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Estimulação ovariana e reserva ovariana: saiba mais sobre o assunto

por Dr. Augusto Bussab



"As mulheres que planejam começar um tratamento de reprodução assistida podem ter muitas dúvidas relacionadas aos termos clínicos da medicina reprodutiva e aos procedimentos que são realizados. Um exemplo disso são os conceitos de reserva ovariana e estimulação ovariana — você já sabe o que […]"
Estimulação ovariana e reserva ovariana: saiba mais sobre o assunto

As mulheres que planejam começar um tratamento de reprodução assistida podem ter muitas dúvidas relacionadas aos termos clínicos da medicina reprodutiva e aos procedimentos que são realizados. Um exemplo disso são os conceitos de reserva ovariana e estimulação ovariana — você já sabe o que significam e quais são as diferenças entre os dois?

Fica claro que ambos os termos têm relação com os ovários, órgãos femininos responsáveis por armazenar, desenvolver e liberar os óvulos (células reprodutivas). Também é função dos ovários secretar os hormônios estrogênio e progesterona, que preparam o útero para a gravidez.

Entre as pacientes que já entendem um pouco sobre os dois conceitos, outra dúvida comum é se a estimulação ovariana pode prejudicar a reserva ovariana.

Diante dessas e de outras questões, elaboramos este post com informações que vão ajudar você a compreender melhor o assunto. Acompanhe!

O que é reserva ovariana?

Reserva ovariana é o termo que designa a quantidade de folículos disponíveis nos ovários. Os folículos são as unidades funcionais dos ovários, são pequenas estruturas que armazenam os ovócitos que ainda podem se desenvolver.

Os folículos ovarianos não são produzidos ao longo da vida da mulher, o que significa que não há reposição na reserva ovariana, mas sim uma redução contínua.

No primeiro ciclo ovulatório, isto é, na idade da primeira menstruação, a menina tem entre 300 e 500 mil folículos. Em cada ciclo menstrual, vários folículos começam a se desenvolver para produzir um óvulo maduro, mas apenas um deles alcança o estágio ideal de amadurecimento, enquanto os demais regridem e não voltam a compor a reserva ovariana.

No decorrer da vida fértil da mulher, portanto, o número de óvulos diminui progressivamente. Essa queda é significativa a partir dos 35 anos, quando a idade se torna um fator crítico para a fertilidade feminina.

Acompanhando a redução da quantidade de folículos ovarianos, o envelhecimento natural das células do corpo também afeta a qualidade dos óvulos. A formação de embriões de baixa qualidade aumenta os riscos de falhas de implantação no útero, abortamento e desenvolvimento de síndromes cromossômicas.

A reserva ovariana se esgota completamente até a fase da menopausa — em torno dos 50 anos —, interrompendo os ciclos ovulatórios e menstruais e encerrando a vida fértil da mulher.

O que é estimulação ovariana?

Estimulação ovariana é uma importante técnica empregada nos tratamentos de reprodução assistida, que consiste em administrar medicações hormonais para estimular os ovários a desenvolverem mais folículos e, por consequência, produzir mais óvulos maduros — contrastando com os ciclos naturais, nos quais apenas um óvulo é liberado de cada vez.

No ciclo menstrual, os hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), secretados pela hipófise, são os responsáveis pelo estímulo natural dos ovários. Na estimulação ovariana, são utilizados fármacos que simulam a ação desses hormônios de forma mais intensa.

O crescimento dos folículos é monitorado com exames seriados de ultrassonografia pélvica e dosagens hormonais. Quando eles atingem o tamanho esperado, realiza-se a indução da ovulação com o hormônio hCG — gonadotrofina coriônica humana. Assim, a liberação dos óvulos maduros fica prevista para cerca de 35 horas depois da indução.

Os protocolos de estimulação ovariana, isto é, a dosagem da medicação, variam de acordo com o tipo de tratamento, que pode ser de:

As etapas que sucedem a estimulação ovariana também diferem. Na RSP, o casal é orientado a programar suas relações sexuais para os dias do período fértil. Na IA, uma amostra de sêmen é preparada e introduzida no útero da paciente, no dia estimado para a ovulação. Já na FIV, os folículos são aspirados antes da ovulação e os óvulos são coletados em laboratório.

Nas técnicas de baixa complexidade, o objetivo da estimulação ovariana é obter no máximo 3 óvulos maduros, para evitar o risco de gravidez gemelar, uma vez que a fecundação acontece naturalmente nas tubas uterinas. Na FIV, a estimulação é mais intensa, pois é esperado coletar o maior número possível de óvulos, os quais são fertilizados em laboratório.

Reserva ovariana e estimulação ovariana: qual a relação?

A realização prévia de exames para estimar a resposta aos medicamentos hormonais é um dos pontos mais importantes para relacionarmos reserva ovariana e estimulação ovariana.

Existem diversos tipos de exames dedicados à avaliação da reserva ovariana, os mais utilizados são a ultrassonografia para contagem dos folículos antrais (CFA) e as dosagens de FSH, LH, estradiol e do hormônio antimülleriano (AMH).

Esses marcadores indicam o estado do funcionamento ovariano na época da avaliação, portanto, não devem servir de parâmetro para formular um prognóstico reprodutivo a médio e longo prazo. A idade materna também é um marcador da fertilidade, mas não exatamente da reserva ovariana, por isso, os exames são fundamentais.

Os testes de reserva ovariana ajudam a predizer a resposta à estimulação ovariana, permitindo assim a definição de um protocolo ajustado às necessidades de cada paciente. Os exames de AMH e CFA são os que apresentam maior poder preditivo para a má resposta ao estímulo hormonal — o que normalmente está relacionado à baixa reserva.

Outra questão fundamental que devemos esclarecer aqui é que a estimulação ovariana não reduz a reserva ovariana. Essa é uma dúvida comum, visto que um número maior de folículos é recrutado para o desenvolvimento, o que fornece a ideia de que a reserva pode se esgotar antes do tempo biológico.

Acontece que, em ciclos naturais, vários folículos começam a crescer, mas apenas um óvulo é liberado. Com a estimulação ovariana, o aproveitamento dos folículos é melhor. Assim, temos mais óvulos disponíveis e menor perda folicular. Portanto, não há impactos na reserva ovariana, além da redução que já ocorre naturalmente.

Aproveite para visitar o texto sobre fertilização in vitro para conhecer os detalhes e indicações da técnica.


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