A infertilidade é hoje um tema amplamente discutido nos consultórios de ginecologia e urologia. Isso porque, como consequência dos hábitos das sociedades contemporâneas, milhares de pessoas são diagnosticadas com o problema, anualmente, no mundo todo, tornando-o questão de saúde pública mundial.
As dificuldades reprodutivas de um casal são atualmente abordadas como infertilidade conjugal, mesmo que sejam resultado de fatores de infertilidade femininos, masculinos ou de ambos.
Essa abordagem considera diferentes aspectos, incluindo os emocionais que surgem motivados pelo quadro e a necessidade de sincronia entre os órgãos reprodutores de homens e mulheres para o sucesso gestacional, que devem funcionar adequadamente, cumprindo sua função no processo reprodutivo.
Por isso, quando o casal não consegue engravidar durante um ano ou mais sem o uso de nenhum método contraceptivo, ambos são cuidadosamente investigados para determinar as causas.
Alguns elementos são essenciais, por exemplo, mesmo isoladamente, quando alterados podem causar interferências, impedindo a gravidez. A motilidade espermática está entre eles. Continue a leitura para saber entender sua relação com a fertilidade. Confira!
Entenda o que é motilidade espermática e qual a sua relação com a fertilidade
O sistema reprodutor masculino é composto por órgãos externos, pênis e a bolsa testicular, e internos, testÃculos, epidÃdimos, ductos deferentes, ductos ejaculatórios, glândulas acessórias (vesÃculas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais) e uretra.
A produção de espermatozoides, os gametas ou células sexuais masculinas, que carregam as informações genéticas do homem, acontece nos túbulos seminÃferos, estruturas localizadas nos testÃculos, armazenados na bolsa testicular que os mantêm na temperatura ideal para o sucesso desse processo.
Após serem formados, os espermatozoides são transportados aos epidÃdimos, ductos em que concluem o amadurecimento. No momento do estÃmulo sexual, são conduzidos aos ductos deferentes, ejaculatório e lançados na uretra para serem expelidos pelo sêmen na ejaculação. Durante esse trajeto recebem os lÃquidos produzidos pelas glândulas acessórias formando o sêmen.
A principal função do sêmen é transportar, nutrir e proteger os espermatozoides. O lÃquido produzido pelas vesÃculas seminais contém nutrientes como frutose e aminoácidos, o produzido pela próstata tem um pH alcalino que os protege do ambiente ácido da vagina, enquanto as glândulas bulbouretrais liberam, antes da ejaculação, uma secreção que lubrifica o pênis e neutraliza possÃveis resÃduos presentes no canal da uretra.
Um espermatozoide formado, por outro lado, possui cabeça, em que fica localizado o núcleo com as informações genéticas, peça intermediária e cauda com flagelo, que permite o movimento do espermatozoide pelo organismo feminino, o que é chamado de motilidade espermática.
A motilidade espermática, portanto, é fundamental para que o espermatozoide alcance o óvulo e o fecunde, gerando, dessa forma, a primeira célula do futuro ser humano. Durante a relação sexual, quando ocorre a ejaculação, milhões de espermatozoides são lançados no organismo feminino, no entanto apenas os mais capacitados chegam às tubas uterinas e apenas um consegue penetrá-lo.
Para fecundação ser bem-sucedida, é necessário que um percentual mÃnimo, entre os liberados, tenha uma motilidade espermática adequada. Assim, quando há dificuldades reprodutivas, esse é um dos critérios avaliados durante a investigação inicial.
O espermograma é o exame que diagnostica a fertilidade masculina, analisando critérios com a qualidade seminal e dos espermatozoides abrigados nas amostras.
Espermograma
Diferentes condições podem alterar a qualidade seminal e dos espermatozoides, dificultando ou inibindo o processo de fecundação, afetando, dessa forma, a fertilidade dos homens.
A motilidade espermática, por exemplo, pode ser comprometida quando inflamações afetam qualquer órgão dos sistema reprodutor masculino, especialmente os testÃculos (orquite), em que os espermatozoides são produzidos, ou os epidÃdimos (epididimite), em que concluem o processo de amadurecimento, quando a cauda é formada.
Essas inflamações são frequentemente causadas por infecções sexualmente transmissÃveis (ISTs), como a clamÃdia e gonorreia, que após serem erradicadas, voltaram a ser disseminadas nas sociedades contemporâneas.
O espermograma, além de avaliar o sêmen e os espermatozoides, também indica a presença de glóbulos brancos, que sugerem a possibilidade de processos inflamatórios. Os principais critérios analisados são concentração, motilidade (movimento), morfologia (forma) e vitalidade. A motilidade espermática analisa a movimentação dos espermatozoides, que é classificada como:
- motilidade espermática progressiva: espermatozoides com motilidade progressiva, para frente, são os que possuem maiores chances de fecundar o óvulo. Pelo menos 32% dos espermatozoides devem apresentar essa caracterÃstica;
- motilidade espermática não progressiva: quando os espermatozoides se movimentam de forma circular e sem progressão. Nesse caso, embora as chances de fecundar os óvulos sejam menores, ainda existem, desde que o total de espermatozoides móveis, ou seja, progressivos e não progressivos, seja pelo menos 40%;
- imóveis: quando um percentual alto de espermatozoides não apresenta motilidade, o que indica chances praticamente inexpressivas de fecundar o óvulo.
Nos casos em que o espermograma aponta um percentual alto de espermatozoides com motilidade reduzida ou imóveis, a condição é diagnosticada como astenozoospermia. Além dos processos inflamatórios, a varicocele, doença masculina comum, hábitos de vida como tabagismo e alcoolismo e exposição a substâncias quÃmicas também podem comprometer a motilidade espermática.
Embora homens diagnosticados com motilidade espermática reduzida tenham a fertilidade comprometida e não consigam engravidar a parceira naturalmente, ter filhos biológicos ainda é possÃvel com auxÃlio da reprodução assistida.
Reprodução assistida
Segundo estudos, as alterações na motilidade espermática são as mais apontadas pelo espermograma quando há dificuldades em engravidar. A técnica de reprodução assistida indicada nesses casos é a fertilização in vitro com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).
Nessa técnica, a fecundação é realizada em laboratório. Os espermatozoides são anteriormente capacitados por técnicas de preparo seminal, que selecionam apenas os mais saudáveis para o processo. Durante a fecundação, cada um é novamente avaliado, em movimento, por um microscópio potente.
Assim, apenas os espermatozoides que possuem a motilidade espermática adequada são utilizados. Depois de ter a saúde confirmada, é injetado, então, diretamente no citoplasma do óvulo.
Os embriões formados nesse processo, são cultivados por alguns dias, também em laboratório, e transferidos ao útero materno. Os percentuais de sucesso proporcionados pela FIV são os mais altos da reprodução assistida.
Siga o link e conheça outras condições que também podem afetar a fertilidade masculina!
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