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Esperma: o que é, quais são seus componentes e sua função na fertilidade?

por Dr. Augusto Bussab



"O líquido ejaculado também é chamado de sêmen ou de esperma e é composto pelas células reprodutivas masculinas - os espermatozoides - e os líquidos nutritivos e protetores, que são produzidos pelas glândulas anexas: próstata, glândulas bulbouretrais e vesículas seminais."
Esperma: o que é, quais são seus componentes e sua função na fertilidade?

A fertilidade masculina é uma delicada função que depende de diversos fatores: integridade dos órgãos e tecidos que compõem o sistema reprodutivo, equilíbrio das funções hormonais do sistema endócrino e boa qualidade do sêmen, ou esperma, fundamental para que a fecundação aconteça.

Qualquer desajuste nesses fatores pode oferecer riscos à saúde reprodutiva dos homens, no entanto a maior parte dos casos de infertilidade masculina está ligada a alterações nos parâmetros seminais, como a quantidade, qualidade e estabilidade genética dos espermatozoides.

O líquido ejaculado também é chamado de sêmen ou de esperma e é composto pelas células reprodutivas masculinas – os espermatozoides – e os líquidos nutritivos e protetores, que são produzidos pelas glândulas anexas: próstata, glândulas bulbouretrais e vesículas seminais.

O espermograma é o principal exame para avaliação dos parâmetros seminais, e seus resultados podem ainda ser complementados pelo teste de fragmentação do DNA espermático, que busca contabilizar a fragmentação de material genético no sêmen, um indicativo de instabilidade genética dos espermatozoides.

A boa qualidade do esperma é central para que a fertilidade masculina seja vivida de forma plena e este texto tem como objetivo apresentar o que é o sêmen e qual seu papel na função reprodutiva dos homens.

Acompanhe a leitura do texto a seguir e saiba mais sobre o esperma e qual sua função para a fertilidade masculina.

O que é esperma ou sêmen?

O esperma ou sêmen é o líquido ejaculado pelos homens cuja principal função é transportar os espermatozoides para o útero feminino de forma segura e eficaz, para que a fecundação aconteça.

Apesar da semelhança na nomenclatura, esperma e espermatozoide não são sinônimos: o sêmen é composto por aproximadamente 10% de espermatozoides e fluido testicular, 30% de secreções da próstata e 60% de secreções das vesículas seminais. Vamos conhecer melhor cada um desses elementos.

Espermatozoides

A espermatogênese é como chamamos a formação das células reprodutoras masculinas, os espermatozoides.

Esse processo acontece nas paredes dos túbulos seminíferos, dentro dos testículos, pela ação das gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante) e da testosterona, sobre as células de Leydig e Sertoli, que auxiliam o espermatócito a amadurecer.

A partir daí, os espermatozoides seguem para os epidídimos, ductos que se ligam aos testículos e que armazenam e desenvolvem os gametas para que adquiram a característica de motilidade.

A integridade das células reprodutoras masculinas depende da mistura de líquidos viscosos, produzidos pelas glândulas anexas, que compõem a porção líquida do esperma.

Líquido bulbouretral

Produzido pelas glândulas bulbouretrais, essa substância é composta principalmente de galactose e muco, desempenhando, por isso, uma parte da função de nutrir os espermatozoides.

Além disso, uma porção do líquido bulbouretral é liberada durante a relação sexual, para limpar a uretra antes da ejaculação e lubrificar o ato sexual.

Líquido prostático

A próstata é a glândula anexa mais conhecida dentre as três e está localizada próxima à bexiga e integrada à uretra.

O líquido prostático é viscoso, esbranquiçado e alcalino, composto principalmente por nutrientes e enzimas proteolíticas, e suas principais funções são manter o sêmen alcalino contra a acidez natural da vagina, protegendo os espermatozoides, além de alterar a viscosidade do esperma após a ejaculação, quando se liquefaz, ativando também a motilidade dos espermatozoides.

Líquido seminal

O líquido seminal é produzido pelas vesículas seminais e é composto principalmente por frutose e outros nutrientes – o que diz muito sobre sua função no sêmen, que é nutrir as células reprodutivas, garantindo que os espermatozoides tenham energia para nadar até o óvulo.

Qual a função do esperma para a fertilidade?

O esperma é uma combinação de substâncias cuja principal tarefa, na fertilidade masculina, é conduzir os espermatozoides em segurança desde sua produção, nos testículos, até o final de sua trajetória no canal vaginal e uterino em direção ao óvulo, para a fecundação.

A qualidade do esperma interfere na fecundação?

A qualidade do esperma pode ser medida pelo espermograma, um exame que realiza a análise de alguns parâmetros importantes, como o pH e a composição química dos líquidos produzidos pelas glândulas anexas, e também a morfologia, motilidade e concentração de espermatozoides.

Esses critérios são mensurados pelo exame, que analisa a qualidade do esperma em uma amostra conseguida por masturbação, no próprio laboratório. Quando qualquer um desses indicadores está alterado, a fecundação e mesmo a fertilidade do homem como um todo podem ser prejudicadas.

O que pode causar infertilidade masculina?

A infertilidade masculina pode ser causada por problemas não obstrutivos, que compreendem alterações nos espermatozoides e na porção líquida do ejaculado, e por problemas obstrutivos, quando as alterações afetam o trajeto que conduz o esperma para fora do corpo, durante a ejaculação.

A azoospermia costuma ser a principal manifestação da infertilidade masculina, obstrutiva ou não obstrutiva.

Anomalias genéticas ligadas principalmente à expressão do cromossomo Y podem resultar em quadros como de hipogonadismo hipogonadotrófico (HH), em que deficiências na secreção das gonadotrofinas levam a uma redução na testosterona e ao subdesenvolvimento dos testículos – e consequentemente da espermatogênese.

Nesses casos, a azoospermia se manifesta porque os espermatozoides não estão sendo produzidos, ou a produção acontece numa escala irrelevante.

No entanto, quando a infertilidade é causada por fatores obstrutivos, como acontece nas infecções por ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), como a clamídia e a gonorreia, o espermograma também manifesta um quadro de azoospermia, ainda que a produção de espermatozoides possa estar funcionando plenamente.

Nesses casos, o processo inflamatório causado pelas infecções diminui ou bloqueia o calibre dos tubos que conduzem o esperma, impedindo sua passagem.

Quando afetam os túbulos seminíferos (ooforite) e os epidídimos (epididimite), apenas a passagem dos espermatozoides é bloqueada e a ejaculação expele somente os líquidos glandulares.

Quando afetam a uretra (uretrite), porém, o homem pode sentir dor e desconforto durante a relação sexual e principalmente durante a ejaculação, chegando mesmo a inibir que ela aconteça.

Nos casos de prostatite, que também podem ser causados pela expansão da contaminação por ISTs, o comprometimento da próstata pode alterar a composição do líquido prostático ou até mesmo impedir sua liberação. Na primeira situação, essas alterações deixam os espermatozoides desprotegidos, e, na segunda, a falta do líquido prostático faz a ejaculação parecer ligeiramente sólida, interferindo severamente na motilidade espermática.

Como a reprodução assistida pode ajudar?

Muitos casos de infertilidade masculina, por alterações na composição do esperma cuja origem pode ser obstrutiva ou não, são passíveis de reversão com auxílio de algumas técnicas de reprodução assistida, especialmente a IIU (inseminação intrauterina) e a FIV (fertilização in vitro), mas a FIV geralmente é a indicada. São raros os casos de infertilidade masculina que podem ser revertidos com IA.

O preparo seminal é feito com sêmen obtido por masturbação e seleciona espermatozoides saudáveis que são separados do líquido como um todo pela aplicação de uma força centrífuga na amostra, contida num tubo de ensaio.

Após esse processamento os melhores espermatozoides estão na superfície da amostra e são então utilizados para a reprodução assistida.

A punção testicular é outra forma de coleta na FIV e permite que os espermatozoides sejam recolhidos diretamente nos testículos, por meio da punção de células reprodutivas localizadas nos túbulos seminíferos (TESE e Micro-TESE) ou nos epidídimos (MESA e PESA). Dessa forma, podemos dizer que, mesmo sem ter espermatozoides no sêmen, o homem tem chance de ter filhos biológicos.

Essas tecnologias permitem o acesso aos gametas masculinos nos casos de infertilidade obstrutiva, mas também quando a produção de espermatozoides é muito baixa e as células que conseguem ser expelidas na ejaculação são pouco numerosas ou de má qualidade.

Acesse nosso link para saber mais.


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