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Hiperandrogenismo: como tratar e qual a relação com a SOP?

por Dr. Augusto Bussab



"Se observarmos o significado da própria palavra hiperandrogenismo, veremos que ela significa uma aumento (hiper) na produção (genismo, gênese) de hormônios tidos como masculinos (andros). Essa disfunção metabólica afeta as mulheres, principalmente em idade reprodutiva, e muitas vezes está acompanhada de infertilidade, normalmente resultando de […]"
Hiperandrogenismo: como tratar e qual a relação com a SOP?

Se observarmos o significado da própria palavra hiperandrogenismo, veremos que ela significa uma aumento (hiper) na produção (genismo, gênese) de hormônios tidos como masculinos (andros).

Essa disfunção metabólica afeta as mulheres, principalmente em idade reprodutiva, e muitas vezes está acompanhada de infertilidade, normalmente resultando de desequilíbrios na produção e concentração de androgênios, entre os quais o mais conhecido é a testosterona.

Ao contrário do que a maior parte das pessoas imagina, a testosterona não é um hormônio produzido exclusivamente pelo corpo masculino, ainda que os homens apresentem concentrações mais elevadas que as mulheres. Os quadros de hiperandrogenismo estão diretamente relacionados a esse hormônio.

Os sintomas físicos do hiperandrogenismo incluem alterações na pele, glândulas sebáceas e queda de cabelos das mulheres, e pode incluir sinais de virilização, como o aparecimento de pelos em locais tipicamente masculinos.

O mecanismo bioquímico por trás desses sintomas envolve o metabolismo da testosterona e, em alguns casos, outras doenças simultâneas, como diabetes, hipertensão e obesidade, além de distúrbios reprodutivos.

A SOP (síndrome dos ovários policísticos) é uma doença metabólica, que tem como um de seus principais sintomas o hiperandrogenismo. Afeta principalmente mulheres em idade reprodutiva, provocando, inclusive, transtornos emocionais, relacionados à autoestima e qualidade de vida.

Este texto mostra a relação entre a SOP e as diversas manifestações do hiperandrogenismo, bem como as possibilidades terapêuticas para a mulher que deseja ou não engravidar em um curto prazo.

O que provoca o hiperandrogenismo?

O hiperandrogenismo, por definição, é o conjunto de sintomas que resulta do aumento na concentração de androgênios em mulheres.

Os androgênios são hormônios esteroides, derivados do colesterol e sintetizados, no corpo feminino pela ação do LH (hormônio luteinizante), nas células foliculares da teca, e pelas glândulas adrenais. Seu metabolismo também está conectado à atividade de órgãos e estruturas, como o fígado, músculos, pele e tecido adiposo.

De forma geral, podemos dizer que enquanto nos ovários, músculos e tecido adiposo, os androgênios são convertidos em estrogênio, os tecidos periféricos das glândulas sebáceas, pelos e pele são considerados tecidos alvo destes hormônios.

A maior parte dos androgênios produzidos pelo corpo das mulheres está na forma de testosterona, contudo, esse hormônio circula majoritariamente ligado a uma proteína chamada 𝛽–globulina, produzida pelo fígado, que o torna inativo aos receptores de androgênios dos tecidos periféricos.

Normalmente, as doenças que têm no hiperandrogenismo um dos seus sintomas são decorrentes de dificuldades com o metabolismo da insulina, desequilíbrios na produção dos hormônios hipofisários, que controlam a produção e a conversão da testosterona nos ovários – como acontece na SOP –, da diminuição na concentração de 𝛽–globulina, de hiperplasia adrenal congênita e também de alguns tipos de câncer.

Quais as consequências do hiperandrogenismo?

O aumento na concentração de testosterona ativa nas mulheres provoca o aparecimento de sinais físicos e visíveis, relacionados aos tecidos alvo da testosterona – pele e complexo pilossebáceo – e outras consequências metabólicas mais sistêmicas:

  • Ovários aumentados e policísticos;
  • Amenorreia;
  • Hirsutismo;
  • Acne;
  • Alopecia;
  • Seborreia;
  • Virilização;
  • Obesidade;
  • Hiperplasia adrenal;
  • Hiperinsulinemia;
  • Infertilidade.

Os dois principais sintomas da SOP são hiperandrogenismo e infertilidade por anovulação, com manifestação de amenorreia (ausência de menstruação). Nesses casos, as alterações metabólicas estão relacionadas a anomalias na secreção de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas).

Em linhas gerais, na SOP, a gonadotrofina LH (hormônio luteinizante) que, entre outras funções, estimula a produção de testosterona, está aumentada, ao passo que a secreção de FSH (hormônio folículo-estimulante), que atua também na conversão da testosterona em estrogênio, mostra-se rebaixada.

Com isso, não somente a concentração de testosterona aumenta, mas também a de estrogênio diminui, provocando um déficit desse hormônio. A ovulação é um processo que depende do pico de estrogênio, FSH e LH para acontecer e, no caso da SOP, essas alterações metabólicas impedem o pico e, consequentemente, a ovulação.

Como é feito o tratamento para os sinais do hiperandrogenismo?

Atualmente, as principais abordagens terapêuticas para as manifestações físicas da SOP, e para outras doenças em que o hiperandrogenismo é um sintoma importante, recomendam uma profunda modificação no estilo de vida e oferecem tratamentos medicamentosos para o controle dos sintomas.

A regulação dos hábitos alimentares e a prática de atividades físicas têm mostrado resultados expressivos no combate dos sintomas hiperandrogênicos, bem como a manutenção de uma rotina pouco estressante.

O tratamento medicamentoso normalmente tem como objetivo regular a dinâmica hormonal por trás do aumento na concentração de testosterona, e inclui contraceptivos orais combinados de estrogênio e progesterona, medicamentos hormonais inibidores da ação androgênica e sensibilizantes de insulina.

É importante lembrar que os tratamentos devem ser sempre definidos de forma individualizada, analisando as especificidades e demandas pontuais de cada caso, inclusive os desejos reprodutivos da mulher.

Como é a conduta para mulheres que desejam engravidar?

Para as mulheres com SOP que desejam engravidar, os tratamentos medicamentosos à base de hormônios podem não ser convenientes, justamente por sua função contraceptiva.

Para esses casos, a medicina reprodutiva oferece saídas para o tratamento da infertilidade decorrente da SOP, com a indicação de diferentes técnicas de reprodução assistida, como a IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro).

Contudo, os sintomas originados pelo quadro de hiperandrogenismo podem permanecer, mesmo durante o tratamento com as técnicas, ainda que a gestação em si ofereça um potencial de mudança na dinâmica hormonal, que pode contribuir para uma diminuição dos sintomas como um todo.

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