A infertilidade é uma condição que atinge cerca de 15% da população mundial, entre homens e mulheres. Na maior parte dos casos, as dificuldades em conseguir uma gestação são decorrentes de doenças do aparelho reprodutivo ou da sua regulação hormonal, como a azoospermia, em homens, e a SOP (sÃndrome dos ovários policÃsticos) e a endometriose, entre as mulheres.
Porém, em alguns casos menos frequentes, mesmo após uma investigação detalhada em busca do diagnóstico, pode ser impossÃvel delinear de forma exata as causas da infertilidade – ao que chamamos ISCA ou infertilidade sem causa aparente. Importante lembrar que a ISCA não é um diagnóstico, mas precisamente a ausência dele.
Compreender as causas da infertilidade é fundamental para definir a melhor terapêutica para sua reversão, cuja primeira abordagem normalmente é buscar a cura das doenças que levaram ao quadro infértil.
Nos casos de ISCA, a medicina reprodutiva hoje pode oferecer saÃdas interessantes por meio da reprodução assistida, mesmo que o diagnóstico que levou à infertilidade não seja definido.
Isso é possÃvel porque, apesar da ausência de diagnóstico, alguns parâmetros de fertilidade, como a reserva ovariana, nas mulheres, e o binômio quantidade/qualidade dos espermatozoides disponÃveis, nos homens, ainda podem ser mensurados e, se existem gametas disponÃveis e boa saúde do útero para levar a gestação, a reprodução assistida pode auxiliar o sonho de ter filhos biológicos.
Este texto busca esclarecer alguns fatos sobre a ISCA, especialmente falando sobre como ela ocorre. Aproveite a leitura!
O que é ISCA?
A OMS (Organização Mundial da Saúde) define a infertilidade como a não ocorrência de gravidez para qualquer casal em idade fértil e sexualmente ativo, após 12 meses de tentativas sem o uso de nenhum método contraceptivo.
A ISCA, ou infertilidade sem causa aparente, acontece quando não é possÃvel determinar o que levou um casal à infertilidade conjugal, mesmo após a realização de todos os exames previstos na investigação da infertilidade.
Estima-se que em aproximadamente 10% dos casos de infertilidade não seja possÃvel identificar as alterações que levaram ao quadro.
Quando pode ocorrer a infertilidade sem causa aparente?
A ISCA ocorre quando tanto o funcionamento da anatomia do sistema reprodutivo, quanto a regulação hormonal do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal mostram-se normais, mas mesmo assim a gestação não acontece.
Para chegar a essa conclusão, no entanto, é necessário eliminar os demais diagnósticos que poderiam causar a infertilidade, o que só pode ser feito após a realização e avaliação de exames clÃnicos, laboratoriais e de imagem que descartem os demais diagnósticos que geram infertilidade.
Na primeira consulta, normalmente o casal conversa com o médico sobre suas angústias e expectativas em relação à gestação, e uma análise inicial é feita especialmente sobre o histórico de saúde individual e familiar do casal, com foco para os possÃveis casos de infertilidade precedentes.
A partir daÃ, são solicitados exames laboratoriais e de imagem que buscam as causas da infertilidade.
Como é feita a investigação da infertilidade masculina?
Os principais exames que investigam a infertilidade masculina são o espermograma, teste de fragmentação do DNA espermático, ultrassonografia testicular, testagem para ISTs (infecções sexualmente transmissÃveis), especialmente clamÃdia e gonorreia.
O espermograma busca medir e analisar as variáveis que compõem o sêmen: quantidade, motilidade e morfologia dos espermatozoides, pH e composição fÃsico-quÃmica do componente lÃquido do esperma.
Ao lado do espermograma, o teste de fragmentação do DNA espermático pode indicar se há danos genéticos nos gametas masculinos, que estejam impedindo o sucesso da fecundação.
Quando a azoospermia é causada por obstruções no trajeto que o sêmen percorre durante a ejaculação, a ultrassonografia testicular pode identificar essas obstruções e, se houver suspeita de varicocele, que também causa azoospermia, porém não de forma obstrutiva, o ultrassom com Doppler pode apontar o diagnóstico.
Como é feita a investigação da infertilidade feminina?
No caso da infertilidade feminina, os diagnósticos podem ser mais complexos e, por isso, também os exames capazes de identificá-los são mais numerosos: avaliação da reserva ovariana, dosagens hormonais que incluem tanto as gonadotrofinas FSH (hormônio folÃculo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), quanto o hormônio antimülleriano, as ultrassonografias pélvicas suprapúbica e transvaginal, histerossalpingografia, histeroscopia e ressonância magnética.
A dosagem hormonal pode constatar doenças como a SOP (sÃndrome dos ovários policÃsticos) e outras alterações hormonais que causam infertilidade por anovulação. Quando a dosagem mede também o hormônio antimülleriano, a FOP (falência ovariana precoce) pode ser diagnosticada, ainda que tenha que ser confirmada pela avaliação da reserva ovariana.
Os exames de imagem mais solicitados são as ultrassonografias pélvicas suprapúbica e transvaginal, que podem confirmar doenças como a SOP, miomas, pólipos, endometriose, endometriomas e as malformações uterinas congênitas.
Também a ressonância magnética e a histerossalpingografia são exames capazes de detectar infertilidade por fator tubário, uma das causas mais comuns de infertilidade feminina.
Como a infertilidade decorrente de problemas genéticos e da contaminação por ISTs (infecções sexualmente transmissÃveis) pode afetar a fertilidade tanto em homens quanto em mulheres, são exames obrigatórios para ambos também os testes genéticos, além das testagens especÃficas para ISTs.
O que pode ser feito para conseguir a gestação com ISCA?
A ISCA é determinada quando todos os exames mencionados foram feitos e não apontaram motivos para a dificuldade em ter filhos.
Nesse momento, o casal deve escolher, com o auxÃlio da equipe médica, quais as melhores opções dentro da medicina reprodutiva, para que a gestação possa ocorrer.
A reprodução assistida oferece técnicas de baixa complexidade, como a RSP (relação sexual programada) e a IIU (inseminação intrauterina), e de alta complexidade, como a FIV (fertilização in vitro).
Reprodução assistida
A reprodução assistida pode ser indicada para praticamente todos os casos de infertilidade, inclusive aqueles cujas causas são desconhecidas, bem como casais homoafetivos, às mulheres que desejam adiar a maternidade e aos casais com histórico de doenças genéticas, mesmo que não haja um quadro prévio de infertilidade.
Normalmente, quanto não é possÃvel identificar o que levou à infertilidade, geralmente a primeira indicação é a RSP.
A estimulação ovariana é o primeiro passo e consiste na administração de hormônios que possam garantir a ovulação de ao menos um oócito. Esse processo deve ser monitorado por ultrassonografia transvaginal.
Na RSP, o acompanhamento da ovulação determina de forma mais clara o perÃodo fértil da mulher e permite que o casal se programe para manter relações sexuais nos dias que apresentam mais chance de resultar em gestação.
É possÃvel também a indicação da IIU, dependendo das caracterÃsticas do casal. No entanto, a mais indicada é a FIV.
Na FIV, são coletados ambos os gametas masculino e feminino e a fecundação ocorre fora do corpo da mãe, ao contrário da RSP e IIU. Após o cultivo embrionário, que se segue à fecundação, os embriões conseguidos pela FIV são transferidos para o útero e espera-se que a implantação embrionária, e consequentemente a gestação, ocorra.
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