A infertilidade conjugal pode ser causada por fatores femininos e masculinos, que se apresentam de forma individualizada ou associados. Em alguns casos não é possÃvel identificar as causas da infertilidade, condição a que chamamos ISCA (infertilidade sem causa aparente).
A fertilidade das mulheres acontece de forma cÃclica, entre a puberdade e a menopausa, e o perÃodo menstrual é uma das fases mais marcantes do ciclo reprodutivo feminino, especialmente por ser passÃvel de observação sem a necessidade de exames ou procedimentos cirúrgicos.
A ausência de menstruação, mudanças no volume e na coloração do sangue expelido, bem como a presença de coágulos e dores pélvicas, entre outros sinais, indicam alterações no sistema reprodutivo feminino. São mais facilmente observadas pela própria mulher e demandam a busca por atendimento médico.
A amenorreia é a ausência de menstruação e este costuma ser um sintoma bastante genérico, ainda que preocupante, já que é compartilhado por diversas doenças, podendo ou não estar acompanhado de infertilidade feminina.
Nos acompanhe na leitura do texto a seguir e entenda melhor o que é amenorreia e o que esse sintoma pode indicar sobre a fertilidade das mulheres.
O que é menstruação?
A menstruação, que é a descamação do endométrio e eliminação desse tecido em forma de sangue menstrual, marca o final de um ciclo reprodutivo e o inÃcio do próximo, pois considera-se que o primeiro dia do sangramento é também o do novo ciclo reprodutivo.
A menstruação e todo o ciclo reprodutivo são coordenados por uma dinâmica hormonal que envolve tanto estruturas do sistema reprodutivo, quando outras, localizadas no sistema nervoso central.
No inÃcio do ciclo menstrual a menstruação é disparada quando os nÃveis de estrogênio e progesterona atingem suas concentrações mais baixas. A diminuição na concentração desses hormônios sinaliza ao hipotálamo que retome a secreção de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas), um hormônio que atua principalmente na hipófise, estimulando a produção das gonadotrofinas FSH (hormônio folÃculo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante).
As gonadotrofinas são os hormônios que saem do sistema nervoso central, onde se encontram o hipotálamo e a hipófise, e têm nos ovários seus principais tecidos-alvo.
Assim, no inÃcio do ciclo menstrual, o aumento na concentração das gonadotrofinas é gradual, e podemos dizer que ambas atuam nas células da teca (um dos tipos celulares que compõem o folÃculo ovariano): enquanto o LH estimula essas células a produzir testosterona, o FSH converte esse androgênio em estrogênio, o que leva também a um aumento gradual na produção e concentração desse hormônio.
Ao longo da primeira fase do ciclo reprodutivo – chamada proliferativa ou folicular – essa dinâmica hormonal promove o aumento na concentração de estrogênios, que realiza o recrutamento dos folÃculos que entram em amadurecimento e também o preparo do endométrio para receber um possÃvel embrião.
Aproximadamente no 14º dia após o inÃcio do sangramento, esses hormônios – FSH, LH e estrogênio – atingem um pico máximo de concentração, levando ao rompimento das células foliculares e a liberação do óvulo contido em seu interior, num processo chamado ovulação.
Imediatamente após a ovulação, tem inÃcio a segunda fase do ciclo reprodutivo, chamada secretora ou lútea. O pico hormonal que desencadeia a ovulação também sinaliza ao hipotálamo para interromper a secreção de GnRH, fazendo com que os nÃveis de gonadotrofinas diminuam sensivelmente.
Após a ovulação, as células resquiciais do folÃculo ovariano formam uma massa celular chamada corpo lúteo e passam a produzir progesterona. A ação combinada da progesterona e dos estrogênios, durante a segunda fase do ciclo, provoca alterações no endométrio.
As células endometriais primeiro se multiplicam e aumentam a espessura do endométrio, sob ação dos estrogênios, e, em seguida, são estratificadas e reorganizadas pela ação da progesterona. Esse conjunto de processos é chamado preparo endometrial.
Ao final da fase lútea ou secretora, a concentração de estrogênio e progesterona vai caindo gradualmente, até que esses hormônios atingem suas concentrações mÃnimas, disparando a descamação do endométrio em forma de menstruação e recomeçando novamente o ciclo.
O que é amenorreia?
Amenorreia, como o próprio nome diz, é a ausência de menstruação e pode ser classificada como primária e secundária.
Na amenorreia primária a mulher apresenta também problemas na formação dos caracteres sexuais secundários – aparecimento de pelos pubianos, mamas, mudanças no formato do corpo, entre outras tÃpicas da puberdade – e um atraso na menarca, a primeira menstruação, que pode até mesmo não acontecer, dependendo do que motiva a amenorreia.
Quando a mulher já passou pela primeira menstruação e, em qualquer momento de sua vida reprodutiva, parou de menstruar, essa condição é chamada amenorreia secundária e normalmente é resultado de doenças ou de estilo de vida não saudável.
A interrupção da menstruação pode ser sinal de problemas na secreção dos hormônios sexuais, especialmente os estrogênios e a progesterona, que têm uma atuação direta no espessamento endometrial.
O que pode causar amenorreia?
A ausência de menstruação normalmente está relacionada a alterações hormonais ou anatômicas, além de também ser resultado de estresse. Entre as principais motivações para amenorreia, destacamos:
- SOP (sÃndrome dos ovários policÃsticos);
- Hiperprolactinemia;
- Alterações na tireoide;
- Malformações anatômicas do trato genital;
- Medicamentos;
- Tratamentos oncológicos;
- Tumores ovarianos, uterinos e hipofisários;
- Uso ininterrupto de anticoncepcionais orais;
- Transtornos alimentares;
- Obesidade;
- Prática excessiva de exercÃcios fÃsicos;
- Estresse emocional;
- Rotina de sono inadequada.
Qual a relação entre amenorreia e infertilidade?
Como vimos, a ausência de menstruação pode ser decorrente de alterações que afetam principalmente a ovulação e o preparo endometrial, muitas vezes relacionadas a anomalias na secreção dos hormônios do ciclo reprodutivo.
A relação entre amenorreia e infertilidade é que a ausência de menstruação costuma indicar a presença de doenças que oferecem danos relativamente severos à fertilidade das mulheres, ainda que nem toda mulher com amenorreia seja obrigatoriamente infértil.
Como é feito o tratamento?
Os tratamentos para amenorreia são realizados a partir de abordagens que visam incidir nas causas desse sintoma, e não unicamente sobre a ausência de menstruação. Por isso, as abordagens precisam ser precedidas de exames, que apurem as causas para interrupção da menstruação, e devem ser definidas de forma personalizada.
Muitas vezes, apenas mudanças nos hábitos de vida e o tratamento dos transtornos alimentares por si só são capazes de restaurar a menstruação e os ciclos reprodutivos femininos adequadamente.
Nos casos de SOP, obesidade, alterações na tiroide e nos nÃveis de prolactina, mudanças nos hábitos de vida podem ser auxiliadas por terapêuticas medicamentosas, cujo principal objetivo é restabelecer o equilÃbrio hormonal e, assim, restaurar a menstruação.
Contudo, em alguns casos, principalmente naqueles em que se observa amenorreia primária, a mulher provavelmente também apresenta infertilidade, que pode inclusive ser permanente.
A reprodução assistida é indicada, nesses casos, e a escolha da melhor técnica deve ser feita com base no diagnóstico.
Atualmente, a medicina oferece três técnicas de sucesso: a RSP (relação sexual programada), a IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro). Entre elas, a FIV é a mais complexa e abrangente, podendo ser indicada para praticamente todas as demandas reprodutivas, inclusive aquelas causadas por infertilidade feminina.
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