Desde a puberdade, as mulheres vivenciam um processo fisiológico denominado ciclo menstrual, em que diversas alterações preparam o corpo para uma possÃvel gravidez.
O ciclo menstrual inicia no primeiro dia da menstruação e se encerra no anterior à próxima, ou seja, ocorre continuamente durante toda a fase fértil das mulheres, perÃodo localizado entre a puberdade e a menopausa. É dividido em três fases, folicular, ovulatória e lútea e em cada uma delas ocorrem processos essenciais para o sucesso gestacional, regulados por diferentes hormônios.
A fase lútea é a última do ciclo menstrual, e assim como as anteriores, seu funcionamento correto é necessário para fertilidade das mulheres. Acompanhe o texto até o final e saiba quais processos acontecem nessa fase, sua importância para o sucesso da gravidez e as possÃveis interferências que podem resultar em infertilidade feminina. Boa leitura!
Ciclo menstrual
As células sexuais femininas, que carregam as informações genéticas das mulheres, são os oócitos ou óvulos, e estão presentes nos ovários desde o nascimento, abrigados em estruturas conhecidas como folÃculos ovarianos.
Quando atinge a puberdade, a mulher possui aproximadamente 400 mil folÃculos, quantidade que se esgota à medida que vão sendo utilizados nos ciclos menstruais.
Um ciclo menstrual normal, tem geralmente a duração de 28 dias. Na primeira fase, a folicular, a hipófise libera de forma pulsátil as gonadotrofinas FSH (hormônio folÃculo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante) .
O FSH promove o recrutamento e crescimento de diversos folÃculos ovarianos. Entre eles, um se destaca e conclui o processo de desenvolvimento e amadurecimento estimulado pelo LH. Esse folÃculo secreta estrogênio enquanto se desenvolve, hormônio que atua no preparo inicial do endométrio, camada interna uterina na qual o embrião se implanta, evento que marca o inÃcio da gestação.
Aproximadamente no 14º dia do ciclo menstrual, na segunda fase, a ovulatória, um pico de LH induz o folÃculo dominante ao amadurecimento final e rompimento para liberação do óvulo na ovulação.
Na fase lútea, o folÃculo que se rompeu transforma-se em uma glândula endócrina temporária chamada corpo lúteo, cuja principal é a secreção de progesterona, hormônio que atua com o estrogênio no preparo final do endométrio, tornando-o receptivo para receber o embrião.
Quando a fecundação acontece, o corpo lúteo continua a secretar progesterona, garantindo a manutenção da gravidez até que a placenta se estabeleça assumindo essa função, o que acontece normalmente na 8ª semana de gravidez. Depois disso, é naturalmente absorvido pelo organismo.
Se não houver fecundação, por outro lado, o corpo lúteo degenera, levando à diminuição dos nÃveis hormonais, o que provoca a descamação do endométrio, originando a menstruação e um novo ciclo menstrual.
Problemas na fase lútea, portanto, podem resultar no preparo inadequado do endométrio, dessa forma, o embrião não consegue se implantar e há perda da gestação ou abortamento, muitas vezes de repetição, condição que caracteriza a infertilidade feminina.
Esses problemas são conhecidos como defeito na fase lútea ou LPD, sigla em inglês para luteal phase defect.
Defeito da fase lútea (LPD)
Defeito da fase lútea (LPD) é uma condição em que não ocorre produção suficiente de progesterona, ou os receptores do endométrio não respondem adequadamente ao hormônio. Está associada a diferentes doenças comuns durante a fase reprodutiva, como a sÃndrome dos ovários policÃsticos (SOP) e a endometriose, embora outros fatores também possam resultar no problema, como por exemplo:
- anorexia;
- prática excessiva de exercÃcio fÃsico;
- distúrbios da tireoide: hipotireoidismo, da tireoide em que há uma diminuição dos hormônio produzidos pela glândula ou hipertireoidismo, em que aumento;
- hiperprolactinemia, produção elevada de prolactina, conhecida como hormônio do leite, que estimula a produção de leite materno;
- obesidade ou sobrepeso.
Além da dificuldade para engravidar e de possÃveis abortamentos de repetição, a menstruação mais frequente ou sangramento entre os perÃodos menstruais, também são sintomas que alertam para o problema.
O defeito da fase lútea está entre as possÃveis causas investigadas quando há suspeita de infertilidade feminina. O diagnóstico é feito por exames de sangue, que avaliam os nÃveis de progesterona e dos hormônios FSH e LH, envolvidos no processo de desenvolvimento e amadurecimento dos folÃculos ovarianos.
A ultrassonografia transvaginal, exame de imagem, também pode ser solicitada para avaliar a espessura do endométrio.
Após o tratamento primário das causas que levaram ao problema, muitas vezes a mulher consegue engravidar de forma natural. Porém, se a dificuldade ainda permanecer, a reprodução assistida pode auxiliar.
Reprodução assistida
A técnica de reprodução assistida indicada quando problemas na fase lútea impedem a gravidez é a fertilização in vitro (FIV), em que a fecundação é realizada em laboratório e, posteriormente, os embriões formados são transferidos diretamente ao útero depois de se desenvolverem por alguns dias.
Antes da transferência, o endométrio pode ser preparado por medicamentos hormonais sintéticos semelhantes aos naturais e o ciclo endometrial acompanhado por exames de ultrassonografia transvaginal, realizados periodicamente.
Os embriões são, então, congelados e transferidos apenas no ciclo seguinte, com o endométrio devidamente preparado. Essa técnica, complementar à FIV, é conhecida como freeze-all, e proporciona a solução de diferentes problemas que podem afetar o ciclo endometrial.
As taxas de sucesso gestacional proporcionadas pela FIV são bastante expressivas, números que são semelhantes nos casos em que os embriões são transferidos frescos ou congelados.
Assim, quando os problemas na fase lútea não são corrigidos com os tratamentos primários, a gravidez ainda é possÃvel com auxÃlio da FIV.
Um recurso importante para as mulheres em tentativa de engravidar é o cálculo do perÃodo fértil Toque aqui e aprenda como ele é feito.
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