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Qual a relação entre hipotireoidismo e reprodução assistida?

por Dr. Augusto Bussab



"O hipotireoidismo é uma condição da tireoide que provoca a interrupção ou diminuição da produção de hormônios. Embora possa ocorrer em qualquer idade, é mais comum em mulheres acima de 40 anos e pode inclusive prejudicar os resultados da FIV (fertilização in vitro). Por ser […]"
Qual a relação entre hipotireoidismo e reprodução assistida?

O hipotireoidismo é uma condição da tireoide que provoca a interrupção ou diminuição da produção de hormônios. Embora possa ocorrer em qualquer idade, é mais comum em mulheres acima de 40 anos e pode inclusive prejudicar os resultados da FIV (fertilização in vitro).

Por ser assintomático nos estágios iniciais, o que dificulta o diagnóstico, a demora para iniciar o tratamento pode implicar diferentes problemas de saúde, entre eles a infertilidade.

Conheça mais sobre o hipotireoidismo neste texto e saiba como a condição pode interferir nos tratamentos de reprodução assistida e na gestação natural.

O que é hipotireoidismo?

A tireoide é uma glândula localizada no pescoço, abaixo da laringe. Ela produz hormônios importantes para controlar o metabolismo das células e para o equilíbrio de funções vitais, como a frequência cardíaca e a temperatura corporal.

Quando há diminuição na produção de hormônios pela tireoide ocorre um desequilíbrio nas reações fisiológicas do organismo, provocando diferentes complicações. Diversas condições podem causar a interrupção ou diminuição dos hormônios produzidos pela glândula, resultando em hipotireoidismo.

A causa mais comum de hipotireoidismo é a tireoidite de Hashimoto, doença autoimune em que anticorpos afetam a capacidade de a glândula produzir hormônios. Porém, também pode ser provocado pelo uso de certos medicamentos, tratamentos para neoplasias de cabeça e pescoço, resposta ao tratamento para hipertireoidismo, condição em que, ao contrário, há aumento na produção dos hormônios, distúrbios na hipófise, glândula endócrina que produz o hormônio e que estimula a ação da tireoide (TSH).

Por outro lado, o hipotireoidismo é facilmente diagnosticado. Na maioria dos casos, o tratamento é bastante simples, realizado com o hormônio tireoidiano sintético, que estimula a normalização da produção.

O tratamento, entretanto, é diário e por toda a vida, com dosagens ajustadas de acordo com a variação dos níveis. Ou seja, apesar de ser de uso contínuo e vitalício, a dosagem tende a diminuir à medida que os níveis equilibram.

Tratamentos de reprodução assistida e fertilização in vitro

 

As três técnicas de reprodução assistida são a relação sexual programada (RSP), inseminação intrauterina (IIU) e a fertilização in vitro (FIV). Nas duas primeiras, a fertilização ocorre como em um processo natural, no útero, por isso são consideradas de baixa complexidade.

A FIV, por outro lado, é um procedimento de maior complexidade, pois a fertilização ocorre em laboratório, portanto possibilita o acompanhamento criterioso do processo de fecundação, além da saúde dos embriões formados.

O tratamento é realizado em etapas. Inicia com a estimulação ovariana, com o propósito de obter uma quantidade maior de óvulos para a fecundação. O crescimento dos folículos é acompanhado por ultrassonografia. No momento que eles atingem o tamanho ideal, é feita a indução da ovulação e posteriormente a coleta de óvulos.

Simultaneamente, os espermatozoides são coletados e selecionados os mais saudáveis por técnicas de preparação seminal. Os gametas, óvulos e espermatozoides, são então fecundados em laboratório a partir de dois métodos: FIV clássica e ICSI.

Na FIV clássica, pouco indicada atualmente, óvulos e espermatozoides são colocados juntos em uma paca de cultura para que a fecundação aconteça.

Já a FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides) envolve a micromanipulação dos gametas. Os espermatozoides são avaliados individualmente com a utilização de um microscópio. Acoplado a ele, um micromanipulador de gametas, aparelho de alta precisão, possibilita que cada um seja injetado no óvulo, aumentando ainda mais as chances de fecundação.

A FIV com ICSI é atualmente o procedimento mais utilizado. Além de revolucionar os tratamentos de infertilidade masculina por fatores graves, possibilita o de mulheres inférteis em idade mais avançada, entre elas as portadoras de hipotireoidismo, principalmente de duração prolongada, em que as chances de engravidar ou mesmo manter a gravidez são ainda menores.

Entenda como o hipotireoidismo afeta a fertilidade

Os hormônios tireoidianos são fundamentais para o processo de ovulação, desde a produção ao desenvolvimento do óvulo fecundado. Alterações nos níveis ou a interrupção causada pelo hipotireoidismo, além de afetarem a ovulação, inibindo o processo de fecundação, também interferem na implantação do embrião, não apenas na gestação natural, mas também nos procedimentos de reprodução assistida.

Outro efeito do hipotireoidismo é uma condição conhecida como defeito da fase lútea, última fase do ciclo menstrual e fundamental para que o endométrio seja preparado e receba o embrião. Qualquer interferência no funcionamento da fase lútea compromete a receptividade endometrial, um dos parâmetros de saúde reprodutiva para que a implantação seja bem-sucedida.

A reação do sistema imunológico, comum à tireoidite de Hashimoto, principal causa de hipotireoidismo, pode ainda provocar o desenvolvimento da condição durante ou após a gravidez, aumentando, nesse caso, quando não é adequadamente tratada, o risco de aborto espontâneo, parto prematuro e pré-eclâmpsia, ao mesmo tempo que afeta o desenvolvimento fetal.

O hipotireoidismo subclínico, um tipo de distúrbio mais leve que ocorre quando há uma discreta diminuição dos hormônios tireoidianos, porém com concentrações dentro da faixa de normalidade, também provoca abortos espontâneos repetidos.

No entanto, além da infertilidade sinalizada pela dificuldade em engravidar e por abortos espontâneos repetidos, outros sintomas indicam hipotireoidismo e a necessidade de buscar auxílio médico. Os mais comuns são irregularidades menstruais, características de problemas de ovulação, como ciclos mais longos ou curtos, com maior ou menor intensidade de fluxo ou ausência total.

Outros exemplos incluem aumento de peso, glândula tireoide aumentada (bócio), fadiga, constipação, queda de cabelo, fraqueza muscular, rosto inchado e rouquidão, diminuição do ritmo cardíaco, dor e inchaço nas articulações, depressão, falha de memória e maior sensibilidade ao frio.

Riscos do hipotireoidismo para a falha de FIV

Da mesma forma que na gestação natural, na FIV a baixa produção causada pelo hipotireoidismo também interfere na implantação do embrião. Por isso, a conduta atual prevê a realização do teste que avalia os níveis dos hormônios tireoidianos e TSH, que estimula a produção deles, antes de o tratamento iniciar.

Com os níveis equilibrados e o controle do hipotireoidismo, as taxas de gravidez em pacientes com o distúrbio são semelhantes à de mulheres que não portadoras que realizam o tratamento, inclusive nos casos de hipotireoidismo subclínico, e maiores quando comparadas com mulheres que não controlaram os níveis.

Compartilhe esse texto nas redes sociais. Quanto mais pessoas souberem sobre os efeitos que hipotireoidismo causa na fertilidade, maiores são as chances de ele ser precocemente tratado.

 


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