Dr. Augusto Bussab | Reprodução Humana | WhatsApp
Ebook SOP Baixe agora o e-book sobre Síndrome dos Ovários Policísticos e entenda tudo sobre essa doença! Clique Aqui!
Ficou com alguma dúvida? Agende sua consulta agora! Clique Aqui!

Malformações uterinas: o que são?

por Dr. Augusto Bussab



"O útero é um órgão fundamental para a gravidez, é nele que o embrião se implanta e o feto se desenvolve até o dia do parto, recebendo oxigênio e nutrientes por meio do sangue materno. Sendo assim, é certo dizer que alterações nesse órgão podem […]"
Malformações uterinas: o que são?

O útero é um órgão fundamental para a gravidez, é nele que o embrião se implanta e o feto se desenvolve até o dia do parto, recebendo oxigênio e nutrientes por meio do sangue materno. Sendo assim, é certo dizer que alterações nesse órgão podem levar à infertilidade, como infecções, doenças estruturais adquiridas e anomalias anatômicas congênitas — aqui se enquadram as malformações uterinas.

Apesar das tantas condições que podem afetar as funções do útero e dificultar a gestação, existem recursos na reprodução assistida que podem ajudar os casais inférteis. Quando a infertilidade é causada por fator uterino, a técnica mais indicada é a fertilização in vitro (FIV), que pode incluir vários procedimentos complementares, a partir de uma avaliação individualizada.

Confira, neste post, o que são as malformações uterinas, de que forma elas podem causar infertilidade e quais recursos a reprodução assistida oferece para os casais que não conseguem engravidar naturalmente!

O que são malformações uterinas?

Malformações uterinas, conforme o termo indica, são defeitos na formação do útero que ocorrem na fase embrionária. Resultam de falhas na fusão dos ductos de Müller ou na reabsorção do septo entre eles.

Os ductos de Müller são estruturas embriológicas que dão origem aos órgãos do trato genital superior feminino: útero, tubas uterinas e terço superior da vagina. A formação desses órgãos deve ocorrer até a 20ª semana de desenvolvimento fetal.

Bem antes disso, a partir da 7ª semana, o embrião passa por diferenciação sexual e desenvolvimento gonadal. A ausência do gene SRY do cromossomo Y leva à formação dos ovários, caracterizando um embrião feminino. Até a 12ª semana, os ovários descem para a região que constituirá a pelve.

Nas semanas subsequentes, ocorre o processo de fusão e recanalização dos ductos de Müller para a formação dos demais órgãos reprodutores. As possíveis falhas nesse processo, como já mencionamos, acarretam as anormalidades anatômicas que chamamos de malformações uterinas ou müllerianas.

A portadora de uma malformação genital geralmente não desconfia de sua condição, visto que não há sintomas. Os motivos que levam ao diagnóstico são: abortamento de repetição, investigação da infertilidade ou, em alguns casos, amenorreia (ausência de menstruação).

Quais são os tipos de malformações uterinas?

As malformações uterinas mais comuns são as que resultam de defeitos de fusão lateral dos ductos de Müller, falhas na formação do ducto ou ainda na reabsorção do septo entre eles. Entre esses tipos de malformação, estão:

  • útero unicorno — resultante da atrofia de um dos ductos, apresenta redução importante da cavidade uterina e estabelece comunicação com uma tuba somente;
  • útero septado — a mais comum das malformações uterinas, caracterizada pela presença de um septo (uma parede de tecido), parcial ou total, no meio da cavidade uterina;
  • útero didelfo — nesse caso, dois pequenos úteros estão presentes, assim como dois colos uterinos e, em alguns casos, a parte superior da vagina também é duplicada;
  • útero bicorno — essa malformação apresenta dois fundos de útero e um só colo uterino, dando ao órgão o formato semelhante ao de um desenho de coração, em vez do formato normal de pera invertida.

Há também raros casos de falhas na fusão distal dos ductos müllerianos, defeitos na fusão com o seio urogenital ou falhas na recanalização vaginal que levam à formação de septo na vagina.

Outra malformação ainda mais rara é a síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MRKH), na qual ocorre a formação muito rudimentar ou agenesia completa (ausência) dos órgãos reprodutores. Nessa condição, não há nenhuma chance de gravidez natural. Além disso, a mulher apresenta amenorreia e tem dificuldade na relação sexual.

Por que as malformações uterinas podem causar infertilidade?

As malformações uterinas estão associadas à infertilidade principalmente pela redução do espaço intracavitário, o que aumenta o risco de intercorrências obstétricas, incluindo abortamento, restrição do crescimento fetal, prematuridade, apresentação fetal anormal, distocias no parto e baixo peso ao nascer.

Portanto, as malformações não prejudicam necessariamente a fecundação e a implantação do embrião no útero, mas dificultam a evolução da gravidez. Os riscos obstétricos são maiores nos casos de útero unicorno e útero septado.

O útero bicorno tem menor relação com a infertilidade, embora mulheres com essa condição também possam enfrentar dificuldades gestacionais. O útero didelfo também é compatível com fertilidade normal e ciclos menstruais normais, então, existem chances de que a gravidez avance, mas pode ocorrer sangramento decorrente do hemiútero não gravídico.

Por fim, nos tipos mais graves de malformação uterina, os que envolvem agenesia completa, todo o processo conceptivo é impossibilitado, devido à ausência dos órgãos reprodutores.

Como a reprodução assistida pode ajudar nesses casos?

A reprodução assistida traz técnicas específicas para os diferentes fatores de infertilidade. Entre as malformações uterinas, alguns tipos podem ser primeiramente tratados com cirurgia. O mais passível de correção cirúrgica é o útero septado, cujo tratamento é feito por vídeo-histeroscopia.

Entretanto, a agenesia e outras malformações graves não permitem a restauração completa da cavidade uterina com cirurgia — sendo ainda que alguns desses casos são caracterizados por abortamento de repetição, o que representa alto risco de novas perdas fetais. Em tais situações, indicamos a FIV com barriga de aluguel.

Os termos mais apropriados para essa técnica são útero de substituição, gestação de substituição ou cessão temporária de útero. É popularmente conhecida como barriga de aluguel, mas vale esclarecer que, segundo a resolução que orienta os serviços de reprodução assistida, não pode ter caráter lucrativo ou comercial.

Assim, com a possibilidade da gestação de substituição, mulheres que não podem gestar por apresentarem malformações uterinas graves ainda podem ter um filho com sua herança genética e acompanhar de perto o desenvolvimento de seu bebê.

Quer conhecer outras condições que interferem nas chances de gravidez? Leia o post sobre infertilidade feminina!


Se inscrever
Notificação de
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
Pr¨®xima leitura
Mórula, embrião e blastocisto: qual é a relação?

A gravidez é um processo complexo, que envolve diferentes elementos, por isso é comum várias dúvidas surgirem durante a tentativa de engravidar. Termos como gônadas, gametas, embrião, mórula, blastocisto, fecundação, nidação e eclosão, por exemplo, são frequentemente utilizados em referência ao processo, por profissionais de […]

Ler mais...