Os hormônios são substâncias com ação mensageira no organismo, pois levam informação de um sistema para o outro por meio de sinais químicos, estimulando, assim, uma série de funções orgânicas. O hCG está entre essas substâncias e age essencialmente durante a gravidez.
O equilíbrio hormonal é necessário para regular o funcionamento de vários sistemas, como o aparelho reprodutor. No sistema reprodutor feminino, são vários os hormônios que regulam os ciclos menstruais e a fertilidade. Os hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH) são produzidos pela hipófise e estimulam as funções dos ovários. Já os hormônios ovarianos, estrogênio e progesterona, preparam o útero para a gestação.
O hCG tem função bastante específica e sua produção começa somente quando a mulher engravida. Portanto, é considerado um importante marcador da gravidez — neste post, vamos explicar o porquê.
Continue a leitura e saiba mais sobre como o hCG age no corpo feminino!
Entenda o que é hCG
A sigla hCG é referente ao termo gonadotrofina coriônica humana. Esse hormônio passa a ser produzido quando um embrião se implanta no endométrio uterino — tecido que reveste a parede do útero internamente.
A implantação embrionária ocorre quando o óvulo que foi fecundado atinge o estágio de blastocisto. Isso significa que a célula-ovo, que era única após a fecundação, passou por sucessivas divisões mitóticas (período de clivagem) até apresentar um agrupamento numeroso de células compactadas, as quais se dividem em embrioblasto e trofoblasto.
O embrioblasto é a massa celular interna do blastocisto, que dará origem ao embrião e, posteriormente, ao feto. Já o trofoblasto é a camada externa de células, que desenvolverá as estruturas extraembrionárias, como a placenta.
O hCG é secretado pelas células do trofoblasto quando o embrião se prende ao útero. Sendo assim, estamos falando de um hormônio que é produzido quase que predominantemente durante a gravidez, com concentração elevada durante o primeiro trimestre gestacional. Os níveis diminuem após alguns meses.
A ação do hCG está relacionada à integridade de uma estrutura ovariana chamada corpo-lúteo. Para abordar esse assunto de forma bem explicativa, precisamos relembrar, resumidamente, como funcionam o ciclo menstrual e o processo ovulatório.
No início do ciclo, vários folículos ovarianos começam a crescer a partir do estímulo dos hormônios FSH e LH. Na metade do ciclo, a ovulação acontece, ou seja, o folículo dominante se rompe e libera o óvulo que estava guardado, o qual é captado pelas fímbrias tubárias e levado para o interior da tuba uterina, onde a fecundação pode ocorrer.
Os resíduos celulares do folículo rompido formam o corpo-lúteo. Essa estrutura ovariana têm a importante função de produzir os hormônios estrogênio e progesterona, que modificam as características endometriais e mantêm o útero adequado para a implantação e a gravidez.
O hCG atua justamente na manutenção do corpo-lúteo, evitando a luteólise (degradação do corpo-lúteo) e garantindo que essa glândula permaneça em sua atividade de produzir os hormônios reprodutivos.
Exame beta-hCG
O beta-hCG é um exame de suma importância para a confirmação da gravidez. A partir de uma análise de sangue, é possível identificar e quantificar a dosagem da fração beta do hormônio hCG.
O exame é chamado de “beta” porque o hormônio é composto por duas grandes moléculas: as subunidades ou frações alfa e beta. A primeira tem estrutura semelhante à de outros hormônios, a exemplo do FSH e do LH, enquanto a fração beta é única.
Assim, para reduzir o risco de falsos positivos com a identificação de outros hormônios, os laboratórios analisam somente a fração beta do hCG. O exame pode ser qualitativo, indicando se há ou não a presença do hormônio no sangue, ou quantitativo. Nesse último caso, o resultado apresenta valores referentes à concentração do hCG.
Além de estar presente no sangue, o hCG é filtrado pelos rins e parte dele é eliminada na urina. Sendo assim, testes de urina vendidos em farmácia também permitem a confirmação da gravidez.
O beta-hCG também tem utilidade como marcador de anomalias gestacionais e alguns tipos de tumores, tanto femininos quanto masculinos. Em sua forma livre, o hormônio pode estimular ou inibir o crescimento celular. Desse modo, a detecção da fração beta livre pode revelar aneuploidias (alterações cromossômicas) no feto e tumores em pessoas adultas.
Quanto aos problemas na gestação, o beta-hCG pode sinalizar: gravidez ectópica, abortamento espontâneo, doença trofoblástica gestacional e, associado a outras ferramentas (como o exame de transluscência nucal), também pode identificar aneuploidias fetais, como a síndrome de Down.
Em relação aos tumores, níveis aumentados da fração beta do hCG podem indicar a proliferação de células germinativas que levam à formação de tumores ovarianos, testiculares e retroperitoneais.
Importância do hCG na reprodução assistida
Nas técnicas de reprodução assistida, o hCG é administrado na etapa de indução da ovulação. O objetivo é obter um número maior de óvulos maduros, visto que a ovulação natural resulta na liberação de apenas um óvulo por ciclo.
A estimulação ovariana com indução da ovulação é indicada para mulheres com disfunções ovulatórias. Mesmo quando há outros fatores de infertilidade feminina ou masculina, esse procedimento é a primeira etapa das três técnicas de reprodução assistida: relação sexual programada, inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV).
O papel do hCG nesses tratamentos é promover a maturação final dos folículos ovarianos e o disparo da ovulação, que deve ocorrer aproximadamente 35 horas depois da aplicação do hormônio. Vale dizer que, na FIV, os folículos são aspirados e os óvulos são coletados antes que a paciente ovule.
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