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Dispareunia: o que é?

por Dr. Augusto Bussab



"Os órgãos do sistema reprodutor feminino são o útero, os ovários, as tubas uterinas e a vagina. Um dos principais sintomas de doenças que podem afetá-los durante a idade fértil e causar infertilidade é a dor, geralmente presente na cavidade pélvica em que estão localizados. […]"
Dispareunia: o que é?

Os órgãos do sistema reprodutor feminino são o útero, os ovários, as tubas uterinas e a vagina. Um dos principais sintomas de doenças que podem afetá-los durante a idade fértil e causar infertilidade é a dor, geralmente presente na cavidade pélvica em que estão localizados.

Embora muitas vezes as dores não representem nenhum tipo de problema, como as cólicas menstruais, quando acontecem em maior intensidade ou de forma recorrente é preciso investigá-las.

A dispareunia está entre os tipos de dor que merecem atenção se for persistente ou recorrente. Continue a leitura até o final para saber o que é e conhecer suas possíveis causas. Confira!

Dispareunia

Dispareunia é termo médico para relação sexual dolorosa, definida como dor genital persistente ou recorrente que ocorre imediatamente antes, durante ou após o sexo. A mulher pode sentir:

  • dor apenas na entrada da vagina, ainda no início da penetração;
  • dor com todo tipo de penetração, incluindo o toque digital ou introdução de absorventes internos;
  • dor profunda durante os movimentos;
  • dor latejante, que pode persistir por muitas horas após a relação sexual.

Muitas mulheres sentem dor durante o sexo em algum momento de suas vidas, consequência de fatores físicos ou emocionais.

O emocionais, variam de transtornos como ansiedade ou depressão ao estresse e situações de abuso sexual. A dor inicial pode levar ao medo de recorrência, dificultando o relaxamento; dessa forma, a relação sexual tende a tornar-se sempre dolorosa.

As causas físicas da relação sexual dolorosa, por outro lado, diferem de acordo com a localização ou profundidade dos movimentos. A dor apenas na entrada, por exemplo, no início da penetração, pode estar associada a diversos fatores, incluindo os emocionais:

  • lubrificação insuficiente: geralmente é resultado de preliminares igualmente insuficientes e queda nos níveis de estrogênio após a menopausa, parto ou durante a amamentação;
  • medicamentos: alguns medicamentos, como pílulas anticoncepcionais, antidepressivos, para hipertensão ou anti-histamínicos podem afetar o desejo ou a excitação sexual levando à diminuição da lubrificação;
  • lesão, trauma ou irritação na região;
  • inflamação ou infecção na área genital, no trato urinário ou eczemas na pele da região;
  • vaginismo: espasmos involuntários dos músculos da parede vaginal que podem tornar a penetração dolorosa;
  • problemas congênitos como agenesia vaginal, malformação da vagina e hímen imperfurado, condição em que uma membrana bloqueia a abertura vaginal.

Já os casos em que a dor ocorre com penetração profunda, piorando em determinadas posições, o que é chamado de dispareunia de profundidade, normalmente são resultado de condições como a DIP (doença inflamatória pélvica), miomas uterinos e endometriose em estágios moderados ou mais avançados.

Entre elas, a endometriose se destaca como a causa mais frequente de infertilidade feminina atualmente. Nessa doença, um tecido semelhante ao endométrio cresce em locais ectópicos, como o peritônio, tubas uterinas, ovários, bexiga e intestino, causando um processo inflamatório.

A dispareunia, inclusive, está entre os sintomas que alertam para a doença em estágios mais avançados, que por ser de crescimento lento e muitas vezes silenciosa tende a ser descoberta quando já evoluiu e causou danos mais expressivos à fertilidade das mulheres.

Endometriose, infertilidade e reprodução assistida

A endometriose pode interferir na fertilidade das mulheres desde os estágios iniciais, em que as lesões são superficiais e localizada apenas no peritônio, membrana que recobre as paredes da cavidade pélvica e superfície dos órgãos nela abrigados.

No início da doença, o processo inflamatório compromete o desenvolvimento e amadurecimento dos folículos ovarianos, que contêm o óvulos imaturos, levando a distúrbios de ovulação; ou, no preparo do endométrio, camada interna uterina na qual o embrião se implanta para dar início à gestação, resultando em falhas e abortamento.

Em estágios moderados, pode haver formação de aderências menos densas, consequentes do processo inflamatório e de endometriomas, um tipo de cisto no córtex ovariano, região em que ficam localizados os folículos, causando danos nos que estão ao redor, comprometendo sua quantidade (reserva ovariana), o que pode levar à infertilidade permanente.

Nos estágios mais avançados, quando o tecido ectópico já invadiu profundamente vários órgãos, além das interferências que ocorrem nos anteriores, as aderências são mais densas provocando diversos problemas, incluindo obstruções tubárias que impedem o transporte os gametas, óvulos e espermatozoides para a fecundação, funções exercidas pelas tubas no processo reprodutivo.

Os sintomas também são mais graves, caso que se aplica à dispareunia, resultado de endometriomas maiores ou em maior quantidade, de lesões nos ligamentos uterossacros, que sustentam o órgão, no terço superior da vagina atrás do colo uterino e no septo retovaginal, tecido ou espaço entre o reto, por exemplo.

Apesar de comprometer a capacidade reprodutiva de diferentes formas, o tratamento da endometriose proporciona o alívio dos sintomas e a gravidez, pode ser feito por medicamentos, cirurgia e por reprodução assistida, de acordo com cada caso e o desejo de engravidar no momento.

Medicamentos anti-inflamatórios e hormonais podem ser prescritos, para inflamação e alívio dos sintomas mais leves. Os hormonais, se não houver o desejo de ter filhos, pois têm o objetivo de suspender a menstruação e, assim, a exposição ao estrogênio, minimizando sua ação.

O hormônio, que atua no preparo do endométrio normal tornando-o mais espesso e vascularizado para receber um possível embrião, tem esse mesmo efeito no nos implantes de tecido ectópico.

A cirurgia, por sua vez, pode era indicada para remoção de aderências e endometriomas quando estão presentes em maior número, se os sintomas forem mais severos, entre eles a dispareunia, ou se a mulher desejar a gravidez.

A reprodução assistida é um recurso importante quando há intenção de maternidade. Suas técnicas podem auxiliar a gravidez dos casos mais leves de endometriose aos mais graves. A relação sexual programada (RSP), por exemplo, é indicada quando a doença está em estágios iniciais e provoca apenas ovulação irregular, oligovulação.

A técnica é adequada para mulheres com até 37 anos, bons níveis de reserva ovariana, as tubas uterinas e espermatozoides do parceiro saudáveis, pois o objetivo do tratamento é obter mais óvulos disponíveis para ovulação e programar o melhor período para intensificar as relações sexuais. A fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas.

Nos casos mais graves, a indicação é o tratamento com fertilização in vitro (FIV), técnica mais complexa em que a fecundação e o desenvolvimento inicial dos embriões são realizados em laboratório. Como as tubas uterinas não têm função, permite o tratamento se estiverem obstruídas.

Depois de gerados, com óvulos e espermatozoides previamente coletados e selecionados, os embriões são transferidos diretamente ao útero materno.

A dispareunia, portanto, pode sinalizar condições que interferem na capacidade reprodutiva das mulheres. O sintoma figura na lista de várias associadas à infertilidade feminina, um problema que afeta milhões de mulheres em idade reprodutiva no mundo todo.

Toque aqui para saber mais sobre a endometriose, doença mais associada ao problema!


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