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Endometrite e reprodução assistida: qual a relação?

por Dr. Augusto Bussab



"Patologias que alteram o ambiente uterino podem provocar falhas no processo de gestação natural ou nos tratamentos de reprodução assistida. Entre elas estão os miomas submucosos, os pólipos endometriais, endometriose e endometrite, um processo inflamatório que ocorre no endométrio, tecido que reveste a cavidade uterina. […]"
Endometrite e reprodução assistida: qual a relação?

Patologias que alteram o ambiente uterino podem provocar falhas no processo de gestação natural ou nos tratamentos de reprodução assistida. Entre elas estão os miomas submucosos, os pólipos endometriais, endometriose e endometrite, um processo inflamatório que ocorre no endométrio, tecido que reveste a cavidade uterina.

Causada por uma infecção no útero, embora a endometrite seja facilmente tratada por antibióticos assim como outras infecções, quando isso não acontece, se torna crônica, resultando em diferentes complicações.

Este texto aborda os efeitos que a endometrite pode provocar nos tratamentos de reprodução assistida, particularmente na FIV (fertilização in vitro), destacando a conduta mais adequada para solucionar o problema.

O que é endometrite e o que provoca o problema?

A endometrite, inflamação do endométrio, pode ser aguda ou crônica. É classificada como aguda quando surge como consequência de procedimentos médicos, incluindo partos normais ou cesarianas, que facilitam a ascensão das bactérias presentes na vagina ou intestino para a cavidade uterina.

Também pode resultar de outras inflamações dos órgãos reprodutores femininos. Na fase aguda, manifesta sinais característicos de infecções uterinas, como sangramento e corrimento vaginal anormal, dor na parte inferior do abdome e febre. Já na fase crônica geralmente é assintomática, o que dificulta o diagnóstico.

A infecção persistente tende a causar a formação de aderências, além de alterações no ambiente uterino, que podem provocar falhas na implantação do embrião e abortos de repetição, na gestação natural e tratamentos por FIV.

Como a fertilização in vitro funciona?

 

O tratamento por FIV é realizado em diferentes etapas. Inicia com a estimulação ovariana a partir da administração de medicamentos hormonais semelhantes aos produzidos pelo organismo, com o propósito de aumentar o número de folículos (bolsas que contêm os óvulos) e consequentemente o de óvulos disponíveis para a fecundação.

Quando os folículos atingem o tamanho ideal, a ovulação é induzida, também por medicamentos hormonais, e os gametas femininos são posteriormente coletados por punção.

Simultaneamente é feita a coleta dos espermatozoides e a seleção dos mais saudáveis, com melhor morfologia e motilidade, por técnicas de preparação seminal.

Óvulos e espermatozoides são então fecundados em laboratório. Os embriões formados podem ser cultivados por até seis dias, também em laboratório, e posteriormente transferidos para o útero em dois estágios de desenvolvimento: D3, entre o segundo e terceiro dia, e blastocisto, entre o quinto e o sexto dia.

Quais riscos a endometrite proporciona aos tratamentos por fertilização in vitro?

A implantação do embrião é um processo complexo e frequentemente apontado como um passo limitante para o sucesso dos tratamentos por FIV.

Embora a qualidade embrionária seja o principal parâmetro adotado para prever as taxas de implantação em pacientes submetidas aos tratamentos por FIV, o sucesso do procedimento também depende de critérios como a integridade uterina e receptividade endometrial.

De acordo com diferentes estudos, a inflamação do endométrio pode interferir nos mecanismos fisiológicos de fecundação dos óvulos e implantação do embrião.

Nos tratamentos por FIV, a falha repetida de implantação é o principal fator responsável pelos casos em que o tratamento é malsucedido. É definida como a falha em conceber após dois ou três ciclos de transferência de embriões de boa qualidade.

Mulheres submetidas ao tratamento por FIV com falha de implantação repetida são frequentemente associadas à endometrite crônica, que também está relacionada ao abortamento recorrente, definido como três ou mais abortos espontâneos antes de 20 semanas de gravidez.

Quando não tratada, além de diminuir as taxas de sucesso da concepção espontânea e dos ciclos de FIV, contribui, ao mesmo tempo, para desfechos obstétricos adversos, como infecções intrauterinas, parto prematuro e endometrite pós-parto.

Como mulheres com endometrite podem aumentar as chances de sucesso na FIV?

Para garantir que o tratamento por FIV seja bem-sucedido, a endometrite deve ser totalmente tratada. Por isso, atualmente, os testes para identificação da inflamação compõem, inclusive, o conjunto de procedimentos iniciais.

Investigação e tratamento também devem ser feitos por mulheres com histórico de aborto recorrente, geralmente relacionados a quadros de infertilidade.

O tratamento para endometrite é bastante simples. Na maioria dos casos, realizado com a administração de antibióticos, via oral ou injetável, prescritos a partir da determinação da bactéria que causou a inflamação. Para identificar a bactéria, diferentes testes laboratoriais são realizados, além da análise das células do endométrio.

Apenas quando há formação de abscessos como consequência da inflamação ou quando a endometrite provoca aderências, a indicação também passa a ser cirúrgica.

Exames de imagem, entre eles a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética (RM), podem confirmar a formação de abscessos ou a presença de aderências.

O procedimento cirúrgico é minimamente invasivo, realizado por técnicas, como videolaparoscopia cirúrgica ou vídeo-histeroscopia cirúrgica, que possibilitam uma visão detalhada do aparelho reprodutor feminino e o acompanhamento em tempo real.

Ambas as técnicas são importantes para confirmação do diagnóstico. Em muitos casos, a extração das aderências formadas ou aspiração do fluido infectado são feitas ainda durante a avaliação.

A identificação e correção do problema aumentam as chances de gravidez nos tratamentos por FIV, reduzindo significativamente os riscos de falha de implantação.

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