As malformações uterinas, como o útero didelfo, constituem um desafio no tratamento de mulheres em idade reprodutiva, devido à dificuldade em seu diagnóstico.
Estima-se que a incidência dessas malformações seja entre 0,004% e 3,8%, embora seja difÃcil obter um número mais preciso, pois muitos casos não são relatados devido à ausência de sintomas que ajudem a identificar tais doenças, que acabam sendo diagnosticadas apenas quando tem-se a incapacidade de conceber uma gravidez, devido à s falhas de implantação embrionária ou abortos espontâneos de repetição.
No entanto, ainda que a mulher sofra de malformações uterinas, como o útero didelfo, isso não significa necessariamente que ela seja infértil. A suspeita do diagnóstico de infertilidade ocorre após um ano de relações sexuais mantidas regularmente e sem o uso de métodos contraceptivos que não resultem em uma gravidez.
As malformações uterinas podem ser resultado de alterações morfológicas ocorridas devido a doenças e, se não forem tratadas, podem causar a redução do tamanho da cavidade uterina, o que pode levar a abortos espontâneos.
Essas alterações defeituosas ocorrem durante a vida intrauterina e podem ter como resultado a diminuição das chances de ocorrência de uma gravidez. Seus aspectos anatômicos e clÃnicos podem variar de paciente para paciente.
O que é útero didelfo?
O útero didelfo ocorre quando o septo formado pela falha na fusão dos ductos müllerianos é completo, dividindo as cavidades uterina e vaginal em duas, o que leva à formação de dois úteros, dois colos de útero e duas vaginas.
Cerca de 25% das mulheres que sofrem de aborto por repetição apresentam a anomalia conhecia como útero didelfo, que representa 11,1% dos Ãndices de anomalias uterinas.
Essa condição pode causar sintomas como uma dor abdominal cÃclica intensa em mulheres já logo após a primeira menstruação, além de outros sintomas, como a leucorreia ou o aparecimento de massas no trajeto vaginal.
Porém, como a maior parte dos casos permite que a menstruação aconteça normalmente, é comum que essas mulheres só descubram sua condição quando passam ou tentam passar por gestações e surgem problemas.
Alguns casos de mulheres que conseguiram gestar naturalmente, mesmo sendo portadoras de útero didelfo, têm sido relatados, mas são exceções.
Por que ele pode ocorrer?
A hipótese mais comum para o surgimento dessa condição é a de mecanismo de herança poligênica, o que significa ligar sua origem à genética, sendo, dessa forma, multifatorial.
De qualquer modo, assim como outras malformações uterinas, o útero didelfo é uma condição congênita, portanto formada antes do nascimento, o que significa dizer que a mulher que sofre dessa condição já nasceu com ela. Por ser uma anomalia congênita, não é possÃvel interromper ou prevenir essa condição.
Como essa condição prejudica a fertilidade?
A presença de malformações uterinas em si não torna a mulher automaticamente infértil, ou seja, não impede a gravidez natural. O útero didelfo está conectado com a infertilidade devido ao fato de que tal malformação uterina reduz a capacidade de manter o ambiente necessário para o bebê até o momento do parto.
Isso porque a presença de um septo de tecido fibroso diminui a capacidade do útero de se distender e aumentar de tamanho e, mesmo em casos em que há a divisão total do útero, observamos uma diminuição desse espaço, que passa a parecer dividido entre dois úteros hemiúteros.
Indicações da reprodução assistida
O útero didelfo pode ser diagnosticado por ultrassonografia pélvica ou ressonância magnética e normalmente sua reversão é feita por intervenção cirúrgica, a metroplastia por histeroscopia. Essa cirurgia corrige a anatomia do útero e da vagina, se houver também duplicação dessa estrutura, retirando o septo (septoplastia).
Deve ser feita em ambiente hospitalar, com uso de anestesia geral ou raquidiana, dependendo do caso. A cirurgia dura cerca de 1h e pode haver ou não a necessidade de internação por 24h. Observa-se uma redução significativa nas taxas de abortamento após a cirurgia.
A reprodução assistida é indicada em casos de infertilidade primária acompanhada de malformação mülleriana ou quando, mesmo após a cirurgia, a mulher não consegue engravidar.
Se há um comprometimento muito severo do útero, não reversÃvel pela metroplastia, recomenda-se a prática do útero de substituição, em que a fecundação é feita por FIV com o material genético do homem e da mulher (podem ser doados também) e os embriões são transferidos para outra mulher, que passa pela gravidez.
Isso porque o comprometimento congênito que origina o útero didelfo não afeta a função ovariana, sendo possÃvel fazer uma estimulação ovariana e coletar os óvulos a serem utilizados na técnica de FIV.
Pensando que malformações são problemas hereditários multifatoriais, recomenda-se o uso de técnicas de reprodução assistida inclusive por sua vantagem em detectar possÃveis anomalias herdadas antes da implantação.
Taxas de sucesso da gestação
As taxas de sucesso da FIV são as maiores entre as técnicas de reprodução assistida. Em caso de mulheres com útero didelfo, em que a cirurgia de correção anatômica ocorra com sucesso, tem-se taxas de gravidez comparáveis àquelas de mulheres com cavidade uterina normal.
O útero didelfo é uma condição de malformação uterina que pode causar a infertilidade. Para saber mais sobre a FIV, técnica de reprodução assistida mais recomendada em casos de infertilidade, veja nosso artigo.
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