O que é acrossomo?

Alterações nos sistemas reprodutores de homens e mulheres podem resultar em infertilidade, uma vez que é fundamental o funcionamento adequado de todos os órgãos para a gravidez ser bem-sucedida.

Entre os aspectos necessários está a saúde dos gametas, as células sexuais de homens e mulheres. Os óvulos são as femininas, armazenados nos folículos ovarianos já presentes nos ovários desde o nascimento: as mulheres nascem com uma reserva limitada para ser utilizada durante a fase fértil.

Por outro lado, as células sexuais masculinas, os espermatozoides, são produzidas durante toda a vida dos homens desde a puberdade. Na velhice essa produção é menor, porém ainda permanece ocorrendo de forma contínua.

O processo de produção dos gametas masculinos é chamado espermatogênese e acontece nos túbulos seminíferos, estruturas enoveladas localizadas em cada testículo. Um espermatozoide formado possui cabeça, peça intermediária e cauda ou flagelo; cada parte tem uma função importante no processo reprodutivo e o acrossomo é um dos elementos presentes na composição dos espermatozoides.

Continue a leitura deste texto até o final para entender em detalhes o que é acrossomo e sua importância para a fertilidade masculina. Confira!

O que é acrossomo e qual a sua importância para a fertilidade?

Oval e achatada, a cabeça do espermatozoide humano é a parte mais volumosa. Nela, está localizado o núcleo, que contém o material genético com as informações que vão ser transmitidas aos filhos.

A peça intermediária está conectada à cabeça e possui uma grande quantidade de mitocôndrias, organelas que garantem a produção da energia necessária para que os movimentos flagelares promovidos pela cauda ocorram. Formada por uma membrana celular fina que recobre um esqueleto central, a cauda permite que os espermatozoides se movimentem pelo organismo feminino.

Além do núcleo, a cabeça também abriga outra estrutura importante, o acrossomo. Localizado na parte anterior, contém enzimas necessárias para que o espermatozoide seja capaz de penetrar as camadas que envolvem o óvulo e fertilizá-lo.

A cada ciclo menstrual a mulher libera um óvulo, que fica disponível por 24h nas tubas uterinas para o encontro com o gameta masculino. Durante a ejaculação milhares de espermatozoides são lançados no organismo feminino; a maioria é eliminada naturalmente no trajeto e apenas os mais capacitados chegam até o óvulo.

Na primeira etapa da fecundação os que conseguiram alcançar o óvulo penetram na corona radiata, camada mais externa composta por células foliculares, porém apenas um deles consegue romper a zona pelúcida, camada de glicoproteínas logo abaixo.

Quando o espermatozoide chega à zona pelúcida ocorre uma reação acrossômica, ou seja, são liberadas as enzimas que formam uma passagem. Assim que ele penetra essa camada se torna impermeável a outros espermatozoides.

Após a entrada do espermatozoide ocorre a fusão dos pronúcleos dos gametas com as informações genéticas de cada um dos pais originando o zigoto, a primeira célula do embrião, que sofre sucessivas divisões celulares até atingir a fase de blastocisto, quando se implanta no endométrio, tecido que reveste internamente o útero para dar início à gestação.

Um espermatozoide para ser considerado normal deve apresentar uma cabeça com contorno regular e oval e uma região acrossômica que ocupe entre 40% e 70%. Qualquer alteração pode impossibilitar a fertilização.

A ausência do acrossomo, ou uma estrutura pequena, é uma condição denominada globozoospermia, pois, a cabeça dos gametas tem uma aparência arredondada como um globo, uma vez que o acrossomo proporciona o formato ovalado.

Apesar de rara, responde por aproximadamente 1 em cada 100 casos de infertilidade masculina, a globozoospermia é consequência de mutações genéticas e, quando afeta um percentual alto de espermatozoides, pode resultar em infertilidade masculina.

A concentração de espermatozoides anormais no sêmen é conhecida como teratozoospermia. Outros problemas incluem a astenozoospermia, baixa motilidade e azoospermia, ausência de espermatozoides, por exemplo.

Contudo, ainda que alterações associadas ao acrossomo impeçam de engravidar a parceira naturalmente, ainda é possível ter filhos com auxílio da reprodução assistida.

Acrossomo e reprodução assistida

Espermatozoides sem acrossomo ou que possuem uma estrutura pequena não conseguem penetrar o óvulo ou têm dificuldade para isso.

O tratamento de reprodução assistida indicado nos casos em que há percentuais altos de espermatozoides com alterações estruturais mais graves é a fertilização in vitro com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).

Na FIV com ICSI a fecundação é realizada em laboratório após a capacitação e seleção dos melhores espermatozoides por métodos de preparo seminal. Posteriormente, cada um é novamente avaliado por um microscópio de alta magnificação e injetado diretamente no citoplasma do óvulo. A função do acrossomo, portanto, não é necessária.

Se não for possível engravidar com os gametas próprios, o casal pode recorrer ainda à doação de sêmen. Nesse caso, os embriões são formados com os óvulos da parceira e os espermatozoides do doador, também previamente selecionados. Depois de formados, se desenvolvem por alguns dias e são transferidos ao útero materno.

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