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hCG e indução da ovulação

por Dr. Augusto Bussab



"Os hormônios são mensageiros químicos que regulam diferentes processos no organismo, incluindo os relacionados à reprodução. São fundamentais, por exemplo, para o crescimento, desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos, estruturas que contêm o óvulo imaturo, para o espessamento do endométrio, camada uterina em que o […]"
hCG e indução da ovulação

Os hormônios são mensageiros químicos que regulam diferentes processos no organismo, incluindo os relacionados à reprodução.

São fundamentais, por exemplo, para o crescimento, desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos, estruturas que contêm o óvulo imaturo, para o espessamento do endométrio, camada uterina em que o embrião se implanta para dar início à gestação, e, para a sua manutenção.

O hCG (gonadotrofina coriônica humana), um desses hormônios, é bastante conhecido pelas mulheres em tentativa de engravidar, uma vez que a medida dos seus níveis é que vai determinar se houve ou não sucesso. Por isso, tornou-se popularmente conhecido como hormônio da gravidez.

Continue a leitura do texto até o final para entender porque o hCG é um importante marcador de gravidez, o seu papel na gestação natural e nos tratamentos com as técnicas de reprodução assistida, em que também é associado à indução da ovulação. Confira!

O que é hCG?

O hCG (gonadotrofina coriônica humana) é um hormônio produzido pelas células do embrião e pela placenta. Sua principal função é auxiliar na manutenção da gravidez, principalmente nos estágios iniciais. Veja, abaixo como esse hormônio atua na gestação natural:

No início dos ciclos menstruais ou reprodutivos das mulheres, vários folículos são recrutados e crescem pela ação do FSH (hormônio folículo-estimulante). No entanto, apenas um entre eles se destaca. Conhecido como folículo dominante, desenvolve e amadurece estimulado pelo LH (hormônio luteinizante).

Durante seu desenvolvimento, esse folículo dominante passa a secretar estrogênio, hormônio que inicia o preparo do endométrio, tornando-o mais espesso e vascularizado para receber embrião.

Quando atinge o auge desse desenvolvimento, o que geralmente acontece na metade do ciclo, um pico de LH provoca a indução da ovulação, ou seja, o rompimento do folículo para liberação do óvulo, também maduro, captado pelas tubas uterinas, local em que acontece a fecundação.

As células do folículo rompido se transformam posteriormente no corpo-lúteo, uma glândula endócrina temporária, cuja função é secretar progesterona em maior quantidade, embora mantenha, em menor quantidade, a secreção de estrogênio. A função da progesterona é garantir o espessamento final do endométrio.

O início do desenvolvimento embrionário acontece ainda nas tubas uterinas. O embrião chega ao útero para se implantar no endométrio aproximadamente no quinto dia de desenvolvimento, no blastocisto.

O hCG, ao mesmo tempo que permite a manutenção do corpo lúteo e, dessa forma, a continuidade da secreção de progesterona, garantindo o preparo final do endométrio e evitando que outro óvulo seja liberado, auxilia na implantação do embrião.

Após a implantação, as células placentárias continuam a produzir o hormônio; a quantidade dobra a cada 2-3 dias à medida que o embrião e a placenta se desenvolvem. Os níveis atingem o pico entre a 6ª e 8ª semana da gravidez, e diminuem a partir da 8ª semana, quando a placenta, já estabelecida, assume a função de produzir progesterona e o hCG deixa de ser necessário para a manutenção do corpo-lúteo.

Entre 10 e 11 dias depois da fecundação, o hCG pode ser detectado no sangue ou na urina, confirmando a gravidez. No entanto, o exame de sangue Beta-hCG quantitativo, que mede os níveis do hormônio, costuma ser o mais indicado pelos médicos, pois permite determinar, ainda, a quantidade de semanas da gravidez.

Enquanto altos níveis de hCG confirmam o sucesso da gravidez, baixos níveis podem indicar gravidez ectópica, condição potencialmente perigosa para mulher em que o embrião se implanta em outro local em vez do útero, geralmente nas tubas uterinas.

hCG e indução da ovulação

Nas técnicas de reprodução assistida, consideradas o tratamento padrão para os problemas de fertilidade, o hCG também tem um papel importante, o de indução da ovulação. A primeira etapa das principais disponíveis atualmente, relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV), é a estimulação ovariana.

Estimulação ovariana é um procedimento realizado com medicamentos hormonais sintéticos semelhantes aos naturais. Como o nome indica, tem como objetivo estimular os ovários a produzirem mais óvulos, ou seja, que mais folículos se desenvolvam e amadureçam, bem como os óvulos contidos em seu interior.

O desenvolvimento dos folículos é periodicamente acompanhado por exames de ultrassonografia transvaginal e no momento que eles atingem o auge, o hCG está entre os medicamentos que podem ser utilizados para indução da ovulação, por ter uma molécula bastante parecida com o LH. A ovulação acontece em aproximadamente 36 horas após a administração.

Cada técnica, entretanto, adota um protocolo diferente. Nas de baixa complexidade, RSP e IA, as doses hormonais são mais baixas, uma vez que o objetivo é obter uma quantidade menor de óvulos pois a fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas. Já na FIV, como a fecundação é realizada em laboratório, são utilizadas doses mais altas para obter uma quantidade maior de óvulos.

Além disso, a condução dos tratamentos também é diferente após a administração do hCG. Na RSP, quando a ocorre a indução da ovulação, é programado o melhor período para intensificar a relação sexual, enquanto na IA os melhores espermatozoides do parceiro, selecionados por técnicas de preparo seminal, são inseridos no útero.

Na FIV, os folículos maduros são coletados por aspiração folicular logo depois da indução da ovulação, os óvulos extraídos e selecionados em laboratório para serem utilizados na fecundação.

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