As doenças ginecológicas que provocam infertilidade feminina – ao lado das que causam sintomas dolorosos intensos – são algumas das mais temidas entre as mulheres jovens, especialmente aquelas que estão tentando engravidar.
Os sintomas relacionados à dor pélvica, quando mais intensos que o normal, muitas vezes são uma consequência de processos inflamatórios na região e, nesse sentido, a endometriose é uma das doenças inflamatórias mais associadas à perda da qualidade de vida, em função de quadros muito graves de dor pélvica.
Essa é uma doença causada pela presença de tecido endometrial ectópico, ou seja, que se desenvolve fora do seu local de origem. A endometriose é estrogênio-dependente e, por isso, afeta principalmente mulheres em idade reprodutiva.
Mesmo sendo uma das doenças inflamatórias crônicas mais frequentes, ainda existe muita informação equivocada circulando entre as pessoas, por isso, este texto busca esclarecer algumas das mais difundidas, com explicações sobre a veracidade ou não dessas informações.
Aproveite a leitura!
Endometriose afeta a fertilidade?
Uma das principais consequências da endometriose é seu alto potencial para causar danos à fertilidade das mulheres, por motivos que variam de acordo com a localização dos focos endometrióticos.
É importante saber que os implantes de endométrio ectópico respondem à ação dos estrogênios e progesterona da mesma forma que o endométrio original, localizado na cavidade uterina.
Contudo, a interferência hormonal no endométrio ectópico dispara processos inflamatórios locais, responsáveis também pelos intensos sintomas dolorosos, tÃpicos da doença.
Quando os implantes estão localizados nos ovários, formam cistos vermelho-amarronzados, chamados endometriomas, que crescem sob estÃmulo do estrogênio. Aqui, a inflamação prejudica a ovulação e oferece risco de danos à reserva ovariana, podendo gerar um quadro de infertilidade grave.
Se localizados nas das tubas uterinas, o processo inflamatório pode levar à formação de aderências no interior dessas estruturas, que obstruem a passagem dos gametas. Além disso, também altera o ambiente quÃmico e celular, oferecendo risco de danos aos gametas, ao embrião e aumentando as chances de gestação ectópica.
Endometriose pode virar câncer?
A maioria das mulheres com endometriose nunca desenvolve câncer, embora alguns estudos mostrem que existe um aumento no risco de desenvolvimento de câncer de ovário e de mama em mulheres com formas especÃficas de endometriose.
Contudo, esse risco somente se mostra mais relevante em fenótipos bastante especÃficos de endometriose, relacionados a formas também especÃficas de carcinoma.
Alguns aspectos moleculares da endometriose, como sua origem na teoria da menstruação reversa, que aumenta o estresse oxidativo nos tecidos em contato com o influxo de sangue menstrual, podem potencializar quadros de carcinoma de ovário, porém, não existe comprovação da associação direta, genética, entre esses dois quadros.
Por isso, é importante acompanhar a saúde do sistema reprodutivo, especialmente os casos de endometriose, em qualquer grau de gravidade, monitorando as possibilidades de malignização dos focos endometrióticos, que é muito baixa, mas não inexistente.
Endometriose é hereditária?
As exatas origens etiológicas da endometriose permanecem indefinidas pela medicina, porém, existem teorias bem aceitas atualmente, que buscam compreender o que desencadeia essa doença.
Alguns estudos sobre a herança familiar da endometriose, que buscam compreender a possÃvel hereditariedade, sugerem que fatores genéticos desempenham um papel na etiologia.
Então, até o momento, considera–se que a endometriose seja uma doença que inclui uma predisposição genética, porém não é obrigatoriamente hereditária.
A cirurgia é o único tratamento para endometriose?
Embora em muitos casos a conduta cirúrgica possa ser indicada na abordagem da endometriose, estes procedimentos podem ser mais prejudiciais do que auxiliares, especialmente quando se trata do tipo ovariano.
Os endometriomas, como são chamados os cistos ovarianos formados por endométrio ectópico, normalmente estão fortemente aderidos ao córtex ovariano, onde se encontra toda a reserva ovariana da mulher. Esse contato muito próximo pode dificultar a retirada do cisto e, nesses casos, a própria cirurgia pode representar um risco adicional à fertilidade.
A mesma lógica vale para as tubas uterinas, estruturas também delicadas, que se forem manipuladas de forma inadequada podem apresentar lesões e cicatrizes com potencial para obstruir as tubas.
Atualmente, a conduta expectante deve ser adotada sempre que possÃvel quando a mulher não apresenta sintomas álgicos intensos, nem dificuldades para engravidar, ou não está tentando ter filhos.
A cirurgia, realizada por videolaparoscopia, deve ser uma opção somente em casos especÃficos.
A endometriose tem cura?
A endometriose é uma doença inflamatória crônica e não possui tratamentos com capacidade de promover sua cura.
Contudo, atualmente a mulher com endometriose pode contar com tratamentos medicamentosos e cirúrgicos, que visam controlar os sintomas álgicos e também lidar com as possibilidades de infertilidade decorrente da doença, inclusive a reprodução assistida.
A escolha da melhor técnica de reprodução assistida – RSP (relação sexual programada), IA (inseminação artificial) e FIV (fertilização in vitro) – deve ser precedida de um diagnóstico preciso que identifique os locais onde estão aderidos os focos endometrióticos.
Nos casos de endometriose leve, especialmente com presença de infertilidade somente por anovulação, a IA pode ser indicada, contudo, a análise nesses casos é feita individualmente.
A FIV é a técnica mais adequada para a maior parte dos casos de endometriose, pois permite a coleta de gametas diretamente dos ovários e realiza a fecundação em laboratório, ideal para contornar problemas como obstrução tubária.
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