Um dos aspectos da fertilidade feminina é propiciar o ambiente adequado à fecundação. Para que a fecundação ocorra com sucesso, é necessário que os canais de ligação entre os ovários e o útero – as tubas uterinas – estejam livres de obstáculos.
Afinal, é no interior dessas estruturas que a fecundação ocorre e os movimentos feitos pelas tubas uterinas são os responsáveis por conduzir o embrião até o útero, onde a gestação de fato acontece.
As tubas uterinas são formadas durante o perÃodo gestacional, por volta da 5ª ou 6ª semana de gestação, pela fusão dos ductos de Müller, que também origina o útero, e têm um formato tubular com o interior oco.
O funcionamento tubário é bastante delicado e qualquer obstáculo no interior das tubas uterinas pode prejudicar severamente a fecundação e o transporte do embrião, causando os mais diversos quadros de infertilidade.
A cirurgia de esterilização voluntária feminina é feita precisamente interrompendo o trajeto tubário, impedindo de forma definitiva o contato entre óvulo e espermatozoide, sendo por isso chamada de laqueadura tubária.
A laqueadura é uma cirurgia que funciona como método contraceptivo definitivo e por isso deve ser feita sempre de forma voluntária, e a decisão por ela deve ser resultado de muita reflexão.
Isso porque a infertilidade gerada pela laqueadura é permanente e, ainda que a cirurgia de reversão seja possÃvel, nem sempre ela é bem-sucedida.
De qualquer forma, nesses casos a reprodução assistida pode ajudar.
Quer entender melhor o que é e como é feita a laqueadura tubária? Leia o texto e saiba mais!
O que é a laqueadura tubária?
Laqueadura tubária é o nome dado à cirurgia de esterilização definitiva, feita na mulher – semelhante, inclusive estruturalmente, à vasectomia, que é a cirurgia de esterilização definitiva feita no homem.
A laqueadura, como a vasectomia, provoca um quadro de infertilidade obstrutiva permanente, ao interromper o trajeto das tubas uterinas e impedir a passagem dos óvulos liberados na ovulação.
É importante não confundir a infertilidade causada pela laqueadura com o processo de anovulação, já que mesmo após a cirurgia de interrupção das tubas, os óvulos continuam sendo recrutados para o amadurecimento e concluindo esse processo, sendo inclusive liberados pelos ovários.
O que acontece é que, ao chegar às tubas, esse ovócito fica retido e é reabsorvido pelo epitélio mucoso que reveste o interior das tubas uterinas.
Da mesma forma, o efeito obstrutivo impede que, numa relação sexual sem contraceptivos, os espermatozoides expelidos pela ejaculação alcancem o óvulo para que a fecundação ocorra.
A laqueadura é um procedimento cirúrgico feito normalmente por videolaparoscopia, em que uma microcâmera e os instrumentos para a cirurgia são inseridos em pequenas incisões próximas ao umbigo.
As imagens fornecidas pela videolaparoscopia são transmitidas em tempo real para um monitor que guia o médico durante a cirurgia.
A interrupção do trajeto tubário pode ser feita pela colocação de anéis constritores ao redor das tubas ou por cauterização das células da mucosa, que fecham a passagem interna.
Essa é uma cirurgia que deve ser feita em ambiente hospitalar e com anestesia geral. O tempo de recuperação pós-cirúrgica costuma ser de 24 a 48 horas. É importante que a mulher se abstenha da prática de atividades fÃsicas e sexuais durante a recuperação para evitar danos e infecções.
Quando a laqueadura pode ser realizada?
O 7º parágrafo do artigo 226 da constituição brasileira garante o direito de todo cidadão e cidadã ao planejamento familiar. Em 1996, a Lei nº 9.263 estabeleceu normas sobre aspectos do planejamento familiar que incluem a esterilização voluntária para homens e mulheres.
Este é um marco legal na história da laqueadura tubária no Brasil, que passou permitir a esterilização voluntária e regulamentou as formas como ela deveria ser feita. Isso possibilita, entre outras coisas, a mulheres que não desejam mais ter filhos viabilizar essa decisão.
No entanto, algumas regras devem ser obedecidas para que a laqueadura possa ser feita. A mulher que busca esse procedimento deve obrigatoriamente ser maior de 25 anos ou ter dois filhos, que estejam vivos no momento da decisão.
Além disso, a lei também determina que a laqueadura deva ser feita somente 60 dias após a primeira consulta em busca do procedimento cirúrgico.
Nesse tempo, à mulher deve ser garantido o acesso a serviços de aconselhamento sobre fecundidade, que possam oferecer e esclarecer dúvidas tanto sobre o procedimento quanto sobre outros métodos contraceptivos.
Um método contraceptivo definitivo
A laqueadura é, em muitos casos, desaconselhada por ser um método contraceptivo definitivo.
Ainda que a cirurgia de reversão exista, nem sempre ela consegue reverter a infertilidade causada pela laqueadura, e, por isso, métodos contraceptivos reversÃveis podem ser mais interessantes que a laqueadura.
É possÃvel reverter a laqueadura?
Cerca de 10% a 20% das mulheres que optam pela laqueadura se arrependem após a cirurgia. O arrependimento está ligado principalmente ao desejo de constituição de uma nova famÃlia.
Para esses casos, a reversão da laqueadura pode ser feita e as taxas de sucesso dependem do método escolhido para interromper as tubas anteriormente, quando a laqueadura foi feita.
A forma mais reversÃvel de laqueadura é aquela em que a interrupção do trajeto tubário acontece pela colocação de anéis.
De qualquer forma, é necessário também que a saúde das tubas esteja intacta para que a cirurgia de reversão consiga reverter a infertilidade, nesses casos.
A reprodução assistida pode ajudar a mulher com laqueadura a ter filhos?
A avaliação da possibilidade de sucesso da reversão para gestação natural ou com reprodução assistida é complexa. Existe uma série de fatores que devem ser considerados.
De qualquer forma, quando a reversão não está indicada ou quando ela foi feita, mas não obteve sucesso, o casal pode recorrer à FIV (fertilização in vitro) para ter filhos.
Como a laqueadura provoca uma infertilidade do tipo obstrutiva, a FIV é a única opção indicada entre as técnicas de reprodução assistida.
A coleta de gametas é feita por punção, diretamente nos ovários, e após a fecundação em ambiente laboratorial e do cultivo embrionário, os embriões são transferidos, mediante um cateter, diretamente para o interior do útero materno.
As taxas de sucesso da FIV para mulheres laqueadas é semelhante às taxas normais da técnica: cerca de 40%.
Para saber mais sobre a reversão, toque no link.
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