Uma doença feminina relativamente comum ainda pouco conhecida pela maioria das pessoas, a adenomiose tem como caracterÃstica o crescimento de um tecido semelhante ao endométrio, que reveste internamente o útero, no miométrio, camada intermediária adjacente.
A presença do tecido anormal no miométrio pode resultar, muitas vezes, em diferentes sintomas, muitas vezes severos, incluindo infertilidade. Porém, quando a adenomiose é diagnosticada precocemente eles podem ser facilmente controlados, assim como os danos à saúde reprodutiva evitados.
Por ter caracterÃsticas semelhantes à endometriose, considerada atualmente a principal causa de infertilidade feminina, as duas doenças são frequentemente confundidas. Porém, elas se diferenciam no local de crescimento, na endometriose o tecido anormal se desenvolve em regiões próximas ao útero, como o peritônio, os ovários, as tubas uterinas, a bexiga ou intestino.
Para saber se você tem adenomiose continue a leitura deste texto até o final, que aborda dos fatores de risco e sintomas, um alerta para a presença da doença, ao diagnóstico e tratamento, incluindo a reprodução assistida. Confira!
Sinais e sintomas da adenomiose
Embora até os dias atuais a causa exata da adenomiose permaneça desconhecida pela ciência, na literatura médica constam diversas teorias sobre o seu desenvolvimento:
- Que as células do endométrio podem ter sido depositas no miométrio ainda durante o desenvolvimento fetal;
- Que a adenomiose pode ser provocada inflamações no endométrio durante o perÃodo pós-parto, como resultado de uma ruptura no limite entre as duas camada, resultando na invasão das células endometriais;
- Que a invasão pode ser motivada por intervenções cirúrgicas como a cesariana, consequência de incisões uterinas feitas durante o procedimento;
- Que o miométrio pode ser invadido por células-tronco da medula óssea, causando adenomiose.
Ainda, segundo estudos, mulheres com mais de 40 anos nulÃparas, ou seja, nunca tiveram filhos, têm mais risco de desenvolver a doença, mesmo que ela possa ocorrer em qualquer idade. Durante a fase fértil, há maior risco de interferir na fertilidade.
O tecido ectópico no miométrio provoca a formação de pequenas bolsas e um processo inflamatório que estimula o surgimento de sintomas intensos. Por outro lado, assim como a endometriose e os miomas uterinos, a adenomiose é uma doença estrogênio-dependente, o que significa que esse hormônio, cuja ação é fundamental para o espessamento do endométrio durante os ciclos menstruais, também atua promovendo o desenvolvimento das bolsas.
Os sintomas mais comuns são aumento do fluxo menstrual e cólicas severas. Veja abaixo os principais:
- aumento do fluxo menstrual, muitas vezes de forma prolongada;
- cólicas severas antes e durante a menstruação (dismenorreia);
- dor pélvica crônica;
- dor durante as relações sexuais (dispareunia);
- infertilidade.
As alterações na fertilidade são associadas por estudos às bolsas formadas no miométrio. De acordo com eles, podem causar uma hipermobilidade uterina, irregularidade que compromete o transporte dos espermatozoides até as tubas uterinas para fecundar o óvulo.
Além disso, o processo inflamatório pode comprometer o desenvolvimento e amadurecimento dos folÃculos ovarianos, resultando em distúrbios de ovulação, ou interferir na implantação do embrião, causando abortamentos.
Um especialista deverá ser consultado se houver o aumento de fluxo menstrual por mais de dois meses consecutivos e cólicas mais severas durante o perÃodo. A dificuldade reprodutiva também é um importante alerta para o problema, no entanto, a infertilidade é apenas considerada após 12 meses de tentativas malsucedidas de engravidar sem o uso de nenhum método contraceptivo.
Diagnóstico da adenomiose
O diagnóstico da adenomiose começa com a anamnese, entrevista inicial em que é feito o acolhimento dos sintomas e são analisados histórico clÃnico pessoal e familiar, por exemplo. Essas informações podem levar à suspeita da doença, posteriormente confirmada por exames de imagem, importantes também para excluir a possibilidade de outras doenças, como a endometriose e os miomas uterinos, que causam sintomas semelhantes.
Geralmente, o primeiro exame realizado é a ultrassonografia transvaginal. Confirma a possÃvel presença de massas uterinas, mas nem sempre possibilita a distinção entre as bolsas caracterÃsticas da adenomiose e miomas intramurais, presentes no miométrio. Por isso, podem ser solicitados exames complementares.
A vÃdeo-histeroscopia ginecológica, que permite a visualização direta da cavidade uterina, e a ressonância magnética da região pélvica são os exames complementares mais solicitados para descartar a presença de outras doenças e confirmar a possibilidade de adenomiose.
Porém, o diagnóstico definitivo pode ser feito apenas quando o útero é removido com a análise histopatológica.
Tratamento da adenomiose e reprodução assistida
O tratamento da adenomiose é feito por medicamentos ou por cirurgia. Anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) e analgésicos são prescritos para aliviar sintomas como a inflamação e dor.
Se a mulher não tiver o desejo de engravidar no momento, medicamentos hormonais são administrados para suspender a menstruação, minimizando, assim, a exposição ao estrogênio e, consequentemente, promovendo a diminuição das bolsas e o alÃvio dos sintomas.
A cirurgia é apenas indicada apenas se os sintomas fores mais severos e comprometerem a qualidade de vida das mulheres portadoras. Tem como objetivo a eliminação ou destruição do tecido ectópico por ablação, procedimento normalmente realizado por vÃdeo-histeroscopia cirúrgica.
No entanto, a cura definitiva é possÃvel apenas com a remoção do útero (histerectomia), opção considerada quando a mulher não deseja ter filhos ou os outros procedimentos não promovem o alÃvio dos sintoma e controlam o avanço da doença.
Mulheres com adenomiose que desejam engravidar, por outro lado, podem contar com o auxÃlio da reprodução assistida para aumentar as chances. A técnica indicada nesses caos é a fertilização in vitro (FIV), que prevê a fecundação em laboratório e a transferência dos embriões para o útero materno.
Assim, permite contornar problemas como a hipermobilidade uterina consequente da doença. Já as interferências na receptividade do endométrio provocadas pelo processo inflamatório podem ser solucionadas pelo teste ERA, técnica complementar à FIV que analisa as células do endométrio determinando o perÃodo mais receptivo para transferir o embrião.
Mesmo quando é necessária a remoção do útero é possÃvel engravidar com auxÃlio de outra técnica complementar, a cessão temporária do útero: os embriões são formados com os gametas dos pais e transferidos para o útero de uma mulher parente de até quarto grau dos pacientes em tratamento.
As chances de sucesso gestacional proporcionadas pela FIV são as mais altas da reprodução assistida, em média 40% a cada ciclo de tratamento.
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