A saúde reprodutiva da mulher pode ser afetada por diferentes doenças, que comprometem o funcionamento correto dos órgãos reprodutores e, dessa forma, a fertilidade. Algumas são bastante conhecidas, como os miomas uterinos e a endometriose, cuja elevada incidência no mundo contemporâneo a tornou uma das principais causas de infertilidade feminina.
Embora a hidrossalpinge seja uma doença ainda pouco conhecida é relativamente comum, resulta de inflamações e pode levar à obstrução das tubas uterinas, o que impossibilita ou dificulta a fecundação impedindo, assim, o sucesso de uma gestação.
Neste texto explicamos a hidrossalpinge, destacando o funcionamento das tubas uterinas, sua função na fertilidade e a importância dessas estruturas para o processo gestacional. Boa leitura!
Tubas uterinas e função na fertilidade
As tubas uterinas fazem parte do sistema reprodutor feminino. Também conhecidas como trompas de Falópio, são dois tubos com aproximadamente 10 cm que fazem a ligação entre o útero e os ovários.
Localizadas uma a cada lado útero, têm importantes funções:
- sediar a fecundação: a fecundação, evento em que ocorre a fusão entre óvulo e espermatozoide para originar um novo indivÃduo acontece mais especificamente na ampola, porção mais dilatada das tubas uterinas;
- captação do óvulo: para que o encontro entre os gametas aconteça, uma das tubas capta o óvulo liberado pelo ovário a cada ciclo menstrual e o conduz até a ampola;
- transporte dos espermatozoides: também é pelas uterinas que os espermatozoides são conduzidos até o óvulo. Milhares são liberados a cada ejaculação, mas apenas um o alcança para fecundá-lo;
- transporte do embrião: o embrião que resulta da fecundação inicia o processo de divisão celular ainda nas tubas uterinas enquanto é conduzido ao útero para se implantar no endométrio, camada de revestimento interno, e dar inÃcio à gestação.
Obstruções nas tubas uterinas, portanto, podem interferir em qualquer uma dessas funções e resultar em infertilidade.
Entenda o que é hidrossalpinge e quais as suas causas
A hidrossalpinge tem como caracterÃstica o acúmulo de lÃquido nas tubas uterinas. Pode ser unilateral ou bilateral e geralmente é consequência de um processo inflamatório tubário denominado salpingite.
A principal causa de salpingite é a doença inflamatória pélvica (DIP), em que podem ocorrer inflamações de todos os órgãos reprodutores, incluindo as tubas uterinas. A DIP, por sua vez, é provocada na maioria das vezes por bactérias sexualmente transmissÃveis, principalmente as da clamÃdia e gonorreia, ISTs bastante comuns que podem ser contraÃdas pela prática sexual sem o uso de preservativos de barreira.
Porém, a hidrossalpinge pode ser ainda resultado de inflamações em outros locais ou mesmo de procedimentos cirúrgicos.
O acúmulo de lÃquido pode obstruir essas estruturas comprometendo sua função. Quando ocorre apenas em uma é possÃvel contar com a outra no processo de gravidez, porém a dificuldade é maior, pois o óvulo normalmente é liberado por um ovário diferente a cada ciclo menstrual. A obstrução bilateral, por outro lado, tende a impactar bastante a fertilidade.
Quais são os sintomas da hidrossalpinge?
Ainda que a hidrossalpinge seja uma condição assintomática na maioria dos casos, o que dificulta o diagnóstico precoce, é possÃvel identificar alguns sintomas se a doença for consequência de uma infecção sexualmente transmissÃvel (IST). Além da dificuldade para engravidar, a mulher pode manifestar:
- Dor pélvica;
- Corrimento vaginal com odor forte;
- Sangramento fora do perÃodo menstrual;
- Dispareunia (dor durante as relações sexuais);
- Febre.
Os sintomas são um importante alerta para o problema, evitando que a infecção se espalhe para outros órgão reprodutores ou cause maiores danos à tubas uterinas, o que pode acontecer quando se torna persistente.
Como a hidrossalpinge é diagnosticada?
A hidrossalpinge assintomática tende a ser um achado incidental durante os exames ginecológicos de rotina ou investigação da infertilidade. No entanto, quando causa sintomas a investigação começa com o exame clÃnico e, posteriormente, são realizados os laboratoriais e de imagem para confirmar a suspeita.
Entre os laboratoriais estão a análise de secreções e exame de sangue para identificar a presença de bactérias e definir o tipo. Inicialmente, é feita também a ultrassonografia transvaginal, primeiro exame de imagem realizado muitas vezes ainda durante a consulta inicial.
O exame considerado padrão-ouro para avaliar obstruções tubárias, entretanto, é a histerossalpingografia, que utiliza raio-X e contraste para identificar o problema, permitindo uma avaliação mais detalhada dessas estruturas.
A partir dos resultados diagnósticos é definido o tratamento, sempre individualizado de acordo com cada caso.
Tratamento, infertilidade e reprodução assistida
Inicialmente é tratada a causa que levou à hidrossalpinge. Se forem bactérias sexualmente transmissÃveis, por exemplo, são prescritos antibióticos. A parceria sexual também deve ser medicada nesse caso para evitar a reinfecção.
Quando a hidrossalpinge provoca obstruções a indicação é cirúrgica. O procedimento tem como objetivo drenar o lÃquido, reparar possÃveis danos e quase sempre proporciona a gravidez. Porém, muitas vezes pode ser necessária a remoção de parte ou totalidade das tubas afetadas. Se ambas forem removidas a infertilidade passa a ser permanente.
Mesmo nos casos em que a fertilidade não é restaurada o tratamento pode ser feito por reprodução assistida. A fertilização in vitro (FIV), principal técnica, realiza a fecundação em laboratório precedida pela coleta e seleção de óvulos e espermatozoides.
Os embriões são posteriormente transferidos ao útero materno. Dessa forma, a função das tubas uterinas não é necessária, possibilitando a gravidez ainda que a infertilidade por fatores tubários seja permanente.
Toque aqui e conheça detalhadamente a histerossalpingografia, exame padrão-ouro para diagnosticar obstruções nas tubas uterinas.
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