A FIV (fertilização in vitro) é, atualmente, a técnica de reprodução assistida mais indicada para a maior parte das demandas reprodutivas, desde infertilidade conjugal, por fatores femininos e masculinos, até a preservação da fertilidade e o atendimento de casais homoafetivos.
Um dos motivos pelos quais a FIV é tão abrangente reside nas técnicas complementares que podem ser adicionadas ao tratamento, tornando maiores a possibilidade de sucesso, quando comparado às outras técnicas – RSP (relação sexual programada) e IA (inseminação artificial).
As técnicas complementares foram desenvolvidas para auxiliar momentos especÃficos de cada etapa da FIV, atendendo à s demandas igualmente particulares de cada caso. As principais estão listadas a seguir:
- Preparo seminal;
- PGT (teste genético pré-implantacional);
- Criopreservação de gametas e embriões;
- Hatching assistido;
- Doação de gametas e embriões;
- Útero de substituição.
As indicações para o uso delas devem ser feitas em contextos especÃficos e, nesse texto, vamos conhecer melhor o que é o Hatching assistido, especialmente as situações em que essa técnica complementar à FIV é indicada.
O que é hatching?
Para compreender o que é o hatching e como esse evento acontece em todas as gestações, sejam elas conseguidas por vias naturais ou pela reprodução assistida, vamos observar o que acontece na fecundação, como se forma o embrião e como ele se fixa no endométrio, camada de revestimento interno do útero.
O óvulo é composto por um pronúcleo, contendo metade do material genético de um ser humano, algumas organelas no meio intracelular, limitado por uma membrana plasmática com uma camada externa, chamada zona pelúcida, que interage diretamente com os espermatozoides, impedindo que mais de uma célula reprodutiva masculina o penetre.
No momento da fecundação, que acontece nas tubas uterinas, a entrada do espermatozoide no meio intracelular do óvulo provoca a fusão dos pronúcleos de ambos, e a formação da primeira célula do futuro bebê, ainda contida pela zona pelúcida.
O embrião começa então a se desenvolver, com a multiplicação dessa célula primordial, embora o conjunto total das células embrionárias permaneça envolto pela zona pelúcida, cuja função, nesse momento, é manter as células unidas.
Durante os 5 a 7 dias após a fecundação, o embrião é conduzido das tubas para o interior da cavidade uterina, onde deve se fixar para dar inÃcio à gestação. O processo de implantação embrionária no endométrio depende, entre outros fatores, do rompimento natural da zona pelúcida, que protege o embrião, para que haja um contato direto entre ele e o endométrio.
Se o rompimento da zona pelúcida não acontece, o endométrio não reconhece a gestação e dá continuidade ao ciclo reprodutivo, eliminando o embrião durante o perÃodo menstrual.
O que é hatching assistido?
O hatching assistido é uma técnica complementar à FIV, com objetivo de ajudar o embrião a realizar o rompimento da zona pelúcida com mais facilidade após a transferência embrionária, melhorando as taxas de implantação.
Essa técnica complementar é realizada no final da etapa de cultivo embrionário, que antecede a transferência dos embriões, com a uma pequena incisão na zona pelúcida embrionária, pela qual o embrião tem mais chance de romper essa membrana de proteção por completo, ao entrar em contato com o endométrio.
Quando o Hatching assistido é indicado?
O hatching assistido normalmente é indicado para os casos em que, por diversos motivos, a gestação não acontece porque a zona pelúcida mostra-se mais espessa, no embrião ou nos próprios óvulos.
Mulheres na perimenopausa
Com o passar do tempo e ao se aproximar da menopausa, é possÃvel observar não somente uma diminuição na reserva ovariana, mas também o rebaixamento da qualidade genética e estrutural dos gametas femininos, o que inclui um espessamento anormal da zona pelúcida.
Por isso, quando a FIV é indicada para mulheres com mais de 35 anos, o hatching assistido pode ser útil para diminuir as chances de que a gestação não aconteça, por falha na implantação embrionária.
Falhas em ciclos anteriores da FIV
São casos em que a gestação não ocorre após a realização de mais do que um ciclo da FIV, esmo quando a mulher não tem mais de 35 anos e não apresenta diagnósticos que justifiquem a não ocorrência. O hatching assistido é indicado nessas situações, por colaborar para uma melhora nas chances.
Da mesma forma, o hatching assistido também pode atuar melhorando as taxas de gestação nos casos de ISCA (infertilidade sem causa aparente), em que os motivos pelos quais o casal não consegue engravidar são desconhecidos, mesmo após a investigação para as causas da infertilidade.
Mulheres com diminuição da reserva ovariana
Além da idade, também algumas doenças – como a FOP (falência ovariana prematura) – e alguns tipos de tratamento que envolvem a manipulação cirúrgica dos ovários, podem também diminuir a reserva ovaria e, consequentemente, o potencial reprodutivo da mulher.
Nesses casos, é possÃvel que a aspiração folicular consiga coletar um número pequeno de gametas femininos, que consequentemente permitem a produção de poucos embriões, diminuindo naturalmente as chances de gravidez.
O hatching assistido pode ser uma ferramenta para aumentar as chances de gestação, melhorando as taxas de implantação embrionária.
Transferência de embriões criopreservados
Em contextos especÃficos, quando existem problemas com o preparo endometrial, ou nos casos de embriões excedentes, pode ser necessário congelar os embriões conseguidos em um ciclo de FIV, para que sejam transferidos em outro.
É comum que o hatching assistido seja indicado nesses casos, pois após o descongelamento dos embriões eles frequentemente apresentam um espessamento da zona pelúcida, que pode dificultar a implantação embrionária e levar à falha naquele ciclo de tratamento.
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