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Anticoncepcional e infertilidade: veja mais sobre o assunto

por Dr. Augusto Bussab



"Os métodos anticoncepcionais, também chamados contraceptivos, têm como principal objetivo evitar uma gravidez não planejada. Existem vários tipos e embora funcionem de maneiras diferentes, geralmente impedem o encontro entre o espermatozoide e o óvulo, ou seja, que a fecundação aconteça, evento em que o gameta […]"
Anticoncepcional e infertilidade: veja mais sobre o assunto

Os métodos anticoncepcionais, também chamados contraceptivos, têm como principal objetivo evitar uma gravidez não planejada. Existem vários tipos e embora funcionem de maneiras diferentes, geralmente impedem o encontro entre o espermatozoide e o óvulo, ou seja, que a fecundação aconteça, evento em que o gameta masculino penetra o feminino originando a primeira célula do embrião.

O anticoncepcional mais popular é a pílula, um contraceptivo oral hormonal desenvolvido na década de 1960 incialmente com o objetivo de controle de natalidade, que, entretanto, se tornou um meio simples, seguro e eficaz de alcançar a liberdade reprodutiva. Assim, muitos estudiosos a consideram um dos avanços socialmente mais significativos da medicina moderna.

Atualmente, os direitos reprodutivos são, inclusive, protegidos por leis em diferentes países. No Brasil, são amparados pela Constituição Federal de 1988 e asseguram a livre tomada de decisão sobre a própria fecundidade, gravidez.

No entanto, apesar da popularidade dos anticoncepcionais no mundo contemporâneo, o mito sobre anticoncepcional e infertilidade ainda se mantém. Continue a leitura até o final e veja mais sobre o assunto. Confira!

Como o anticoncepcional age?

No Brasil, a pílula permanece como o anticoncepcional mais utilizado para evitar a gravidez e embora hoje outros contraceptivos hormonais estejam disponíveis, como adesivos, anéis vaginais e injeções, entre eles é o que apresenta maior eficácia, superior a 99% quando utilizada corretamente.

A pílula contém hormônios que substituem a função ovariana inibindo a ovulação. Existem diversos tipos, que variam de acordo com os hormônios presentes em sua composição. As mais comuns são as combinadas, compostas por estrogênio e progesterona, e as minipílulas, somente com progesterona.

Entenda melhor abaixo como a pílula age:

No início do ciclo menstrual, a hipófise secreta os hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH). O FSH atua no recrutamento e crescimento de vários folículos ovarianos, que contém o óvulo imaturo. Entre eles, um se torna dominante e desenvolve motivado pela ação do LH.

Durante o desenvolvimento, o folículo dominante secreta estrogênio, hormônio que promove o espessamento do endométrio, tecido de revestimento interno do útero no qual o embrião se implanta para dar início à gestação.

Aproximadamente na metade do ciclo menstrual um pico de LH induz esse folículo ao amadurecimento final e rompimento para liberação do óvulo, o que é chamado de ovulação. Esse é o período fértil das mulheres, ou seja, quando há mais chances de engravidar.

Depois de rompido, o folículo se transforma em uma estrutura que secreta progesterona chamada corpo lúteo. A progesterona atua com o estrogênio no preparo final do endométrio. Se não houver menstruação o corpo lúteo degenera, os níveis hormonais diminuem provocando a descamação do endométrio e a menstruação, que marca o início de um novo ciclo menstrual.

Os hormônios presentes na composição da pílula inibem a secreção de FSH e LH, dessa forma, a ovulação não acontece.

Apesar da eficácia da pílula em evitar a gravidez, é importante o uso correto para obter os efeitos desejados. Esse anticoncepcional também reduz as cólicas, o fluxo menstrual e a tensão pré-menstrual. Alguns tipos podem, inclusive, ser tomados de forma contínua, suspendendo totalmente a menstruação.

Outro contraceptivo hormonal bem conhecido é o DIU (dispositivo intrauterino), um método anticoncepcional de longa duração. Ele tem um formato de T e é inserido no útero. O Mirena, tipo hormonal, libera continuamente pequenas quantidades de progesterona, o que torna o endométrio mais fino impedindo a implantação do embrião, ao mesmo tempo que aumenta a espessura do muco cervical, inibindo a entrada dos espermatozoides.

O DIU hormonal tem a duração de aproximadamente 6 anos. Depois desse tempo, deve ser renovado. Os índices de eficácia também são superiores a 99%.

Ainda que o anticoncepcional possa evitar uma gravidez não planejada, além de outros benefícios, a dúvida de algumas mulheres que utilizam métodos como a pílula e o DIU é se eles podem causar infertilidade permanente, embora a orientação médica seja contrária à essa informação.

A resposta é não. Mesmo as mulheres que usaram contraceptivos hormonais por muito tempo têm probabilidade igual as que nunca os utilizaram de conceber. Após interromper o uso é possível engravidar naturalmente.

Se eles não afetam a fertilidade, por que existe um mito tão persistente? Os ciclos menstruais geralmente normalizam em cerca de três meses ou antes após a interrupção da maioria tipos de anticoncepcionais hormonais, incluindo a pílula e o DIU Mirena.

No entanto, para algumas mulheres o retorno da fertilidade pode ser um pouco mais demorado, de seis meses, dependendo do organismo. Esse atraso pode sugerir que o anticoncepcional provocou infertilidade, mas isso não acontece.

Em relação particularmente aos contraceptivos orais, um longo atraso da menstruação, superior a seis meses, é chamado de amenorreia pós-pílula. E geralmente não está relacionada ao anticoncepcional, porém a uma condição de saúde subjacente, que provoca a ausência de ovulação (anovulação), uma causa comum de infertilidade feminina.

Quais condições podem ser mascaradas pela ação do anticoncepcional?

Alguns sintomas indicativos de possíveis doenças femininas que causam infertilidade, como irregularidades menstruais ou cólicas severas, podem ser mascarados pelo anticoncepcional, incluindo a pílula, DIUs hormonais e outros métodos contraceptivos que utilizam hormônios.

As pílulas, por exemplo, podem reduzir o fluxo menstrual ou suspender a menstruação, de acordo com o tipo, o mesmo acontece com o DIU Mirena.

Irregularidades menstruais – aumento do fluxo, redução ou ausência de menstruação – sinalizam distúrbios de ovulação, que inibem ou dificultam a liberação do óvulo e, assim, o sucesso gestacional.

A ausência de ovulação (anovulação) é uma característica comum a doenças femininas como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), insuficiência ovariana prematura (menopausa precoce), endometriose ovariana (endometriomas), além dos distúrbios da tireoide, hipotireoidismo e hipertireoidismo. Baixo peso e sobrepeso também podem resultar no problema.

Porém, a infertilidade por distúrbios de ovulação pode ser tratada pelas técnicas de reprodução assistida.

Reprodução assistida

Na três principais técnicas de reprodução assistida, relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV), a primeira etapa é a estimulação ovariana, um procedimento que utiliza medicamento hormonais sintéticos, semelhantes aos envolvidos no processo reprodutivo, para obter uma quantidade maior de óvulos disponíveis.

Nas técnicas de baixa complexidade, RSP e IA, como a fecundação acontece naturalmente nas tubas uterinas, são utilizadas dosagens mais baixas para estimular o desenvolvimento de até 3 folículos ovarianos. Enquanto na FIV, técnica mais complexa, a fecundação acontece em ambiente laboratorial, por isso, as dosagens são mais altas com objetivo de obter até 10 óvulos maduros.

Os embriões formados na fecundação se desenvolvem por alguns dias em laboratório e são posteriormente transferidos ao útero materno.

Portanto, ainda que o anticoncepcional impeça a ovulação, não causa infertilidade. Mulheres que não conseguem engravidar em até seis meses após a interrupção, devem procurar um especialista para investigar as causas da dificuldade reprodutiva. Para saber mais sobre infertilidade feminina e doenças que podem provocar o problema, toque aqui!


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