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Hipotireoidismo: sintomas

por Dr. Augusto Bussab



"Com um formato semelhante ao de uma borboleta, a tireoide é uma das maiores glândulas do corpo humano. Fica localizada no pescoço, logo abaixo da laringe, e produz hormônios importantes para controlar o metabolismo das células.  Esses hormônios atuam nas funções de órgãos como o […]"
Hipotireoidismo: sintomas

Com um formato semelhante ao de uma borboleta, a tireoide é uma das maiores glândulas do corpo humano. Fica localizada no pescoço, logo abaixo da laringe, e produz hormônios importantes para controlar o metabolismo das células. 

Esses hormônios atuam nas funções de órgãos como o fígado, rins, coração, cérebro, ovários e testículos, interferindo em diferentes aspectos, incluindo o crescimento, peso, memória, humor, controle emocional, desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos e produção dos espermatozoides. 

Distúrbios da tireoide, como o hipotireoidismo, podem afetar a saúde geral de diferentes formas e a capacidade de reprodutiva de mulheres e homens, resultando em infertilidade feminina ou masculina. 

Continua a leitura até o final para saber o que é hipotireoidismo e conhecer os sintomas que alertam para a necessidade de procurar auxílio médico. Diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para evitar maiores danos e promover a restauração da fertilidade. Confira! 

O que é hipotireoidismo? 

A atividade da tireoide é regulada pela hipófise, glândula responsável pela secreção de TSH, hormônio estimulante da tireoide, que por sua vez estimula a produção dos hormônios tireoidianos, a triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4).

Quando essa atividade está abaixo do normal, ou seja, a tireoide não produz a quantidade suficiente de hormônios para suprir as necessidades do corpo, a condição é conhecida como hipotireoidismo ou tireoide hipoativa. 

O hipotireoidismo é mais frequente em mulheres acima de 40 anos, embora possa ocorrer em qualquer idade, inclusive na infância e na fase reprodutiva, e, é mais raro em homens. 

A causa mais comum é a tireoide de Hashimoto, uma doença autoimune em que anticorpos atacam essa glândula erroneamente afetando a produção hormonal. Porém, a baixa produção pode ocorrer como consequência de outros fatores: 

  • tumores na hipófise: tumores, mesmo os benignos, provocam alterações nos níveis de TSH, o que interfere, consequentemente, na produção dos hormônios tireoidianos;
  • histórico familiar: pessoas com histórico familiar de hipotireoidismo têm risco aumentado de desenvolver a condição;
  • medicamentos utilizados para o tratamento de hipertireoidismo: o hipertireoidismo é uma condição contrária, em que há aumento da produção dos hormônios tireoidianos. O controle inadequado dos medicamentos pode levar a uma redução maior dos níveis resultando, muitas vezes, em hipotireoidismo permanente;
  • neoplasias de cabeça e pescoço: baixos níveis de hormônios tireoidianos pode ser ainda consequência de terapias de radiação para essas neoplasias ou da remoção de parte ou totalidade da tireoide como consequência dos tumores;
  • medicamentos para o tratamento de distúrbios psiquiátricos: medicamentos, como o lítio, também são apontados como fator de risco para a redução dos níveis dos hormônios tireoidianos. 

O controle adequado, a substituição ou suspensão dos medicamentos que afetam a tireoide, podem regular a atividade da glândula proporcionando o equilíbrio hormonal. Porém, independentemente da causa, é importante observar os possíveis sintomas manifestados pelo hipotireoidismo. 

Conheça os principais sintomas do hipotireoidismo

Embora geralmente seja assintomático nos estágios iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce, à medida que o hipotireoidismo se desenvolve ocorrem diferentes sintomas, que variam em intensidade de acordo com a gravidade da deficiência hormonal. Os principais são:

  •  ciclos menstruais irregulares;
  • aumento do fluxo menstrual;
  • problemas na potência sexual masculina;
  • ganho de peso com dificuldades para emagrecer; 
  • perda da libido; 
  • cansaço e fraqueza; 
  • dores musculares;
  • dor, rigidez ou inchaço nas articulações; 
  • inchaço na face; 
  • ressecamento da pele;
  • queda de cabelo;
  •  rouquidão;
  • glândula tireoide aumentada;
  • diminuição do ritmo cardíaco; 
  • depressão;
  • elevação do colesterol;
  • infertilidade.

Os hormônios tireoidianos atuam em processos reprodutivos importantes, como o desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos, que contêm os óvulos imaturos e na secreção de testosterona, principal hormônio masculino, fundamental para o sucesso da espermatogênese, processo de produção dos espermatozoides. 

Os baixos níveis, podem causar distúrbios de ovulação, comprometendo a liberação do óvulo, assim como a baixa concentração ou ausência dos espermatozoides no sêmen, diminuindo ou impedindo a fecundação nas duas situações. 

Além disso, podem levar à uma condição chamada defeito na fase lútea, última do ciclo menstrual em que o folículo que armazenava o óvulo se transforma em uma glândula endócrina temporária após se romper para liberá-lo.

Conhecida como corpo lúteo, essa glândula secreta progesterona, hormônio que atua no preparo final do endométrio iniciado pelo estrogênio na primeira fase do ciclo menstrual. O preparo inadequado, leva ao deslocamento da janela de implantação, período mais receptivo para o embrião se implantar, resultando em falhas e abortamento. 

O hipotireoidismo pode causar ainda efeitos obstétricos adversos, como parto prematuro e pré-eclâmpsia durante a gravidez. 

Assim, se houver a manifestação de um ou mais sintomas, incluindo a dificuldade para engravidar, é importante procurar um especialista com urgência para que o diagnóstico e tratamento sejam feitos precocemente.

O diagnóstico de hipotireoidismo é realizado pelo exame de sangue, com a análise dos níveis do hormônio estimulador da tireoide TSH e dos hormônios tireoidianos T3 e T4. Em Pessoas com hipotireoidismo, o TSH se apresenta elevado, enquanto a tiroxina (T4) geralmente é mais baixa.

É recomendado que todas as mulheres em idade reprodutiva que desejam engravidar façam essa investigação, independentemente de terem ou não problemas de fertilidade, bem como as pessoas que têm histórico familiar. 

Tratamento e reprodução assistida

O tratamento do hipotireoidismo é feito por reposição hormonal, com medicamentos que devem ser administrados diariamente durante toda a vida, ainda que as dosagens sejam menores com o tempo. 

Mesmo nos casos em que não proporciona a restauração da fertilidade, além de aliviar outros sintomas é importante para o sucesso dos tratamentos de reprodução assistida. A técnica utilizada para aumentar as chances de engravidar quando a infertilidade é consequência do hipotireoidismo é a fertilização in vitro (FIV). 

Na FIV, a fecundação é realizada em laboratório. Para coletar os óvulos que vão ser utilizados, a mulher é submetida à estimulação ovariana, procedimento que utiliza medicamentos hormonais para induzir o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos ovarianos. 

Enquanto os homens com baixa concentração ou ausência de espermatozoides no sêmen são submetidos a técnicas de recuperação espermática, que permitem coletá-los diretamente dos testículos ou dos epidídimos.

Os embriões formados na fecundação se desenvolvem por alguns dias em laboratório e são posteriormente transferidos ao útero materno. Antes da transferência, o endométrio também pode ser preparado por medicamentos hormonais, minimizando possíveis falhas na implantação.

A FIV contorna os principais problemas provocados pelo hipotireoidismo, aumentando bastante as chances de ter filhos biológicos. 

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