Fertilidade é a capacidade de ter filhos naturalmente, ou seja, por relação sexual. Para que isso aconteça, entretanto, os órgãos reprodutores devem funcionar adequadamente e trabalhar em sintonia com o sistema endócrino, conjunto de glândulas responsáveis pela produção e secreção de hormônios, substâncias que exercem um papel fundamental no processo reprodutivo.
O hipotálamo coordenada a maior parte das funções endócrinas, com ação direta sobre a hipófise, principal glândula do sistema endócrino, e indireta sobre outras, como as gônadas sexuais femininas e masculinas, ovários e testÃculos respectivamente.
Localizado no centro do sistema nervoso, acima da hipófise, seu principal papel é manter o corpo em equilÃbrio, o que é chamado homeostase, regulando a função reprodutiva e outras como temperatura corporal, apetite, sono, sede, estado emocional, pressão arterial, frequência cardÃaca e mesmo o desejo sexual.
Alterações na função do hipotálamo, portanto, podem resultar em diferentes problemas para a saúde em geral e fertilidade, dificultando ou impedindo a gestação natural.
Continue a leitura até o final para entender qual a função do hipotálamo na fertilidade de mulheres e homens e as consequências do funcionamento inadequado. Confira!
Como o hipotálamo atua na fertilidade?
A fertilidade é regulada pelo eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal. O hipotálamo é responsável pela produção de hormônios essenciais, como o GnRH, hormônio liberador de gonadotrofina.
No inÃcio dos ciclos menstruais, o hipotálamo libera o GnRH na corrente sanguÃnea, estimulando a hipófise a secretar o hormônio folÃculo-estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH). Enquanto o FSH atua no recrutamento e crescimento dos folÃculos ovarianos, que contêm o óvulo imaturo, o LH promove o amadurecimento do que se destacou entre eles, tornando-se dominante.
Esse folÃculo dominante passa a secretar estrogênio, hormônio que atua no espessamento do endométrio, tecido de revestimento interno do útero no qual o embrião se implanta para dar inÃcio à gestação.
Quando já se desenvolveu o suficiente, um pico de LH o induz ao amadurecimento final e rompimento para liberação do óvulo, que aguarda por 24h nas tubas uterinas para ser fecundado pelo espermatozoide.
O folÃculo rompido, ainda estimulado pelo LH se transforma em uma glândula endócrina temporária, corpo lúteo, cuja função é a secreção de progesterona, hormônio responsável pelo espessamento final do endométrio.
Se o óvulo for fecundado, o embrião se implanta no endométrio entre o quinto e sexto dia de desenvolvimento, etapa que masca o inÃcio da gestação. Já quando a fecundação não ocorre, os nÃveis hormonais diminuem provocando a descamação do endométrio, a menstruação e um novo ciclo menstrual.
FSH e LH também atuam no processo de produção dos espermatozoides, espermatogênese, estimulando as células especializadas.
Enquanto o LH estimula a secreção de testosterona pelas células de Leydig – principal hormônio masculino fundamental para esse processo e para o amadurecimento dos espermatozoides formados –, o FSH atua nas células de Sertoli, que modulam o processo de divisão e diferenciação das percussoras dos espermatozoides, as espermátides.
Além do GnRH, outro hormônio produzido pelo hipotálamo também influencia na fertilidade, o TSH, hormônio estimulante da tireoide, que estimula essa glândula a produzir outros dois hormônios, a triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4).
Os hormônios tireoidianos desempenham um papel igualmente importante no desenvolvimento e amadurecimento dos folÃculos ovarianos, na produção de espermatozoides e na implantação do embrião.
Assim, disfunções no hipotálamo podem resultar em desequilÃbrio hormonal e, dessa forma, em infertilidade feminina e masculina. Nas mulheres, o desequilÃbrio pode provocar distúrbios de ovulação, quando há dificuldades no processo de desenvolvimento, amadurecimento ou rompimento do folÃculo, cuja principal consequência é a anovulação ou ausência de ovulação.
A ausência de menstruação é um sinal importante de distúrbios de ovulação como consequência da disfunção do hipotálamo. A condição é denominada amenorreia hipotalâmica funcional.
Já nos homens, o desequilÃbrio prejudica a espermatogênese, levando à baixa concentração (oligozoospermia) ou ausência de espermatozoides no sêmen (azoospermia), dificultando ou impedindo a fecundação.
Mesmo quando a fecundação acontece com o desequilÃbrio hormonal o endométrio não é corretamente preparado, o que leva a falhas na implantação e abortamento.
Na maioria dos casos, o problema é corrigido por terapia hormonal, assim como a gravidez pode ser obtida com auxÃlio da reprodução assistida, particularmente pelo tratamento por FIV, fertilização in vitro, considerada a principal técnica.
Reprodução assistida
A FIV é uma técnica de reprodução assistida de alta complexidade, que reproduz etapas importantes da gravidez em laboratório como a fecundação e o desenvolvimento inicial dos embriões.
Na primeira etapa do tratamento, estimulação ovariana, são utilizados medicamentos hormonais sintéticos semelhantes aos naturais para induzir o desenvolvimento e amadurecimento de mais folÃculos ovarianos, coletados por punção folicular para posterior extração dos óvulos.
Nos casos em que os espermatozoides não estão presentes no sêmen, azoospermia, eles podem ser coletados diretamente dos testÃculos ou dos epidÃdimos, ductos em que são armazenados depois de produzidos.
Atualmente, a fecundação é feita por ICSI na maioria das clÃnicas de reprodução assistida, método em que cada espermatozoide é injetado diretamente no citoplasma do óvulo. Os embriões formados na fecundação são transferidos ao útero após alguns dias de desenvolvimento para se implantar naturalmente.
Disfunções no hipotálamo, entretanto, embora tenham um grande impacto na fertilidade, não são uma causa comum de infertilidade. Toque aqui e conheça as principais doenças e condições que podem interferir na capacidade reprodutiva das mulheres e provocar a infertilidade feminina.
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