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Hidrossalpinge: diagnóstico

por Dr. Augusto Bussab



"A saúde reprodutiva da mulher pode ser afetada por diferentes doenças, que comprometem o funcionamento correto dos órgãos reprodutores e, dessa forma, a fertilidade. Algumas são bastante conhecidas, como os miomas uterinos e a endometriose, cuja elevada incidência no mundo contemporâneo a tornou uma das […]"
Hidrossalpinge: diagnóstico

A saúde reprodutiva da mulher pode ser afetada por diferentes doenças, que comprometem o funcionamento correto dos órgãos reprodutores e, dessa forma, a fertilidade. Algumas são bastante conhecidas, como os miomas uterinos e a endometriose, cuja elevada incidência no mundo contemporâneo a tornou uma das principais causas de infertilidade feminina.

Embora a hidrossalpinge seja uma doença ainda pouco conhecida é relativamente comum, resulta de inflamações e pode levar à obstrução das tubas uterinas, o que impossibilita ou dificulta a fecundação impedindo, assim, o sucesso de uma gestação.

Neste texto explicamos a hidrossalpinge, destacando o funcionamento das tubas uterinas, sua função na fertilidade e a importância dessas estruturas para o processo gestacional. Boa leitura!

Tubas uterinas e função na fertilidade

As tubas uterinas fazem parte do sistema reprodutor feminino. Também conhecidas como trompas de Falópio, são dois tubos com aproximadamente 10 cm que fazem a ligação entre o útero e os ovários.

Localizadas uma a cada lado útero, têm importantes funções:

  • sediar a fecundação: a fecundação, evento em que ocorre a fusão entre óvulo e espermatozoide para originar um novo indivíduo acontece mais especificamente na ampola, porção mais dilatada das tubas uterinas;
  • captação do óvulo: para que o encontro entre os gametas aconteça, uma das tubas capta o óvulo liberado pelo ovário a cada ciclo menstrual e o conduz até a ampola;
  • transporte dos espermatozoides: também é pelas uterinas que os espermatozoides são conduzidos até o óvulo. Milhares são liberados a cada ejaculação, mas apenas um o alcança para fecundá-lo;
  • transporte do embrião: o embrião que resulta da fecundação inicia o processo de divisão celular ainda nas tubas uterinas enquanto é conduzido ao útero para se implantar no endométrio, camada de revestimento interno, e dar início à gestação.

Obstruções nas tubas uterinas, portanto, podem interferir em qualquer uma dessas funções e resultar em infertilidade.

Entenda o que é hidrossalpinge e quais as suas causas

A hidrossalpinge tem como característica o acúmulo de líquido nas tubas uterinas. Pode ser unilateral ou bilateral e geralmente é consequência de um processo inflamatório tubário denominado salpingite.

A principal causa de salpingite é a doença inflamatória pélvica (DIP), em que podem ocorrer inflamações de todos os órgãos reprodutores, incluindo as tubas uterinas. A DIP, por sua vez, é provocada na maioria das vezes por bactérias sexualmente transmissíveis, principalmente as da clamídia e gonorreia, ISTs bastante comuns que podem ser contraídas pela prática sexual sem o uso de preservativos de barreira.

Porém, a hidrossalpinge pode ser ainda resultado de inflamações em outros locais ou mesmo de procedimentos cirúrgicos.

O acúmulo de líquido pode obstruir essas estruturas comprometendo sua função. Quando ocorre apenas em uma é possível contar com a outra no processo de gravidez, porém a dificuldade é maior, pois o óvulo normalmente é liberado por um ovário diferente a cada ciclo menstrual. A obstrução bilateral, por outro lado, tende a impactar bastante a fertilidade.

Quais são os sintomas da hidrossalpinge?

Ainda que a hidrossalpinge seja uma condição assintomática na maioria dos casos, o que dificulta o diagnóstico precoce, é possível identificar alguns sintomas se a doença for consequência de uma infecção sexualmente transmissível (IST). Além da dificuldade para engravidar, a mulher pode manifestar:

  • Dor pélvica;
  • Corrimento vaginal com odor forte;
  • Sangramento fora do período menstrual;
  • Dispareunia (dor durante as relações sexuais);
  • Febre.

Os sintomas são um importante alerta para o problema, evitando que a infecção se espalhe para outros órgão reprodutores ou cause maiores danos à tubas uterinas, o que pode acontecer quando se torna persistente.

Como a hidrossalpinge é diagnosticada?

A hidrossalpinge assintomática tende a ser um achado incidental durante os exames ginecológicos de rotina ou investigação da infertilidade. No entanto, quando causa sintomas a investigação começa com o exame clínico e, posteriormente, são realizados os laboratoriais e de imagem para confirmar a suspeita.

Entre os laboratoriais estão a análise de secreções e exame de sangue para identificar a presença de bactérias e definir o tipo. Inicialmente, é feita também a ultrassonografia transvaginal, primeiro exame de imagem realizado muitas vezes ainda durante a consulta inicial.

O exame considerado padrão-ouro para avaliar obstruções tubárias, entretanto, é a histerossalpingografia, que utiliza raio-X e contraste para identificar o problema, permitindo uma avaliação mais detalhada dessas estruturas.

A partir dos resultados diagnósticos é definido o tratamento, sempre individualizado de acordo com cada caso.

Tratamento, infertilidade e reprodução assistida

Inicialmente é tratada a causa que levou à hidrossalpinge. Se forem bactérias sexualmente transmissíveis, por exemplo, são prescritos antibióticos. A parceria sexual também deve ser medicada nesse caso para evitar a reinfecção.

Quando a hidrossalpinge provoca obstruções a indicação é cirúrgica. O procedimento tem como objetivo drenar o líquido, reparar possíveis danos e quase sempre proporciona a gravidez. Porém, muitas vezes pode ser necessária a remoção de parte ou totalidade das tubas afetadas. Se ambas forem removidas a infertilidade passa a ser permanente.

Mesmo nos casos em que a fertilidade não é restaurada o tratamento pode ser feito por reprodução assistida. A fertilização in vitro (FIV), principal técnica, realiza a fecundação em laboratório precedida pela coleta e seleção de óvulos e espermatozoides.

Os embriões são posteriormente transferidos ao útero materno. Dessa forma, a função das tubas uterinas não é necessária, possibilitando a gravidez ainda que a infertilidade por fatores tubários seja permanente.

Toque aqui e conheça detalhadamente a histerossalpingografia, exame padrão-ouro para diagnosticar obstruções nas tubas uterinas.


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