O processo em que o corpo se mantém em equilÃbrio constante é denominado homeostasia e acontece pela ação de diferentes hormônios, que agem em órgãos ou tecidos especÃficos garantindo que eles cumpram adequadamente sua função.
A produção é/ou secreção desses hormônios é regulada por glândulas do sistema endócrino. Uma das mais importantes é a tireoide, cujos hormônios atuam no metabolismo das células, permitindo que outros sistemas essenciais se mantenham equilibrados, entre eles o reprodutivo.
As atividades do sistema endócrino são controladas principalmente pelo hipotálamo e pela hipófise, por meio de mecanismos denominados de feedback ou retroalimentação, que podem ser negativos ou positivos.
O mais comum é o negativo, tem como objetivo limitar os excessos de determinado hormônio, interrompendo sua produção para que os nÃveis permaneçam adequados no organismo. Já no caso positivo a secreção é estimulada.
Hipotireoidismo é um distúrbio da tireoide consequente de alterações nos nÃveis dos hormônios produzidos por essa glândula, com diversas consequências para a saúde geral e reprodutiva, resultando, nesse caso, muitas vezes em infertilidade.
Leia este texto até o final para saber como é feito o diagnóstico de hipotireoidismo, interferências na fertilidade de mulheres e homens e os tratamentos disponÃveis. Confira!
O que é hipotireoidismo?
A função dos hormônios tireoidianos é estimular o metabolismo das células. A produção é controlada pelo eixo hipotálamo-hipófise-tireoide. O hipotálamo produz o hormônio liberador de tireotrofina (TRH), que estimula a hipófise a produzir TSH, o hormônio estimulante da tireoide.
Ao ser liberado na corrente sanguÃnea o TSH se liga aos receptores da tireoide estimulando a produção dos hormônios tireoidianos, a triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4). Quando os nÃveis desses hormônios não atingem a concentração ideal, um feedback positivo aumenta a produção de TSH, no entanto, algumas condições podem interferir no mecanismo de retorno, resultando em hipotireoidismo.
Hipotireoidismo, portanto, é o distúrbio da tireoide caracterizado pela produção insuficiente de hormônios tireoidianos. Tumores na hipófise, histórico familiar e determinados medicamentos estão entre as possÃveis causas, no entanto, a mais comum é a tireoide de Hashimoto, uma doença autoimune em que anticorpos, equivocadamente, atacam a tireoide.
A diminuição desses hormônio interfere no metabolismo geral, assim, os processos do corpo começam a desacelerar, resultando em sintomas que vão do cansaço extremo, inchaço e ressecamento da pele, à intolerância ao frio, depressão, diminuição da memória, dos reflexos e frequência cardÃaca, por exemplo.
Os ciclos menstruais femininos também se tornam irregulares e é possÃvel observar um aumento do fluxo menstrual, o que sinaliza para possÃveis problemas de infertilidade.
Nas mulheres, o hipotireoidismo pode interferir no desenvolvimento e amadurecimento dos folÃculos ovarianos, estruturas que armazenam os óvulos imaturos, levando à ovulação irregular (oligovulação) ou ausente (anovulação). E, no preparo do endométrio, o que provoca falhas na implantação do embrião e abortamento.
Enquanto nos homens o principal efeito ocorre na espermatogênese, processo de produção dos espermatozoides, resultando na baixa concentração dos gametas (oligozoospermia) ou ausência no sêmen (azoospermia).
Como o hipotireoidismo é diagnosticado?
Os sintomas do hipotireoidismo, gerais ou especÃficos das mulheres, por exemplo, podem ser comuns a outras doenças. Por isso, apesar de ajudarem na orientação do diagnóstico, devem ser realizados exames laboratoriais e de imagem para confirmar o distúrbio, bem como considerados outros aspectos, incluindo histórico médico e familiar.
Durante o exame fÃsico o médico verifica a glândula tireoide e possÃveis alterações fÃsicas, como pele seca, inchaço, reflexo e frequência cardÃaca mais lentos. Na ocasião, são solicitados dois exames de sangue: teste de TSH e teste da tiroxina (T4).
- Teste de TSH: avalia os nÃveis do hormônio estimulante da tireoide. O TSH alto indica que a tireoide não está produzindo seus hormônios de forma suficiente, alteração que sugere o diagnóstico de hipertireoidismo;
- Teste de T4: apenas a tiroxina livre, ou seja, não ligada a proteÃnas, consegue penetrar as células do corpo, portanto a sua dosagem permite avaliar o funcionamento da tireoide. NÃveis baixos também sugerem hipotireoidismo.
Se a infertilidade for um dos sintomas, comprovada após um ano de tentativas malsucedidas para engravidar sem o uso de nenhum método contraceptivo, são solicitados exames para avaliar a reserva ovariana, definindo a quantidade de folÃculos com capacidade para ovular no momento; além da saúde seminal e dos espermatozoides, o que é feito pelo espermograma.
Exames de imagem podem ainda ser solicitados para avaliar os órgãos reprodutores e identificar outras possÃveis condições que podem causar ciclos menstruais irregulares, como a sÃndrome dos ovários policÃsticos (SOP), a endometriose e os miomas uterinos.
O tratamento é individualizado, definido a partir dos resultados diagnósticos.
Tratamento, infertilidade e reprodução assistida
O tratamento do hipotireoidismo é feito por medicamentos hormonais, geralmente semelhantes à tiroxina (T4). É diário e vitalÃcio, embora as dosagens sofram ajustes com o tempo. Em alguns casos, a reposição hormonal permite engravidar naturalmente.
No entanto, se isso não acontecer, a reprodução assistida ajuda a ter filhos biológicos. A técnica mais indicada é a fertilização in vitro (FIV), que permite contornar os distúrbios de ovulação, minimizar possÃveis falhas de implantação embrionária e a ausência de espermatozoides no sêmen.
Na estimulação ovariana, por exemplo, são utilizados medicamentos hormonais que auxiliam na função ovariana, permitindo a obtenção da quantidade de óvulos necessária à fecundação, realizada em laboratório. Hormônios também auxiliam o preparo do endométrio, tornando-o adequadamente preparado para o embrião se implantar.
Além disso, em homens com azoospermia os espermatozoides podem ser recuperados diretamente dos testÃculos e epidÃdimos por diferentes métodos de recuperação espermática, e os melhores selecionados pelo preparo seminal para serem utilizados na fecundação.
O tratamento do hipotireoidismo, portanto, possibilita desde o alÃvio dos sintomas à obtenção da gravidez.
Toque e aqui e conheça outras doenças e condições que podem resultar em infertilidade feminina!
A gravidez é um processo complexo, que envolve diferentes elementos, por isso é comum várias dúvidas surgirem durante a tentativa de engravidar. Termos como gônadas, gametas, embrião, mórula, blastocisto, fecundação, nidação e eclosão, por exemplo, são frequentemente utilizados em referência ao processo, por profissionais de […]
Ler mais...