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Ovorecepção: o que é

por Dr. Augusto Bussab



"Embora a infertilidade feminina possa se apresentar em diversos graus de gravidade, demandando tratamentos primários de distintas complexidades, os casos mais severos costumam receber indicação para reprodução assistida, especialmente quando há necessidade de doação de óvulos. O tratamento em que a mulher se prepara para […]"
Ovorecepção: o que é

Embora a infertilidade feminina possa se apresentar em diversos graus de gravidade, demandando tratamentos primários de distintas complexidades, os casos mais severos costumam receber indicação para reprodução assistida, especialmente quando há necessidade de doação de óvulos.

O tratamento em que a mulher se prepara para uma gestação com gametas femininos obtidos por doação é chamado ovorecepção e somente pode ser feito com as técnicas envolvidas na FIV (fertilização in vitro).

Além dos casos de infertilidade feminina grave, a ovorecepção é recomendada também às mulheres cuja reserva ovariana mostra-se relevantemente diminuída, como aquelas que estão próximas à menopausa e desejam engravidar.

Mesmo sendo considerada uma prática relativamente comum atualmente, ainda existem muitas dúvidas sobre a ovorecepção e a ovodoação, inclusive sobre o grau de semelhança genética que o bebê guarda da doadora dos gametas.

Nesse sentido, este texto tem como objetivo apresentar a ovorecepção, mostrando dados importantes sobre a técnica e os detalhes epigenéticos que influenciam a herança genética do futuro bebê.

Ovodoação e ovorecepção: entenda melhor

A doação de gametas tornou-se uma realidade possível principalmente com o aperfeiçoamento das técnicas de criopreservação, ou preservação de material biológico em baixíssimas temperaturas, que permite o armazenamento de sêmen e também de óvulos, os gametas femininos.

O órgão que regula a doação de gametas no Brasil, bem como toda a atividade em reprodução assistida, é o Conselho Federal de Medicina (CFM), que desde 2017 permite tanto a doação voluntária de óvulos, como a modalidade compartilhada.

Nesse sentido, a doação de óvulos é considerada também uma saída também para os óvulos excedentes nos tratamentos com a FIV, já que a técnica utiliza protocolos mais robustos para a estimulação ovariana e normalmente obtém mais do que os utilizados na fertilização.

Enquanto a mulher que doa os óvulos é chamada ovodoadora, a que os recebe chamamos ovoreceptora. Em geral, esse é um processo totalmente anônimo, que mantém as identidades de ambas as mulheres em sigilo. Porém, a resolução atual do CFM passou a permitir também a doação por parentes de até quarto grau dos pacientes em tratamento se não houver consanguinidade.

A FIV com ovorecepção é uma forma bastante bem-sucedida de mulheres diagnosticadas com infertilidade severa e baixa reserva ovariana alcançarem a tão sonhada gestação.

Quem pode se candidatar?

Segundo o CFM, as mulheres que desejam doar seus óvulos podem fazer isso de forma voluntária ou compartilhada. Nas duas modalidades, os dados médicos da mulher, como tipo sanguíneo, histórico médico e especificidades fisiológicas, além de dados diversos, como aparência física e comportamento, devem ser obtidos, já que essas informações são essenciais para a ovorecepção.

A ovodoação pode ser feita até os 35 anos, uma vez que após essa idade a mulher pode apresentar uma redução sensível da reserva ovariana e, consequentemente, da sua fertilidade. A idade também influencia a estabilidade genética dos gametas, que após os 35-37 anos têm mais chance de formar embriões com doenças genéticas.

A questão da idade é menos limitante quando se trata da ovorecepção, já que a reserva ovariana é realmente o fator mais relevante – e irreversível – da fertilidade da mulher. Nesse caso, o CFM determina como 50 anos a idade máxima que uma mulher pode ter para receber embriões obtidos com a fecundação de óvulos doados.

Como é feita a ovorecepção?

A ovorecepção necessita da doação de óvulos, então vamos começar olhando com mais profundidade para como ela é feita.

Para obter um número considerável de folículos ovarianos, estruturas multicelulares que envolvem individualmente os óvulos, a mulher passa pela estimulação ovariana. Essa etapa é monitorada por ultrassonografia pélvica transvaginal, que indica o auge do desenvolvimento e amadurecimento folicular, quando a coleta pode ser feita.

A coleta de gametas femininos é realizada por aspiração folicular e, em seguida, as células obtidas podem ser utilizadas para fecundação, nos casos de ovodoação compartilhada, e submetidas à criopreservação por vitrificação, nos casos de doação voluntária.

Embora a identidade da doadora seja sempre mantida em sigilo, são suas características físicas e fisiológicas que determinam o casal ou a mulher que poderá receber seus óvulos: essa semelhança diminui a distância entre os aspectos genéticos do bebê e da ovoreceptora.

A FIV com ovorecepção tem início com o monitoramento do preparo endometrial, que verifica o momento em que o endométrio está mais receptível à chegada do embrião. Esse monitoramento determina também o melhor momento para o descongelamento dos óvulos e a realização da fecundação.

Após a fecundação, realizada com espermatozoides do parceiro, os embriões resultantes são observados durante o cultivo embrionário e selecionados para serem transferidos ao útero da receptora.

A mulher pode realizar o exame de gravidez cerca de 20 dias após a transferência embrionária, para constatar o sucesso do tratamento.

O que é epigenética?

Embora seja uma saída bem-sucedida para as mulheres com diagnóstico de infertilidade severa, é comum que a apreensão sobre as características genéticas do bebê derivadas da mulher que doou os óvulos, especialmente por desconhecimento dos eventos epigenéticos que acontecem após a fecundação.

Chamamos genótipo o conjunto de genes que compõem um determinado DNA e fenótipo o resultado da ação desses genes, ou seja, o que realmente se manifesta como aparência física e aspectos gerais do funcionamento fisiológico das pessoas é o fenótipo.

Essas características têm como base o DNA, porém são resultado direto da ação de genes que podem ser silenciados e ativados, um comportamento que depende diretamente do ambiente em que essas células se desenvolvem.

Assim, podemos dizer que após a transferência do embrião para o útero da ovoreceptora e a ocorrência da nidação, implantação do embrião no endométrio, as condições do útero, em primeiro lugar, e todas as condições físicas da mulher vão atuar diretamente na expressão e silenciamento dos genes embrionários, mesmo que sua origem seja o DNA da ovodoadora.

Nesse sentido, podemos dizer que o futuro bebê herda características da ovodoadora e do pai, mas também é altamente influenciado pela genética da mãe, fazendo com que a participação genética da ovoreceptora nesse processo seja maior do que normalmente se imagina.

Quando a ovorecepção é indicada?

A ovorecepção é indicada especialmente para mulheres com infertilidade severa, como mencionamos, causada por alterações na ovulação ou na disponibilidade de gametas. As situações mais recorrentes são provocadas pelas seguintes condições:

Ovorecepção e fertilização in vitro (FIV)

Sempre é importante reforçar que a ovorecepção somente é possível em tratamentos com a FIV, especialmente porque após coleta de gametas a fecundação só pode ser feita em ambiente laboratorial.

O CFM também permite que a ovorecepção seja feita com ovodoação compartilhada, em que duas mulheres em tratamento com a FIV, a doadora e o receptora, compartilham além dos gametas femininos, também os custos dos tratamentos com fertilização in vitro.

A ovodoação voluntária, assim como qualquer processo envolvendo doação de material biológico no Brasil, não pode envolver troca comercial.

Toque neste link e leia mais sobre ovodoação.


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