A FIV (fertilização in vitro) é considerada hoje a técnica de reprodução assistida mais complexa e abrangente, podendo ser indicada para as mais diversas demandas reprodutivas, incluindo os casos de infertilidade conjugal, preservação social e oncológica da fertilidade e casais homoafetivos.
As técnicas complementares à FIV são procedimentos que podem estar associados à sua metodologia geral, com o objetivo de melhorar as chances de gestação.
Entre as principais técnicas complementares à FIV, destacamos:
- Endometrial Receptivity Array (ERA);
- CGH–Array;
- PGT (teste genético pré–implantacional);
- Karyomapping;
- Hatching Assistido;
- Freeze-all.
Freeze-all é uma das técnicas complementares da FIV, e consiste basicamente em criopreservar todos os embriões conseguidos em um ciclo de tratamento. Sua principal função é permitir que o preparo endometrial aconteça, especialmente porque esse processo pode ser alterado pela ação da estimulação ovariana.
Para compreender melhor o que é e quando essa técnica complementar é realizada, acompanhe conosco a leitura do texto a seguir.
O que é criopreservação?
A criopreservação é uma forma de preservação de células e tecidos biológicos, que provoca a diminuição do metabolismo até níveis basais (mínimos) pelo congelamento desse material.
Além do congelamento, as principais formas de criopreservação – congelamento lento e vitrificação – contam também com o auxílio de substâncias crioprotetoras, que previnem a formação de cristais de gelo e melhoram as taxas de sobrevivência desse material após o descongelamento.
O descongelamento é uma forma especial de aquecimento, à qual é submetido o material criopreservado para que o metabolismo celular seja restaurado e as células retomem suas funções normalmente.
Criopreservação de gametas e embriões
A criopreservação pode ser utilizada para conservar gametas masculinos e femininos, além de embriões, normalmente resultantes de tratamentos com fertilização in vitro.
A técnica mais utilizada para esse fim é a vitrificação, que atualmente oferece taxas de conservação melhores que o congelamento lento, especialmente por utilizar uma proporção maior de crioprotetores e realizar o resfriamento do material biológico mais rapidamente.
O que é freeze-all?
Quando todos os embriões obtidos em um ciclo de tratamento com fertilização in vitro são congelados, antes mesmo de serem selecionados, chamamos esse procedimento de freeze-all, ou “congelar tudo”, numa tradução livre.
Essa é considerada uma técnica complementar à FIV e suas indicações estão normalmente relacionadas ao aumento nas chances de gestação para as mulheres em tratamento com a técnica e que não apresentam um preparo endometrial adequado, no período que antecede a transferência embrionária.
Como é feito?
Para compreender como e quando o freeze-all pode ser realizado, vamos entender melhor o que é a FIV.
A FIV é uma técnica de reprodução assistida de alta complexidade, dividida em 5 etapas sequenciais: estimulação ovariana, punção folicular e preparo seminal, para coleta e seleção de gametas masculinos e femininos, fecundação em ambiente laboratorial, cultivo embrionário e a transferência dos embriões para o útero.
A estimulação ovariana é feita com medicamentos à base de hormônios, que estimulam o amadurecimento dos folículos antrais nos ovários. O monitoramento desse processo é feito por ultrassonografia pélvica transvaginal, que indica o melhor momento para a coleta de folículos. Os óvulos são extraídos e selecionados em laboratório.
O sêmen do parceiro é, então, coletado e os espermatozoides capacitados por técnicas de preparo seminal, que selecionam os melhores.
A fecundação é feita atualmente por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides): cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo.
Os embriões formados são cultivados por alguns dias e transferidos para o útero.
Simultaneamente à fecundação e cultivo embrionário, o preparo endometrial pode ser monitorado – o que também é feito por ultrassonografia transvaginal – para que a transferência dos embriões seja feita somente no momento em que o endométrio está pronto para a implantação embrionária.
Quando o preparo endometrial não acontece ou acontece de forma incipiente, é necessário realizar o congelamento de todos os embriões, normalmente no blastocisto, entre o quinto e sexto dia do cultivo embrionário, para que a transferência seja feita em um outro ciclo reprodutivo.
Para isso, os embriões são alocados em tubos de ensaio contendo uma concentração adequada de crioprotetores, e congelados por vitrificação, aguardando de forma segura até que possam ser descongelados e transferidos.
Quando o freeze-all é indicado?
Uma das principais indicações do freeze-all é feita para os casos em que a própria estimulação ovariana interferiu no preparo endometrial, já que os hormônios administrados durante a primeira etapa da FIV podem afetar a produção de estrogênio e progesterona, responsáveis pelos processos de espessamento e preparação endometrial.
Além dessas situações, que são relativamente comuns nos tratamentos com FIV, o freeze-all também pode ser indicado para mulheres que buscam a reprodução assistida justamente por apresentar infertilidade decorrente de falhas de implantação.
Entre as principais doenças envolvidas nesses casos, destacamos:
- Endometrite;
- Hidrossalpinge;
- Alterações hormonais;
- Endometriose;
- Miomas uterinos;
- Pólipos endometriais.
Freeze-all afeta as taxas de sucesso da FIV?
As taxas de sucesso dos tratamentos com FIV em que é realizada a transferência de embriões congelados não difere dos ciclos realizados com eles frescos, justamente porque a vitrificação é uma técnica confiável, que conserva a integridade estrutural e metabólica das células embrionárias.
O preparo endometrial, contudo, é importante não somente para as gestações conseguidas por vias naturais, em alguns casos, mas também para os tratamentos com reprodução assistida como um todo.
Se a transferência embrionária é feita sem que o endométrio esteja preparado para receber o embrião, ele não consegue se fixar no revestimento uterino e a gestação não tem início.
Por isso, as boas taxas de gestação da FIV dependem também da integridade uterina no momento da gestação, o que pode ser potencializado pelo freeze-all.
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