detectar deficiências de antitrombina, proteínas e anticorpos.

A análise genética, por outro lado, é necessária para verificar a mutação do gene da protrombina (proteína plasmática inativa, precursora da trombina e essencial para a coagulação sanguínea).

O diagnóstico determina se há condições congênitas ou adquiridas associadas a um risco aumentado de trombose venosa e, mais raramente, arterial.

Pode contribuir para a prevenção de novas ocorrências, além de beneficiar familiares de primeiro grau, alertando-os para a necessidade de medidas preventivas em situações de risco, inclusive a gravidez.

Qual o tratamento para trombofilia?

O tratamento para trombofilia é indicado principalmente para reduzir a chance de formação de coágulos ou em pacientes que apresentam esse risco:

Baixas doses de aspirina

A aspirina em baixas doses inibe a ação das plaquetas, portanto pode ajudar a prevenir coágulos sanguíneos, mesmo no período gestacional.

Tratamento com anticoagulantes

A medicação anticoagulante é comumente usada para tratar uma trombose venosa ou uma embolia pulmonar.

Pode reduzir muito as chances de formação de coágulos sanguíneos. Os medicamentos são administrados por via oral ou por injeção, de acordo com o caso. São indicados quando:

  • Há alto risco de desenvolvimento de coágulos;
  • Para evitar coágulos em quem já teve o problema;
  • Como profilaxia durante a gravidez e especialmente para mulheres que tenham histórico pessoal ou familiar de tromboembolismo venoso, também no puerpério (pós-gravidez).

Em mulheres com confirmação genética da doença, o tratamento deve iniciar antes da gravidez e continuar até o puerpério.

É importante que todo o processo seja acompanhado por um especialista. O crescimento do feto também deverá ser monitorado periodicamente.

O risco de tromboembolismo venoso durante a gravidez e pós-parto para mulheres que têm deficiência de antitrombina e histórico de trombose é de aproximadamente 40%.

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