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O que é útero didelfo?

por Dr. Augusto Bussab



"Útero didelfo é uma condição caracterizada por defeitos anatômicos congênitos. Faz parte das malformações genitais, precisamente das anomalias müllerianas — assim chamadas porque resultam de falhas na fusão dos ductos de Müller, ainda durante o desenvolvimento do embrião feminino. O útero está localizado no trato […]"
O que é útero didelfo?

Útero didelfo é uma condição caracterizada por defeitos anatômicos congênitos. Faz parte das malformações genitais, precisamente das anomalias müllerianas — assim chamadas porque resultam de falhas na fusão dos ductos de Müller, ainda durante o desenvolvimento do embrião feminino.

O útero está localizado no trato reprodutivo superior feminino. Em suas laterais, situam-se as tubas uterinas, as quais se prolongam até bem próximo dos ovários. Esses órgãos participam de diferentes etapas do processo de reprodução humana.

As funções do útero estão relacionadas à menstruação e à gestação. O órgão é responsável por proteger e nutrir o futuro bebê, desde o momento da implantação embrionária até a hora do parto. Entretanto, o desenvolvimento saudável do feto depende das condições uterinas, isso inclui a anatomia adequada.

Confira nas próximas linhas o que é útero didelfo, quais são seus impactos na fertilidade e como tratar essa anomalia. Para começar, entenda como as malformações ocorrem!

O que são malformações uterinas?

Malformações uterinas são anomalias anatômicas que decorrem de falhas no desenvolvimento embrionário. Em sua anatomia normal, o útero tem o formato e o tamanho semelhantes ao de uma pera de cabeça para baixo. Até o final da gravidez, sua capacidade de expansão permite que o órgão fique com até cerca 35 cm de altura, deixando o espaço intrauterino adequado para o crescimento fetal.

Um útero com malformação tem sua cavidade reduzida e dificuldade de se expandir com o avançar da gravidez. Os defeitos anatômicos acontecem quando os ductos de Müller não se fundem corretamente ou o septo que existe entre eles não é devidamente reabsorvido.

Antes da 20ª semana de desenvolvimento do feto feminino, os órgãos do trato reprodutivo superior se formam — com exceção dos ovários que já se formaram no primeiro trimestre de vida embrionária. O processo de fusão e reabsorção dos ductos de Müller origina o útero, as tubas uterinas e o terço superior da vagina.

As malformações uterinas mais frequentes são causadas principalmente por falhas na fusão lateral dos ductos müllerianos, as quais incluem:

  • útero didelfo;
  • útero unicorno;
  • útero bicorno;
  • útero septado.

Entre as malformações uterinas também pode ocorrer agenesia dos órgãos, isto é, ausência parcial ou completa. Nessa condição, a mulher pode ter dificuldade na relação sexual, em razão da falha na parte superior da vagina, além de apresentar amenorreia (ausência de menstruação) e infertilidade.

O que é útero didelfo, exatamente?

O útero didelfo também é conhecido como útero duplo, justamente por apresentar dois hemiúteros, dois colos uterinos e, em muitos casos, duplicação da vagina. As duas cavidades podem ter tamanho aproximado ou com um espaço maior que o outro. Ambos os hemiúteros são comunicantes com uma tuba uterina.

Apesar do defeito estrutural, o útero didelfo é compatível com ciclos menstruais e fertilidade normal. Ainda assim, impõe riscos obstétricos conforme a gravidade da malformação.

Durante a gestação em uma das cavidades do útero didelfo, pode ocorrer sangramento menstrual do hemiútero não gravídico. Além disso, em raros casos, a gravidez pode acontecer nas duas metades do órgão, mas com idades gestacionais diferentes — fenômeno chamado de superfetação.

O útero didelfo pode se apresentar com septo vaginal e agenesia renal — a origem embrionária dos órgãos dos tratos reprodutivo superior e urinário justificam a relação entre malformações nesses dois sistemas.

Por que o útero didelfo pode levar à infertilidade?

Quando a mulher tem algum tipo de malformação, a cavidade do útero apresenta espaço limitado, o que prejudica o desenvolvimento do bebê. Pode-se dizer que o útero didelfo, assim como as demais anomalias uterinas, não interfere nos processos de fecundação e implantação, mas aumenta o risco de intercorrências gestacionais, como:

  • abortamento;
  • restrição do crescimento intrauterino;
  • nascimento prematuro.

O útero didelfo não é precocemente diagnosticado, em razão do caráter assintomático. Mesmo quando há septo vaginal, a hemivagina desobstruída permite o fluxo menstrual normal. Assim, a portadora dessa malformação acaba buscando avaliação médica somente por motivos de infertilidade e perdas gestacionais recorrentes.

É possível tratar essa malformação para engravidar?

O útero didelfo pode ser tratado cirurgicamente em alguns casos. A correção é feita por vídeo-histeroscopia ginecológica — procedimento por via vaginal que visa à remoção do septo e a restauração da anatomia do útero e da vagina.

A reprodução assistida também é indicada para uma avaliação mais detalhada das condições reprodutivas do casal. Nesse contexto médico, a fertilização in vitro (FIV) é uma importante técnica para favorecer as chances de gravidez quando a paciente apresenta problemas uterinos.

Nos casos mais severos de malformações uterinas, também é possível recorrer à prática do útero de substituição, popularmente chamado de barriga de aluguel. A fecundação é feita por FIV e os embriões se desenvolvem no útero de outra mulher que, por lei, deve ter parentesco com o casal em tratamento.

Dessa forma, ainda que a mulher com útero didelfo ou outros problemas uterinos de maior gravidade seja impossibilitada de gestar, existe a opção de ter um filho com sua herança genética.

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