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Fecundação na FIV: conheça mais detalhes

por Dr. Augusto Bussab



"FIV, ou fertilização in vitro, é a principal técnica de reprodução assistida. Conhecida desde a década de 1970, foi inicialmente desenvolvida com o objetivo de superar a infertilidade por obstrução tubária. Porém, atualmente possibilita o tratamento de praticamente todas as causas de infertilidade, feminina ou masculina. […]"
Fecundação na FIV: conheça mais detalhes

FIV, ou fertilização in vitro, é a principal técnica de reprodução assistida. Conhecida desde a década de 1970, foi inicialmente desenvolvida com o objetivo de superar a infertilidade por obstrução tubária. Porém, atualmente possibilita o tratamento de praticamente todas as causas de infertilidade, feminina ou masculina.

A tecnologia associada à fertilização in vitro avançou muito ao longo dos anos. Esses avanços passaram a proporcionar melhores oportunidades de gravidez por embrião transferido. No entanto, ainda é muito comum pacientes terem dúvidas sobre o funcionamento do tratamento com a técnica, da fecundação à quantidade de embriões que podem ser transferidos.

Continue a leitura deste texto para saber como acontece a fecundação na FIV e conhecer mais detalhes sobre o tratamento!

FIV clássica e com ICSI

A fecundação natural resulta do encontro de duas células sexuais ou gametas: uma feminina, o oócito ou óvulo, e outra masculina, o espermatozoide. A fertilização do óvulo resulta em um embrião, que se implanta no endométrio, camada de revestimento interno do útero, para dar início à gestação.

Esse processo natural ocorre apenas se as seguintes condições forem atendidas:

  • a produção de espermatozoides deve acontecer sem nenhuma interferência. Eles devem ser saudáveis, completar sua maturação e ganhar motilidade nos epidídimos, ductos em que ficam armazenados após sua produção;
  • a secreção do colo do útero, muco cervical, deve favorecer a entrada do espermatozoide;
  • o desenvolvimento e a maturação do folículo ovariano dependem do bom funcionamento do ovário e da hipófise, glândula que secreta os hormônios FSH e LH. A ruptura desse folículo e a expulsão de um óvulo maduro caracterizam a ovulação, que geralmente ocorre por volta do 14º dia do ciclo reprodutivo (em ciclos regulares de 28 dias);
  • a cavidade uterina deve ser anatomicamente normal e ter um endométrio saudável para receber o embrião, possibilitando, assim, início e desenvolvimento da gravidez.

Fertilização in vitro (FIV)

Na FIV, por outro lado, a fecundação é realizada em laboratório. Para isso, óvulos e espermatozoides são coletados e selecionados.

A coleta de sêmen na FIV é relativamente simples. É feita por masturbação na própria clínica de reprodução assistida. Já a de óvulos é mais complexa. É feita por um procedimento chamado aspiração folicular, que é feito por punção.

Após a fecundação, o embrião formado é cultivado por alguns dias antes de ser transferido para o útero materno para se implantar no endométrio e dar início à gravidez.

Todo esse processo ocorre em 5 etapas principais. Veja abaixo o funcionamento de cada uma delas:

Estimulação ovariana e indução da ovulação

Para a obtenção de vários óvulos, são administrados hormônios que visam estimular e garantir o desenvolvimento de vários folículos. Ultrassonografias transvaginais são feitas a cada dois ou três dias para medir a resposta dos ovários ao tratamento hormonal.

Os folículos são contados e seu diâmetro avaliado. O tamanho deve aumentar continuamente até que sejam induzidos ao amadurecimento final e rompimento, também por medicamentos hormonais.

 Aspiração folicular e preparo seminal

A ovulação ocorre cerca de 36 horas após a administração dos medicamentos indutores. A punção é um procedimento realizado um pouco antes da ovulação para coletar o líquido folicular dos folículos maduros: o médico perfura cada folículo visualizado no ultrassom usando uma agulha adequada e aspira o conteúdo para uma seringa. Depois, em laboratório, os óvulos são removidos e selecionados.

As amostras de sêmen são coletadas ao mesmo tempo que a punção folicular é realizada e são submetidas ao preparo seminal para a seleção dos melhores gametas, técnica que utiliza diferentes métodos para capacitar e selecionar os melhores espermatozoides.

Fecundação

Após a preparação e seleção de espermatozoides e óvulos, a fecundação é feita por ICSI, injeção intracitoplasmática de espermatozoide.

Com essa técnica, apenas um espermatozoide é necessário por óvulo, sendo injetado diretamente no citoplasma do gameta feminino.

A fecundação na FIV também pode ser realizada com óvulos e espermatozoides doados quando não for possível utilizar os próprios, assim como o desenvolvimento da gravidez pode ocorrer por útero de substituição, caso a mulher tenha alguma alteração importante no útero ou em casos de reprodução assistida para casais homoafetivos masculinos. Todas são técnicas complementares ao tratamento.

Cultivo embrionário

Os embriões formados pela fecundação são cultivados por até 6 dias em incubadoras que simulam o ambiente uterino e depois são transferidos ao útero.

Transferência de embriões

No Brasil, as normas do Conselho Federal de Medicina (CFM) indicam o número máximo de embriões a serem transferidos para o útero materno. Mulheres com até 37 anos, podem transferir no máximo 2 embriões, a partir dessa idade, até 3 embriões. No entanto, se os embriões forem euploides, apenas 2 embriões podem ser transferidos, independentemente da idade.

Taxas de sucesso da FIV

As taxas de sucesso da FIV dependem de vários fatores, principalmente da idade da mulher, embora sejam as mais altas da reprodução assistida, em média 50% a cada ciclo de tratamento.

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