A fertilidade masculina é uma delicada função que depende de diversos fatores: integridade dos órgãos e tecidos que compõem o sistema reprodutivo, equilÃbrio das funções hormonais do sistema endócrino e boa qualidade do sêmen, ou esperma, fundamental para que a fecundação aconteça.
Qualquer desajuste nesses fatores pode oferecer riscos à saúde reprodutiva dos homens, no entanto a maior parte dos casos de infertilidade masculina está ligada a alterações nos parâmetros seminais, como a quantidade, qualidade e estabilidade genética dos espermatozoides.
O lÃquido ejaculado também é chamado de sêmen ou de esperma e é composto pelas células reprodutivas masculinas – os espermatozoides – e os lÃquidos nutritivos e protetores, que são produzidos pelas glândulas anexas: próstata, glândulas bulbouretrais e vesÃculas seminais.
O espermograma é o principal exame para avaliação dos parâmetros seminais, e seus resultados podem ainda ser complementados pelo teste de fragmentação do DNA espermático, que busca contabilizar a fragmentação de material genético no sêmen, um indicativo de instabilidade genética dos espermatozoides.
A boa qualidade do esperma é central para que a fertilidade masculina seja vivida de forma plena e este texto tem como objetivo apresentar o que é o sêmen e qual seu papel na função reprodutiva dos homens.
Acompanhe a leitura do texto a seguir e saiba mais sobre o esperma e qual sua função para a fertilidade masculina.
O que é esperma ou sêmen?
O esperma ou sêmen é o lÃquido ejaculado pelos homens cuja principal função é transportar os espermatozoides para o útero feminino de forma segura e eficaz, para que a fecundação aconteça.
Apesar da semelhança na nomenclatura, esperma e espermatozoide não são sinônimos: o sêmen é composto por aproximadamente 10% de espermatozoides e fluido testicular, 30% de secreções da próstata e 60% de secreções das vesÃculas seminais. Vamos conhecer melhor cada um desses elementos.
Espermatozoides
A espermatogênese é como chamamos a formação das células reprodutoras masculinas, os espermatozoides.
Esse processo acontece nas paredes dos túbulos seminÃferos, dentro dos testÃculos, pela ação das gonadotrofinas FSH (hormônio folÃculo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante) e da testosterona, sobre as células de Leydig e Sertoli, que auxiliam o espermatócito a amadurecer.
A partir daÃ, os espermatozoides seguem para os epidÃdimos, ductos que se ligam aos testÃculos e que armazenam e desenvolvem os gametas para que adquiram a caracterÃstica de motilidade.
A integridade das células reprodutoras masculinas depende da mistura de lÃquidos viscosos, produzidos pelas glândulas anexas, que compõem a porção lÃquida do esperma.
LÃquido bulbouretral
Produzido pelas glândulas bulbouretrais, essa substância é composta principalmente de galactose e muco, desempenhando, por isso, uma parte da função de nutrir os espermatozoides.
Além disso, uma porção do lÃquido bulbouretral é liberada durante a relação sexual, para limpar a uretra antes da ejaculação e lubrificar o ato sexual.
LÃquido prostático
A próstata é a glândula anexa mais conhecida dentre as três e está localizada próxima à bexiga e integrada à uretra.
O lÃquido prostático é viscoso, esbranquiçado e alcalino, composto principalmente por nutrientes e enzimas proteolÃticas, e suas principais funções são manter o sêmen alcalino contra a acidez natural da vagina, protegendo os espermatozoides, além de alterar a viscosidade do esperma após a ejaculação, quando se liquefaz, ativando também a motilidade dos espermatozoides.
LÃquido seminal
O lÃquido seminal é produzido pelas vesÃculas seminais e é composto principalmente por frutose e outros nutrientes – o que diz muito sobre sua função no sêmen, que é nutrir as células reprodutivas, garantindo que os espermatozoides tenham energia para nadar até o óvulo.
Qual a função do esperma para a fertilidade?
O esperma é uma combinação de substâncias cuja principal tarefa, na fertilidade masculina, é conduzir os espermatozoides em segurança desde sua produção, nos testÃculos, até o final de sua trajetória no canal vaginal e uterino em direção ao óvulo, para a fecundação.
A qualidade do esperma interfere na fecundação?
A qualidade do esperma pode ser medida pelo espermograma, um exame que realiza a análise de alguns parâmetros importantes, como o pH e a composição quÃmica dos lÃquidos produzidos pelas glândulas anexas, e também a morfologia, motilidade e concentração de espermatozoides.
Esses critérios são mensurados pelo exame, que analisa a qualidade do esperma em uma amostra conseguida por masturbação, no próprio laboratório. Quando qualquer um desses indicadores está alterado, a fecundação e mesmo a fertilidade do homem como um todo podem ser prejudicadas.
O que pode causar infertilidade masculina?
A infertilidade masculina pode ser causada por problemas não obstrutivos, que compreendem alterações nos espermatozoides e na porção lÃquida do ejaculado, e por problemas obstrutivos, quando as alterações afetam o trajeto que conduz o esperma para fora do corpo, durante a ejaculação.
A azoospermia costuma ser a principal manifestação da infertilidade masculina, obstrutiva ou não obstrutiva.
Anomalias genéticas ligadas principalmente à expressão do cromossomo Y podem resultar em quadros como de hipogonadismo hipogonadotrófico (HH), em que deficiências na secreção das gonadotrofinas levam a uma redução na testosterona e ao subdesenvolvimento dos testÃculos – e consequentemente da espermatogênese.
Nesses casos, a azoospermia se manifesta porque os espermatozoides não estão sendo produzidos, ou a produção acontece numa escala irrelevante.
No entanto, quando a infertilidade é causada por fatores obstrutivos, como acontece nas infecções por ISTs (infecções sexualmente transmissÃveis), como a clamÃdia e a gonorreia, o espermograma também manifesta um quadro de azoospermia, ainda que a produção de espermatozoides possa estar funcionando plenamente.
Nesses casos, o processo inflamatório causado pelas infecções diminui ou bloqueia o calibre dos tubos que conduzem o esperma, impedindo sua passagem.
Quando afetam os túbulos seminÃferos (ooforite) e os epidÃdimos (epididimite), apenas a passagem dos espermatozoides é bloqueada e a ejaculação expele somente os lÃquidos glandulares.
Quando afetam a uretra (uretrite), porém, o homem pode sentir dor e desconforto durante a relação sexual e principalmente durante a ejaculação, chegando mesmo a inibir que ela aconteça.
Nos casos de prostatite, que também podem ser causados pela expansão da contaminação por ISTs, o comprometimento da próstata pode alterar a composição do lÃquido prostático ou até mesmo impedir sua liberação. Na primeira situação, essas alterações deixam os espermatozoides desprotegidos, e, na segunda, a falta do lÃquido prostático faz a ejaculação parecer ligeiramente sólida, interferindo severamente na motilidade espermática.
Como a reprodução assistida pode ajudar?
Muitos casos de infertilidade masculina, por alterações na composição do esperma cuja origem pode ser obstrutiva ou não, são passÃveis de reversão com auxÃlio de algumas técnicas de reprodução assistida, especialmente a IIU (inseminação intrauterina) e a FIV (fertilização in vitro), mas a FIV geralmente é a indicada. São raros os casos de infertilidade masculina que podem ser revertidos com IA.
O preparo seminal é feito com sêmen obtido por masturbação e seleciona espermatozoides saudáveis que são separados do lÃquido como um todo pela aplicação de uma força centrÃfuga na amostra, contida num tubo de ensaio.
Após esse processamento os melhores espermatozoides estão na superfÃcie da amostra e são então utilizados para a reprodução assistida.
A punção testicular é outra forma de coleta na FIV e permite que os espermatozoides sejam recolhidos diretamente nos testÃculos, por meio da punção de células reprodutivas localizadas nos túbulos seminÃferos (TESE e Micro-TESE) ou nos epidÃdimos (MESA e PESA). Dessa forma, podemos dizer que, mesmo sem ter espermatozoides no sêmen, o homem tem chance de ter filhos biológicos.
Essas tecnologias permitem o acesso aos gametas masculinos nos casos de infertilidade obstrutiva, mas também quando a produção de espermatozoides é muito baixa e as células que conseguem ser expelidas na ejaculação são pouco numerosas ou de má qualidade.
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