Dificuldades reprodutivas fazem parte do dia a dia de milhares de pessoas no mundo todo, levando, muitas vezes, ao desenvolvimento de transtornos emocionais como ansiedade, depressão, ou mesmo à fobia social, uma vez que despertam diferentes sentimentos negativos.
Embora a infertilidade tenha sido atribuÃda à s mulheres durante muitos anos, sabe-se hoje que os fatores masculinos contribuem em igual proporção. Afinal, para que a gravidez seja bem-sucedida é fundamental o funcionamento adequado dos sistemas reprodutores feminino e masculino. Qualquer alteração pode levar a falhas.
Por isso, quando um casal não consegue engravidar a infertilidade é definida como conjugal e, para identificar as possÃveis causas que resultaram no problema, ambos devem ser investigados.
Este texto explica em detalhes sobre como é feita a investigação da infertilidade masculina, além de destacar o funcionamento do sistema reprodutor masculino e as possÃveis causas que podem comprometer a função dos principais órgãos envolvidos no processo reprodutivo. Continue a leitura até o final e confira!
Entenda como funciona o sistema reprodutor masculino
O sistema reprodutor masculino é composto pelo pênis, bolsa testicular, testÃculos, epidÃdimos, ductos deferentes e ejaculatórios, uretra e glândulas sexuais acessórias – vesÃculas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais.
Os testÃculos são as gônadas sexuais masculinas, ou seja, são responsáveis pela produção das células sexuais, os espermatozoides. Esse processo é chamado de espermatogênese e acontece nos túbulos seminÃferos motivado pela ação da testosterona, principal hormônio masculino também sintetizado nesse órgão.
Um dos fatores necessários para o sucesso da espermatogênese é a temperatura testicular, que deve estar abaixo da corporal. A bolsa testicular é responsável por manter os testÃculos na temperatura ideal, além de protegê-los contra danos externos.
Depois de produzidos os espermatozoides são armazenados nos epidÃdimos, ductos em que amadurecem e formam a cauda, porção que lhes confere a capacidade de movimentar no organismo feminino.
Quando ocorre o estÃmulo sexual os espermatozoides são transportados aos ductos deferentes e, posteriormente aos ejaculatórios para serem lançados na uretra e expelidos pelo pênis na ejaculação. Durante esse trajeto recebem os lÃquidos produzidos pelas glândulas anexas formando o sêmen, substância que vai facilitar o transporte, nutrir e proteger os gametas masculinos no ambiente feminino para que pelo menos um deles alcance o óvulo e o fertilize.
Diferentes doenças e condições podem causar alterações nessas etapas, resultando, dessa forma, em dificuldades para engravidar a parceira. No entanto, o diagnóstico de infertilidade é determinado apenas após pelo menos um ano de tentativas sem o uso de qualquer método contraceptivo. É comum, por exemplo, que alguns casais demorem mais tempo para engravidar.
A infertilidade masculina geralmente é consequência de obstruções que inibem o transporte dos espermatozoides, de anormalidade estruturais ou de interferências na espermatogênese, o que pode ser provocado por diferentes doenças e condições. Algumas, apresentam sintomas que contribuem para o diagnóstico e tratamento precoces, evitando, dessa forma, maiores danos.
É possÃvel observar, por exemplo, dor e inchaço em um ou ambos os testÃculos, assimetria testicular, presença de nódulos, de secreção peniana anormal, de varizes testiculares, além da perda de pelos faciais e corporais.
A manifestação de um ou mais indica a necessidade de procurar um especialista para investigar a causa, independentemente, nesse caso, do tempo de tentativas.
Saiba como é feita a investigação da infertilidade masculina
A investigação da infertilidade masculina inicia com a anamnese, entrevista em que são abordados diferentes aspectos, como idade de cada parceiro, perÃodo de infertilidade, histórico clÃnico de doenças pregressas, inclusive infecções sexualmente transmissÃveis (ISTs), como clamÃdia e gonorreia, que podem afetar órgãos como os testÃculos (orquite) e os epidÃdimos (epididimite), resultando em desequilÃbrios hormonais ou aderências que provocam bloqueios.
O uso de medicamentos, assim como hábitos de vida, tratamentos e cirurgias anteriores também são abordados. Na ocasião é feito, ainda, o acolhimento dos possÃveis sintomas e realizado o exame fÃsico, que pode identificar as alterações testiculares, corporais, na próstata e secreções penianas, por exemplo.
A partir dessas informações são definidos os exames iniciais para a investigar a infertilidade masculina.
O primeiro normalmente solicitado é o espermograma, que permite determinar critérios como qualidade seminal, presença e concentração de espermatozoides nas amostras, morfologia (forma) e motilidade (movimento) adequados e indicar existência de glóbulos brancos que evidenciam a possibilidade de processos inflamatórios.
Entre os possÃveis diagnósticos apontados pelo espermograma está a azoospermia, uma das principais causas de infertilidade masculina.
Nessa condição os gametas masculinos não estão presentes no sêmen como consequência de obstruções que inibem o transporte ou de interferências na espermatogênese, nesse caso muitas vezes motivadas por outra doença masculina comum, a varicocele, caracterizada pelo desenvolvimento de varizes testiculares que interferem na temperatura da bolsa testicular.
Os resultados apontados pelo espermograma orientam a realização de outros exames laboratoriais e de imagem. Os mais frequentemente solicitados são:
Exames laboratoriais
- Teste de fragmentação do DNA espermático: a fragmentação do DNA espermático é um problema que não pode ser identificado pelo espermograma. Resulta em má qualidade embrionária e, assim, em falhas na implantação do embrião e abortamento;
- Testes hormonais: são realizados para avaliar os nÃveis dos hormônios envolvidos no processo reprodutivo. O desequilÃbrio hormonal pode comprometer a produção adequada dos gametas masculinos;
- Testes sorológicos: os testes sorológicos são solicitados quando há suspeita de processos inflamatórios causados por bactérias sexualmente transmissÃveis (ISTs).
Exames de imagem
- Ultrassonografia da bolsa testicular: permite detectar possÃveis bloqueios que podem impedir o transporte dos espermatozoides;
- Ultrassonografia da bolsa testicular com Doppler: solicitada para confirmar a suspeita de varicocele;
- Ultrassonografia transretal: solicitada quando há suspeita de alterações na próstata. Inflamações podem comprometer a qualidade do lÃquido prostático e, consequentemente, do sêmen;
- Ressonância magnética: geralmente solicitada de forma complementar quando os resultados da ultrassonografia são inconclusivos.
Os resultados de todos os exames diagnósticos são importantes para a determinação do tratamento mais adequado para cada paciente, que deve ser sempre individualizado.
A infertilidade masculina pode ser solucionada por tratamentos farmacológicos, cirúrgicos ou de reprodução assistida. Medicamentos, como os antibióticos, são prescritos quando o problema é causado por infecções sexualmente transmissÃveis, por exemplo, enquanto a cirurgia permite a remoção de possÃveis bloqueios que impedem o transporte dos espermatozoides.
Nos casos em que os tratamentos primários não permitem a restauração da fertilidade, quando os danos são maiores ou se os espermatozoides não estiverem presentes no sêmen, é indicada a fertilização in vitro (FIV) com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que a fecundação é realizada em laboratório após a capacitação dos espermatozoides pelo preparo seminal, técnica que possibilita a seleção dos melhores.
Se eles não estiverem presentes no sêmen podem ser recuperados diretamente dos epidÃdimos ou testÃculos por diferentes abordagens e submetidos ao preparo seminal.
Após a seleção dos melhores espermatozoides, cada um é injetado diretamente no citoplasma dos óvulos, o que aumenta as chances de sucesso da fecundação. Os embriões formados são posteriormente transferidos ao útero materno.
Casos mais simples, como a infertilidade masculina causada por problemas de ejaculação ou pequenas alterações nos gametas, podem ser solucionados pela inseminação artificial (IA), técnica em que as amostras com os melhores espermatozoides são inseridas no útero da parceira durante o perÃodo fértil.
Com o diagnóstico e tratamento adequados, portanto, é possÃvel ter filhos na maioria dos casos de infertilidade masculina.
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