A determinação das melhores formas de tratamento para qualquer tipo de doença depende da obtenção de diagnósticos exatos. Essa é uma das maiores dificuldades da DIP (doença inflamatória pélvica), que pode acarretar em quadros como endometrite, salpingite e peritonite, entre outras infecções pélvicas.
Diversos são os motivos da dificuldade: a DIP é normalmente causada por infecções bacterianas simultâneas, o que dificulta a determinação do melhor antibiótico para cada situação, e muitas vezes as mulheres não apresentam sintomas até que a doença atinja um grau de gravidade maior.
Dependendo das estruturas e órgãos afetados pela DIP, alguns sintomas, como a infertilidade, podem ter consequências permanentes, mantendo-se mesmo após a finalização do tratamento e a erradicação dos agentes microbianos.
Por isso, é importante que a mulher acompanhe sua saúde reprodutiva com atenção, mesmo quando não existem planos imediatos de engravidar, justamente para possibilitar a identificação precoce desse tipo de doença, realizando tanto o tratamento medicamentoso, quanto a abordagem pela reprodução assistida sem maiores complicações.
O objetivo deste texto é mostrar quais as formas mais adequadas para o tratamento da DIP, incluindo a reprodução assistida. Nos acompanhe na leitura a seguir e saiba mais.
O que é a DIP?
O termo DIP (doença inflamatória pélvica) não se refere- a uma única doença, mas sim a um espectro de possÃveis infecções bacterianas, na maior parte das vezes de ocorrência simultânea, que afeta primariamente os órgãos e as estruturas localizados na cavidade pélvica.
Quais são os sintomas da DIP?
Apesar de os motivos pelos quais uma mulher desenvolve DIP serem diversos, normalmente os sintomas das infecções são bastante semelhantes:
- Dor pélvica;
- Dor durante as relações sexuais (dispareunia);
- Sangramento durante as relações sexuais;
- Corrimento de aspecto e odor desagradáveis;
- Secreção purulenta endocervical;
- Infertilidade;
- Febre;
- Dor à palpação.
O que causa a DIP?
A DIP é uma infecção polimicrobiana, ou seja, causada pela atividade parasitária de um grupo especÃfico de bactérias, que normalmente atuam de forma simultânea.
A mulher com DIP não necessariamente é portadora de todas as bactérias com potencial para desenvolver o quadro inflamatório pélvico. Entre as principais bactérias que levam à DIP, destacamos:
- Chlamydia trachomatis (clamÃdia);
- Neisseria gonorrhoeae (gonorreia);
- Escherichia coli;
- Mycoplasma genitalium;
- Ureaplasma urealyticum.
Apenas a E. coli pode ter uma via de contaminação alternativa à via sexual para as mulheres, pelo fato de existir naturalmente na flora intestinal. Todas as outras podem ser consideradas ISTs (infecções sexualmente transmissÃveis), já que compartilham a via sexual como principal forma de contágio.
Como a DIP pode ser tratada?
Assim como acontece com qualquer doença provocada pela ação bacteriana, o tratamento da DIP também deve ser feito sempre com antibióticos, a partir da identificação das bactérias presentes nos órgãos e estruturas afetadas pela infecção
Como a DIP ser uma doença de origem polimicrobiana, a escolha do tratamento pode ser feita a partir de uma combinação de antibióticos que respondam às principais bactérias envolvidas nos processos infecciosos da doença.
Por isso a escolha do tratamento mais adequado para cada caso de DIP deve ser feita com resultados obtidos nos exames laboratoriais, que são a única forma de determinar um diagnóstico preciso.
O diagnóstico para DIP é feito com a análise laboratorial de amostras da secreção endocervical ou vulvovaginal, normalmente coletadas na primeira consulta – especialmente quando existem sintomas pré-existentes, como corrimento e a secreção purulenta.
Dependendo da gravidade do quadro de DIP, o tratamento pode ser feito em ambiente ambulatorial, para os casos mais leves, que não apresentam febre, embora os estágios mais avançados da doença possam exigir um perÃodo de internação hospitalar, para que os antibióticos sejam administrados por via intravenosa.
O que acontece com a mulher que não trata a DIP?
As duas principais consequências do não tratamento da DIP são a infertilidade e o risco de sepse, uma infecção abdominal e pélvica generalizada, que pode levar à morte.
A infertilidade decorrente da demora em buscar tratamento da DIP normalmente se manifesta pela presença de aderências, principalmente no interior das tubas uterinas e na superfÃcie do endométrio, resultantes dos processos cicatrizantes nas áreas parasitados pelas bactérias da DIP.
Quando essas aderências estão localizadas nas tubas uterinas a mulher pode apresentar infertilidade por fator obstrutivo, e quando acometem o endométrio, oferecem maiores riscos de prejuÃzo à receptividade endometrial e, consequentemente, à fecundação e à manutenção adequada da gestação.
A reprodução assistida pode ser indicada?
Sabe-se que as técnicas de reprodução assistida podem ajudar todos os casos de infertilidade, inclusive aqueles causados por DIP, mas sempre é importante ressaltar que a realização de qualquer procedimento na presença de uma infecção ativa deve ser contra indicado. Não somente porque o procedimento pode falhar, mas a intervenção em face da infecção pode agravar ainda mais o quadro.
É importante que a mulher realize o tratamento antibiótico até o final – e que inclua também sua parceria, mesmo que de forma preventiva – antes de dar inÃcio a qualquer tipo de tratamento por reprodução assistida.
As técnicas menos complexas – como a RSP (relação sexual programada) e a IA (inseminação artificial) – são indicadas para infertilidade leve e, principalmente, que não seja causada por obstrução tubária, já que ambas contam com a possibilidade de a fecundação ocorrer no interior das tubas uterinas.
Para os casos de infertilidade por obstrução tubária, e também todas as outras situações em que a infertilidade é uma sequela da DIP, a FIV (fertilização in vitro) é a técnica mais adequada.
Sua alta complexidade permite a coleta de gametas por punção, além de possibilitar a fecundação fora do corpo da mulher e permitir um processo de preparo endometrial mais acurado.
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