A Organização Mundial da Saúde (OMS) define infertilidade como a inaptidão de um casal em idade reprodutiva conseguir uma gestação e levá-la até o final, após um ano de tentativas sem o uso de contraceptivos.
Isso significa que mesmo o casal que consegue engravidar, porém não consegue levar a gravidez a termo, como acontece nos abortos de repetição, também pode ser diagnosticado com infertilidade conjugal.
Quando o homem, a mulher ou ambos nunca tiveram filhos antes do diagnóstico de infertilidade, dizemos que se trata de infertilidade primária. No entanto, em alguns casos, mesmo após passar pela experiência de ter filhos, muitas vezes sem nenhuma intercorrência durante as gestações pregressas, novos problemas de saúde e até mesmo a idade do casal pode fazer com que a função reprodutiva fique prejudicada, e nesses casos classificamos a infertilidade como secundária.
Além disso, a infertilidade conjugal também pode ser compreendida segundo sua possibilidade de reversão. Nesse sentido, a infertilidade temporária é considerada uma condição normalmente reversÃvel por meio de tratamentos para as doenças ou sÃndromes que levaram a esse quadro, enquanto a infertilidade permanente não pode ser curada e, muitas vezes, só pode ser superada com o auxÃlio da reprodução assistida.
O objetivo deste texto é discutir a infertilidade masculina e feminina, para que o leitor possa saber a quais sinais deve estar atento e quando é o momento ideal para procurar atendimento médico, caso desconfie da infertilidade.
O que é infertilidade?
A OMS estima que cerca de 15% da população mundial, atualmente, seja diagnosticada com infertilidade. Os motivos que levaram a essa condição distribuem-se de forma igualitária entre homens e mulheres: 40% dos casos relacionada a fatores masculinos, 40% a fatores femininos, 10% a uma combinação de causa masculinas e femininas, e em 10% dos casos não é possÃvel determinar quais as causas da infertilidade – ISCA (infertilidade sem causa aparente).
Tanto em homens quanto em mulheres, a infertilidade pode ser causada por fatores genéticos, hereditários ou não, ou adquiridos, como agentes biológicos causadores das ISTs (infecções sexualmente transmissÃveis), hábitos de vida não saudáveis e traumas mecânicos resultantes de outras intervenções médicas.
Nos homens, a manifestação mais comum de infertilidade dá-se por um quadro de azoospermia, que é a completa ausência de espermatozoides no lÃquido ejaculado.
A azoospermia pode ser causada por obstruções no cordão espermático, sendo por isso chamada de azoospermia obstrutiva, e também por alterações no processo de formação dos espermatozoides (espermatogênese), sendo nesses casos classificada como não obstrutiva.
DesequilÃbrios hormonais também podem prejudicar a espermatogênese, especialmente quando a testosterona se mostra diminuÃda, além de também alterações no ambiente em que acontece esse processo, como é o caso da varicocele, doença causada por defeitos nas válvulas da rede venosa que irriga os testÃculos e resulta no aumento da temperatura e da pressão no interior dessas estruturas, prejudicando a formação dos espermatozoides.
Quando falamos de infertilidade feminina, além das possibilidades genéticas ou adquiridas, também a idade é um fator preponderante para avaliação da fertilidade, que se mostra diminuÃda com o passar do tempo.
As doenças e condições que afetam os ovários costumam ser resultado de desequilÃbrios hormonais que levam à anovulação, quando a liberação do óvulo não acontece, ou à oligovulação, quando a mulher apresenta menos de 9 ciclos reprodutivos no perÃodo de um ano.
Algumas das doenças mais conhecidas que afetam a ovulação incluem a SOP (sÃndrome dos ovários policÃsticos), a FOP (falência ovariana prematura), a endometriose ovariana (endometriomas) e a hiperprolactinemia.
A infertilidade feminina também pode ser causada por obstruções no interior das tubas uterinas, já que essas estruturas são responsáveis pela condução do óvulo liberado na ovulação, e também porque é no interior das tubas que a fecundação acontece.
ISTs como a clamÃdia e a gonorreia podem afetar as tubas uterinas, mesmo após o tratamento, deixando cicatrizes que oferecem obstáculos à passagem dos gametas, o que também acontece nos casos de endometriose tubária.
Como a infertilidade feminina está atrelada não somente a problemas relacionados ao processo de fecundação, mas também ao sucesso na condução da gestação até o parto, qualquer problema relacionado a malformações uterinas anatômicas, como útero septado e didelfo, pode prejudicar a função reprodutiva das mulheres, levando principalmente a perdas gestacionais, abortos de repetição e partos prematuros.
Quais sinais podem indicar infertilidade?
Os sintomas mais comuns, compartilhados pela maior parte das doenças que causam infertilidade masculina e são sintomáticas, incluem principalmente dor e sensação de peso na bolsa escrotal e nos testÃculos, sintomas comuns nos casos de varicocele, orquite e epididimite, além da presença de pus no trecho final da uretra e sensação de dor ou ardor ao urinar, sintoma de uretrite.
Os sinais mais observados entre as mulheres que desenvolvem os variados tipos de infertilidade costumam estar ligados a alterações na regularidade dos ciclos reprodutivos e no volume do fluxo menstrual, seja porque a mulher deixa de menstruar (amenorreia), seja porque passa a apresentar um fluxo menstrual muito mais intenso, muitas vezes acompanhado de cólicas menstruais fortes (dismenorreia) e sangramentos fora do perÃodo habitual.
Como é feita a investigação da infertilidade?
A investigação da infertilidade masculina normalmente começa com a solicitação do espermograma, um exame fundamental para avaliação quantitativa e qualitativa da integridade do lÃquido ejaculado. É a partir do resultado desse exame que se determinam os próximos exames a serem solicitados.
Entre os exames mais solicitados para esses casos podemos destacar o ultrassom testicular com doppler, que é indicado principalmente para os casos de varicocele, a ressonância magnética e dosagens hormonais, além das testagens genéticas.
Para infertilidade feminina, a investigação começa com o exame clÃnico, em que se observa a presença de dor pélvica e também de alterações macroscópicas que podem surgir no colo uterino e no canal vaginal.
Os exames de imagem, como as ultrassonografia pélvicas transvaginal e suprapúbica, a vÃdeo-histeroscopia, a histerossalpingografia, são os mais utilizados para confirmação do diagnóstico das doenças em que existe crescimento de massas tumorais e de tecido ectópico, como é o caso dos pólipos, miomas e da endometriose.
Para homens e mulheres, é importante que as testagens para as principais ISTs sejam feitas, já que doenças como a clamÃdia e a gonorreia podem causar infertilidade permanente em ambos os sexos.
Além disso, os exames de sangue para dosagens hormonais também auxiliam o diagnóstico da infertilidade em homens e mulheres, já que é o sistema endócrino que regula o funcionamento dos órgãos e estruturas do sistema reprodutivo feminino e masculino.
Como a reprodução assistida pode ajudar?
Muitos casos de infertilidade masculina ou feminina podem ser revertidos com sucesso por tratamentos para as doenças que causaram essa condição.
No entanto, quando esses tratamentos não são bem-sucedidos ou quando a infertilidade não pode ser tratada pela via medicamentosa ou cirúrgica, a medicina reprodutiva oferece possibilidades com as técnicas de reprodução assistida, como a RSP (relação sexual programada), a IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro).
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