Muitas mulheres adiam o desejo reprodutivo para um momento mais tarde da sua vida, quando já atingiram algum sucesso profissional, uma situação financeira melhor ou até mesmo um relacionamento estável. Geralmente, todo esse processo só acontece após os 35–40 anos.
Porém, com o envelhecimento, os óvulos diminuem em quantidade e qualidade, por isso, em muitos casos, podem ser necessários óvulos doados para conseguir uma gestação. Nós estamos falando da ovorecepção.
Essa técnica representa uma esperança real para muitos casais que desejam ser pais. Quer saber mais? Continue lendo até o final!
Óvulos
O oócito (óvulo) é a célula sexual feminina. Contém o citoplasma, onde residem os nutrientes necessários para as divisões subsequentes durante o desenvolvimento inicial do embrião, e todas as informações genéticas maternas para o desenvolvimento de uma nova vida.
A formação de óvulos ocorre apenas durante o perÃodo embrionário, portanto todos os que uma mulher terá são produzidos antes do nascimento. Ao nascer, a mulher tem cerca de 2 milhões de folÃculos em seus ovários, que armazenam os óvulos primários. O conjunto de todos os folÃculos é denominado reserva ovariana.
No entanto, essa quantidade diminui ao longo da vida. Na puberdade, o número já reduziu para cerca de 400 mil, quando ocorre a primeira menstruação e a mulher se torna apta a engravidar. Essa quantidade vai diminuindo a cada ciclo menstrual, até a menopausa, quando já não há mais folÃculos e óvulos. É nesse momento que a reserva ovariana se esgota.
Isso significa que, com o passar dos anos e de forma natural, tanto o número quanto a qualidade dessas células diminuem.
Ovorecepção: o que é?
Antes de entender o conceito, é importante dizer que a técnica de ovorecepção é permitida, regulamentada e considerada segura pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Essa técnica surgiu para ajudar mulheres que não têm a possibilidade de ter filhos com os próprios óvulos. As doadoras podem ser anônimas ou parentes de até quarto grau dos pacientes em tratamento, desde que não incorra em consanguinidade, e precisam ter obrigatoriamente até 37 anos e não podem ter nenhuma doença grave e infeciosa.
Quando e para quem a ovorecepção é indicada?
Existem muitas situações em que a ovorecepção pode ser indicada. Esse tipo de tratamento é mais comum para:
- mulheres portadoras de alguma doença genética grave que desejam diminuir as chances de transmissão para seus filhos;
- falência ovariana prematura, que pode ocorrer devido a diferentes causas, incluindo os tratamentos contra o câncer, como radioterapia e quimioterapia, remoção cirúrgica dos ovários e outros tipos de doença;
- mulheres cuja idade é suficientemente avançada para que seu potencial de fertilidade seja prejudicado significativamente;
- casais homoafetivos masculinos.
Como as doadoras são selecionadas?
As doadoras de óvulos são criteriosamente selecionadas, de acordo com as caracterÃsticas fenotÃpicas do casal. Lembrando que todo o processo deve ser orientado pelas normas estabelecidas pelo CFM.
Ou seja, quando as doadoras são anônimas, não podem conhecer a identidade da receptora e vice-versa, assim como em todos os casos nunca terão direitos legais sobre a criança que será gerada com os óvulos doados. Além disso, o processo deve ser voluntário e não envolver nenhum tipo de comercialização.
Hoje, as doadoras podem ser de até 4º grau de parentesco, desde que não incorra em consanguinidade.
Exames para a receptora
A receptora, como a doadora, também passa por uma avaliação completa de sua saúde. São muitos exames que podem ser pedidos, dependendo do caso.
Seu parceiro é avaliado da mesma forma, para verificar a qualidade e quantidade dos espermatozoides, o que é feito pelo espermograma e por outros exames, dependendo do caso.
FIV com ovorecepção: como é feito o processo?
O tratamento com FIV por ovorecepção é feito da mesma forma que o realizado com óvulos próprios. Porém, quando a doadora é anônima, a etapa de estimulação ovariana é realizada antes da doação, para estimular o desenvolvimento de mais folÃculos e obter uma boa quantidade de óvulos.
O mesmo acontece com a aspiração folicular, procedimento em que os folÃculos maduros são coletados para posterior separação dos óvulos. Assim, após a seleção da doadora, o tratamento inicia com a coleta do sêmen do parceiro e preparo seminal, técnica que seleciona os melhores espermatozoides para a fecundação.
Os óvulos da doadora e os espermatozoides do parceiro são, então, preparados para a fecundação realizada por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que cada gameta masculino é injetado diretamente no óvulo em laboratório. Os embriões formados a partir da fecundação se desenvolvem por até 6 dias e são transferidos para o útero. Espera-se que um dos embriões se fixe no endométrio e gere uma gravidez.
É importante lembrar que a transferência de embriões também deve seguir as normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina. A quantidade de embriões que pode ser transferida depende da idade da mulher que doou os óvulos, não da que receberá.
Em caso de doadoras com até 37 anos, a paciente pode receber até 2 embriões. Acima dessa idade, até 3 embriões podem ser transferidos. Caso os embriões sejam euploides, apenas 2 podem ser transferidos, não importando a idade da mulher.
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